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Reportagens Especiais


Kendo Nippon - Bushido no Brasil

por Mídia - 17-out-2009

Reportagem publicada na Revista Kendo Nippon edição 2009-09

Contato com espírito de Bushido no Brasil



Mushashugyo dos membros de Campus Tsurukawa de Universidade Kokushikan

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Membros de campus Tsurukawa de Universidade Kokushikan viajaram para Brasil durante dias 20 de abril a 6 de maio numa programação de 17 dias e 16 noites. Diretor do Departamento de kendo do Campus, Sr.Kinji Baba recebeu convite do Sr.Jorge Kishikawa do Brasil, com amizade de muitos anos.

Sr. Kishikawa é fundador do Instituto Cultural Niten. Os estudantes sentiram no Brasil o espírito de Bushido dos kenshis locais.

Sr.Kinji Baba é um dos personalidades que vem esforçando para transmitir a Virtude (Toku) no dia a dia da educação. No Dojo Tsurukawa de Kokushikan realiza Zarei (rei sentado) para entrar, além de realizar antes e após o treino rei para shinai e bokuto via Tourei e Haiken. Preza bastante os passos e procedimentos tradicionais e no treino está introduzindo Katas de Koryu e Kumidachi uzando Bokuto. Vem tentando reviver espírito de samurais antigos, tomando como tema “conciliando a tradição com a modernização” assim visando formação de pessoas que possa melhor viver tempos de atualidades.

Uma das pessoas que recebeu ensinamento do Sr.Baba é o Sr.Jorge Kishikawa, residente no Brasil. Ele vem estudando Koryu do Japão e fundou há 16 anos atrás o Instituto Cultural Niten, que atualmente abriga mais de 800 membros em mais de 40 unidades na América do Sul treinando kendo, iaido, jodo e vários koryus. O fundamento espiritual do Sr.Kishikawa, com tanta vitalidade, também é bushido.

A convite do Sr.Kishikawa, Sr.Baba e 16 alunos viajaram para Brasil nesta primavera. Para os alunos isso significava um musyasyugyo de dimensão imensurável a ser executado no outro lado do mundo. Um destes alunos que estuda a “Virtude de Espada (Kentoku)” nos enviou uma reportagem com conteúdo muito profundo.

Fotos:
Nos locais de treino foram colocados banners com escritura de virtudes (Jin Gui Rei Chi Shin), além de kakejiku de Kashima Jingu, assim compondo um espaço único e adequado.

Sr. Jorge Kishikawa, fundador do Instituto Cultural Niten e seu mestre, Sr.Kinji Baba Foram confeccionadas posters parabenizando vinda do Sr.Baba

Sr.Baba recebeu prêmios de Congresso Nacional e Prefeitura de São Paulo pela sua atuação.

O exército brasileiro realizou formatura homenageando a vinda da comitiva japonesa. Uma celimônia improvisada que demonstra o entusiasmo do lado brasileiro.

Pessoal de Campus Tsurukawa da Kokushikan, na viagem de musyasyugyo para Brasil"

Impressões da Aluna Satomi Suzuki:

"SAMURAIS DO BRASIL"

Satomi Suzuki, 3º.Ano de Literatura da Universidade Kokushikan – Campus Tsurukawa


Neste shugyo no Brasil cada um dos alunos manteve a alta motivação desde apresentação no “Dia do Samurai” como em todas as atividades realizada no São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, além de Buenos Aires em Argentina. Acredito que foi realizada um intercâmbio no sentido mais amplo, não somente de Kendo, mas sim de comunicação com pessoas de idiomas diferentes aprimorando trocas culturais através da espada, isto dentro de gigantesco meio ambiente do Brasil.

No “Dia do Samurai” realizamo apresentações de Babaha Ittoryu Kumidachi, Hiryuken, Nito Kata, Koranken mais Keikos de Kihon. Ainda que foi num lugar não acostumado, acredito que conseguimos fazer o máximo em demonstrar os ensinamentos do Sensei Baba. Por outro lado, consegui ver na apresentação do lado brasileiro modalidades que não estamos estudando como Jitte, Kusarigama, Jojutsu, Iaijutsu, kenjutsu, Kumidachi, Niten Ichiryu, Kodachi, Naginata, assim podendo ver o Buguei Juuhappann (18 modalidades de artes marciais) a qual o verdadeiro samurai precisava conhecer. Era emocionate ver um dos alunos brasileiros que chegava a chorar ao ver a apresentação.

