Café com o Sensei Ir para o Conteúdo
imgcentral

Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




Retornar para últimas postagens

    07-fev-2014

    R2 e o Shinhagakure

    Matéria Publicada no Jornal Diário do Grande ABC - Domingo, 2 de fevereiro de 2014








    "Jorge Kishikawa nasceu em São Paulo, mas visita o Japão há mais de 25 anos. Lá, conviveu com os últimos samurais e tem em seu currículo mais de 40 anos de treinamento com a espada. É da décima geração do estilo de Miyamoto Musashi. De família japonesa, começou a se interessar pelos valores de lá muito cedo. Procurou por pessoas com obstinação e decidiu conviver com os mestres. “Vê-los realizando determinada tarefa com perfeição, tentando diversas vezes até conseguir, acaba contagiando. É aquela velha frase: ‘Diga-me com quem tu andas e te direi quem és’. Eu andei com esse tipo de pessoa”, explica.
    Kishikawa começou a conviver com os mestres aos 19 anos, quando realizou treinamento intensivo por quase um ano no Japão. Precisou trancar o curso de medicina para rodar com vários mestres e conhecer a personalidade de cada um. “Depois dos treinos, ficava acompanhando, tomava café, almoçava e ouvia as histórias que os pais e avós contavam para eles”, recorda. Segundo o sensei, com o convívio é que se aprende a sentar, olhar, comer, ouvir e falar de forma correta. 
    Apesar de os samurais não se comportarem como guerreiros desde 1868, Kishikawa é considerado um, não por guerrear, mas por seguir essa filosofia de vida em tempo integral. “Há alguns anos, deixei de trabalhar como médico para me dedicar integralmente à espada”.
    O Instituto Niten existe há mais de 20 anos e expandiu pelo simples fato de encontrar ‘loucos’ como ele, pessoas brilhantes que acreditam na filosofia e levam adiante o trabalho em outras cidades. “Sempre tive em mente que a minha vida é ir para frente, faça chuva ou sol. Não considero o que faço como trabalho. É minha paixão. As pessoas vêm até nós e, depois de passar por mim, não querem parar de treinar. Então, passam a praticar na própria cidade”.
     
     
     
    O trecho da matéria onde se lê: 
     
    ¨ Procurou por pessoas com obstinação e decidiu conviver com os mestres. “Vê-los realizando determinada tarefa com perfeição, tentando diversas vezes até conseguir, acaba contagiando. É aquela velha frase: ‘Diga-me com quem tu andas e te direi quem és’. Eu andei com esse tipo de pessoa”, explica.
    Kishikawa começou a conviver com os mestres aos 19 anos, quando realizou treinamento intensivo por quase um ano no Japão. Precisou trancar o curso de medicina para rodar com vários mestres e conhecer a personalidade de cada um. “Depois dos treinos, ficava acompanhando, tomava café, almoçava e ouvia as histórias que os pais e avós contavam para eles”, recorda. Segundo o sensei, com o convívio é que se aprende a sentar, olhar, comer, ouvir e falar de forma correta. ”
     
    Adquiri conhecimentos que hoje em dia já não se vêem, ouvem e nem se fazem mais. Nem aqui, nem lá no Japão. 
    Explico:

    - Aqui, porque os descendentes, longe de sua terra natal, não tinham acesso a este tipo de cultura. Ou seja, cresceram com ¨cara de japonês¨, mas no fundo eram como cidadãos que nunca tinham estado no Japão.

    - Lá no Japão, porque já após a 2ª guerra o Japão foi perdendo a sua identidade (por imposição americana) e os jovens (hoje senhores dos 60 e 70 anos) estavam mais interessados em absorver a cultura americana que preservar a nipônica.
     
    Então esse era o cenário: na década de 80 e 90 lá estava eu. Sozinho ¨remando contra a maré¨ em busca do passado, do jeito que está escrito na matéria.
    Passaram se alguns anos e o Niten crescendo, tive que escrever o Shin Hagakure, uma espécie de regulamento interno aos nossos alunos, pois unificar os pensamentos, sentimentos e atitudes era preciso. O Shin Hagakure, superando as nossas expectativas, foi bem recebido até pelo publico em geral. Gente que não treinava e leigos que nem conheciam a cultura japonesa me enviavam mensagens de agradecimento e alegria, simplesmente por ter sido transformados pelo livro.
    A surpresa veio agora, no mês passado, quando recebi uma mensagem do nosso nobre apoiador,  General Akira Obara para conversarmos sobre o Shin Hagakure.
    Para não alongar, vou resumir o que ele disse:
    ¨ Estive lendo o Shin Hagakure e vi que é um livro profundo no tocante a cultura militar. Na cultura militar, termos o R2- Continências e Honrarias, o regulamento onde está escrito como se portar quando acompanhado de superiores e inferiores, além da forma de conduzir um missão e outros assuntos. Vejo o Shin Hagakure como sendo um ¨R2¨ que vai a fundo nas atitudes e que todos nós, principalmente descendentes de japoneses e também militares deveríamos absorver.
    Meus parabéns, me espanto em saber que o Sensei consegue levar estes ensinamentos aos seus alunos, pois hoje em dia não deve ser nada fácil..."
     
     
    Sim. É profundo porque não foram apenas 25, como escrito na matéria, mas 30 anos.
    30 anos ao lado dos Últimos Samurais é quase uma vida inteira para se escrever em um livro.
    E, não. Não é nada fácil, mas a esta altura do campeonato, quando o mundo não pode mais me mudar, continuarei tentando eu, mudar o mundo...
     
       




    topo

    +55 11 94294-8956
    contato@niten.org.br