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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    19-mai-2011

    10° TBIK 3 - Samurais do Niten invadem Minas Gerais

    Esta reportagem foi escrita por um dos alunos jornalistas do Niten. Colocarei meus comentários à medida que se fizerem necessários.

    "No dia 14 de maio as montanhas Belo-Horizontinas foram tomadas por um exército de Samurais, vindos de todos os cantos do Brasil, e também da Argentina. A missão de todos era uma só: Colocar à prova a força de seus espíritos e treinamento nas artes antigas dos samurais, travando cada um o seu próprio “Duelo de Funajima”. Era matar ou morrer

    Aqui no Niten nós temos duas grandes guerras que todos os alunos devem ir. A que ocorre no 1° semestre, o Torneio Brasileiro Individual de Kobudo (TBIK), é você contra todos, como num duelo, por isso chamamos de Duelo de Funajima – Funajima é o nome da ilha na qual Musashi Sensei enfrentou o mais habilidoso adversário da época, Sasaki Kojiro, vencendo-o com o Tora Buri (o Bote do Tigre), golpe do 10° Katá do estilo Hyoho Niten Ichi Ryu, que praticamos.
    Neste torneio os samurais do Niten mostraram toda a habilidade e destreza em todas as armas. O Troféu Kobudo, que contempla diversas armas e modalidades, sagrou como campeão o guerreiro mais versátil nas mais diferentes armas.
    A 2° batalha, no segundo semestre, nós chamamos de Sekigahara: o Torneio Brasileiro por equipes de Kobudo (TBEK). Todos unidos representando um feudo ou Daymio vão à guerra.
    Não são necessários mais torneios durante o ano. Torneios mensais, bimestrais, apenas tomam tempo de pais, alunos, acompanhantes, além de vulgarizar e desvalorizar o sentido de um combate.


    "duelo de Funajima"


    "vindos de todos os cantos do Brasil"

    Quem esteve presente viu que cada duelo carregou a energia de uma batalha inteira. As novas regras para cada modalidade tornaram o espírito da disputa ainda mais próximo ao de um combate real: Nas modalidades de katas em dupla (Jô, kusarigama e jitte) os combatentes deveriam trocar de armas a cada duelo, não dando espaço para que se escondessem deficiências técnicas dos participantes.

    O samurai, guerreiro como era, devia conhecer a aplicação de várias armas para conseguir seus objetivos: defender seu castelo e proteger seu senhor. Para tanto o conhecimento de Jitte, Kusarigama, Jo, Naginata eram imprescindíveis pois, para cada situação, deveria saber usar a arma apropriada.


    Nota-se o Samurai ao centro com a Jitte


    Jitte Tessen (leque de ferro): armas do Samurai

    As mudanças mais radicais, no entanto, foram nas categorias mais avançadas do Iaijutsu, Kenjutsu e Kobudo. Na arte de desembainhar e cortar, além de sentir a verdadeira energia de combate em cada kata, os espectadores presenciaram algo inédito: o Tameshigiri, onde os competidores mostraram suas reais habilidades na execução de um corte. Assombroso para quem nunca viu: O Iai deixa de ser uma sequência de formas e vira uma técnica letal.

    O Iai nunca foi uma seqüência de formas. Aquele que era habilidoso em sacar a sua espada obtinha uma grande vantagem sobre aquele que desconhecia essas técnicas.
    O Tameshigiri foi um sucesso, pois vimos que em uma situação de stress, nem mesmo com uma espada afiada, nem sempre conseguimos atingir os objetivos. São necessários: autocontrole, técnica e vontade para ser vencedor na categoria Iaijutsu do Niten.


    "algo inédito: o Tameshigiri"








    "Assombroso"

    Já nos embates diretos (Kenjutsu e Kobudo), o destaque foram as semifinais, marcadas por duelos de melhor de três, nos quais, no segundo e terceiro combate, os competidores lutaram com armas e kamaes sorteados. A mudança colocou à prova a capacidade de improviso e adaptação de estratégia de cada um, e também o conhecimento dos guerreiro das diversas posturas e armas do Kobudo, qualidade tão valorizada por Miyamoto Musashi.

    Um guerreiro, seja de qual civilização for, está proibido de dar a desculpa de que utiliza somente tal arma ou tal Kamae (forma de lutar) perante seu adversário. É um especialista. Não um guerreiro.
    É o que pensava Musashi Sensei sobre essa versatilidade:
    “O verdadeiro conhecimento implica uma verdadeira liberdade, e qualquer preconceito em relação a uma arma ou a uma postura (Kamae) ou a qualquer coisa que seja, serve apenas para estorvar um homem ou colocar vendas em seus olhos: (nas palavras de Miyamoto Musashi): ‘Mas com as armas, bem como com outras coisas, você não deve fazer distinções ou ter preferências. É errado generais ou soldados terem preferências por uma coisa e desgostarem de outra.(..) Quando você arrisca sua vida, é bom que todas as armas possam ser usadas’.”


    Postura do Hidari Naname Chudan


    Defesa com a mão no dorso da lâmina


    Estocada com a espada menor

    Qualquer que tenha sido o resultado para cada um dos competidores, todos emergiram vitoriosos! Ao final do evento o Sensei destacou o crescimento do nível técnico do grupo ali reunido, e convidou aqueles que perderam seus combates a refletir sobre as pequenas nuances que foram cruciais para a vitória do adversário.

    Vimos lutas fantásticas, que vão ficar marcadas na memória de todos que estiveram lá.


    Myamoto Musashi em Nito Hidari Waki, uma das técnicas do Niten

    O evento foi especialmente coroado pelos 10 anos do Niten em Belo Horizonte, e pela hospitalidade do povo mineiro, que mais uma vez abriu as portas de suas casas para o Niten. Que venham mais 10 anos de vitórias, não importam as adversidades que o caminho apresente!

    O tempo urge e é incrível constatar que em uma das cidades mais importantes desse país, tão distante do Japão (Belo Horizonte), comemorou-se 10 anos de artes samurais em Belo Horizonte, através do Instituto Niten.
    Naquele dia fomos testemunhas de que, através de um trabalho sério, honesto e de coração chegamos aos objetivos traçados, superando a desonra, falta de caráter e ambição desenfreada.
    Meus aplausos aos samurais mineiros que, mantendo-se fiéis a seus princípios e ideais, proporcionaram o crescimento do Niten Belo Horizonte e a perpetuação das virtudes samurais.


    "fiéis a seus princípios e ideais"

    Por fim, as palavras do Sensei deram todo o tom do evento: Mais do que apenas preservar, o Niten é o único “local” no mundo que realmente resgata as artes antigas. E neste final de semana, foi o que fizeram estes guerreiros: cruzaram espadas, fizeram amigos, e resgataram mais um pouco deste legado, que nas mãos do Niten, nunca há de morrer."

    Para não alongar mais o Café de hoje, deixarei para falar sobre esse assunto noutra oportunidade.


    "legado que nas mãos do Niten nunca há de morrer"




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