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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    08-jan-2010

    Tsui, Kyo wo yaburu!

    Bozu é o nome que se dá aos aprendizes de monges.
    Tem a rotina deles como a de qualquer outro. Como você, trabalham, estudam, fazem seus afazeres. E, o mais importante: oram lendo os sutras.
    No início, entram empolgados e acham tudo maravilhoso.
    O tempo vai passando e alguns começam a demonstrar o seu verdadeiro Eu. Falo, neste caso, daqueles que não compreenderam o verdadeiro significado dos sutras.
    Então começam a inventar desculpas como chegar atrasado e não fazer as coisas bem feitas.
    É o começo.

    Depois passam a fazer coisas piores.
    O mestre, percebendo a erva daninha que começa a se instalar no monge aprendiz pergunta:
    - Pequeno gafanhoto, por que não leu os sutras?
    O já pseudo monge (a esta altura do campeonato) tem uma resposta na ponta da língua:
    - Do ga yugande kyo ga yomenu.
    No Japão, os templos eram feitos de madeira, e com o passar dos anos o chão cedia e ficava um pouco torto.
    Traduzindo literalmente o "Do ga yugande kyo ga yomenu": Não li os sutras porque o chão está torto.
    Desculpas esfarrapadas como esta somos obrigados a ouvir daqueles que nunca fazem as coisas direito e até encontram tempo para fazer as coisas erradas.
    É o meio.

    Quem já não teve a empregada que sempre tem uma desculpa para não fazer a limpeza do jeito que a gente mandou. E aquele funcionário com "cara de peixe morto" que faz "corpo mole" durante o expediente. Ou aquele que vem todas as segundas feiras sempre com alguma desculpa porque chegou atrasado.
    Bem, mas a história não para aí.
    Chega-se a um ponto que não há como esconder. O pseudo monge já não tem mais conserto. Tem que sair. Se tornou herege.
    Sai. Ou é convidado a sair.
    Ao sair, tenta provar que nada fez de errado. Culpa o mestre, o templo, o sutra e, se não tiver o que culpar, inventa.
    E, num acesso de loucura e raiva, blasfema:
    - Tsui ,kyo wo yaburu!
    (Por fim, rasgo o sutra!)
    E rasga o sutra.
    É o final.

    Moral da história: faça as coisas direito para não se rebaixar ao desprezível "cuspir no prato em que comeu."
    Oremos por estas almas.
    Gasho. Mãos em prece...

    "Do ga yugande Kyo ga yomenu
    Tsui, Kyo wo yaburu!
    "

     




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