Nesta data houve comparecimento de Senador, prefeito da cidade de São Paulo e Vice-Consul do Japão. Baba Sensei foi condecorado pelo Congresso e Município de São Paulo pelo trabalho de 20 anos no Brasil. Fiquei admirada mais uma vez do baba Sensei por difundir sobre Samurai do Japão no Brasil. Esforçarei para corresponder a honra de ser aluna do Baba Sensei e aproximar cada vez mais de ser um samurai.

Nos shiais e treinos conjunto com pessoal do Niten, conheci técnicas na qual parecia estar lutando com espada real, além de muitos golpes com força e golpes de kenjutsu, na qual era muito difícil saber como fazer para enfrentar. Além de chudam e jodan, eles usavam guedan, hasso, wakigamae e além de itto e nito havia kodachi, naguinata e kusarigama, de forma desenvolvida livremente a partir de treinos de kodachi. Como só tenho experência de chudam no treino com bogu, quase que fui dominado pelo kendo deles, mas o treino de “Wazamae” do Bbaha Ittoryu ajudou a enfrentar os brasileiros.

Comparando kendo do Brasil e Japão, os brasileiros possuem capacidade física superior aos japoneses, treinando diariamente nos dojos com chão de asfalto ou até nas praias, assim possuindo base (ashi-koshi) bastante desenvolvido. Para enfrentar oponente com maior força, tentei lutar kendo com maior suavidade. Os brasileiros respeitavam muito o Dojô, realizando com cuidado Rei de entrada e saída além da limpeza. No Rio de Janeiro houve um aluno elogiado pelo Baba Sensei. Ele realizava limpeza do Dojo e treinava ao mesmo temo, em que primeiro ele corria para pegar uma distância e logo em seguida fazia limpeza deste local. Sensei Baba disse que foi o fato que mais se impressionou nessa viagem e presenteou este aluno com seu shinai. O aluno ficou bastante emocionado e agradeceu muitas vezes o Baba Sensei. Baba Sensei não deixou escapar um shugyo de uma aluno que ele mesmo realizava despretenciosamente. Acredito que recever reconhecimento desta forma é muito gratificante, e por outro lado vi como eu estava desleixada em relação a este aluno.

Além dos treinos do dia a dia, foram oferecidas muitas atividades de lazer. Montar a cavalo foi mais impressionate para mim. O dono da fazenda que é descendente do bandeirante explicou fatos históricos como desbravamento de planaltos e lutas com índios, defesa dos portugueses contra espanhóis, a introdução de cana-de açúcar há 400 anos atrás e ciclo de café nos anos de 1800. Cavalo que montei era manso mas muito grande, queria parar toda hora e ficar comendo gramas. Só de estar sentado fiquei com dor. Pensei em como samurais do antigamente tinha físico robusto e flexível para agüentar o peso de armadura e espada e correr com cavalo durante as batalhas. Eu mesmo tinha muito medo de descer uma ladeira bem suave, nem consigo penar em Yoshitsune descendo precipício abaixo durante a batalha.

Kendo hoje é divulgado mundialmente, e está nascendo várias formas de Kendo segundo a particularidade de cada povo. Kendo do Japão está recebendo efeito de simplificação desde Rei, passos e procedimentos, forma de colocar a espada no obi, sagueo, e será que não está havendo algum tipo de acomodação por exemplo ao mudar Kendokata esquecendo das sabedorias transmitidas pelos ancestrais? Retirar os excessos é importante, mas na essência do samurai existe 300 reis, 3000 fundamentos e 18 modalidades, e durante dias de hoje está sendo respeitado ao menos a décima parte disso? Tendo em vista o fato acho que o Bushido está vivo mesmo é no Brasil.

Acho difícil ver no kendo japonês atual espírito de iniciar e terminar no Rei, forma respeitável de se portar, valores como Jin Gui Rei Chi Shin. Os valores como compaixão e rei não são possíveis de serem adquiridos apenas por meio de confrontos com bogu.

Ficando acomodados só por ser país de origem, Japão não poderá vencer kendo de outros países. Aliás, no campeonato mundial já deixyou de vencer, e mesmo a nível de estudantes vem havendo derrotas. Talvez estamos sendo um samurai só de forma, sem conteúdo.

O fato de treinar kendo num lugar onde se fala língua diferente foi uma experiência inédita e foi uma oportunidade única no sentido de repensar sobre como treinar o kendo. Com os ensinamentos adquiridos, gostaria de respeitar a história e cultura, introduzir bons ensinamentos mas mantendo a tradição, assim tornando uma pessoa com personalidade, conhecimento e capacidade suficiente para transmitir esta cultura do Japão.

Por fim gostaria de registrar grandes agradecimentos a Baba Sensei e Sensei Jorge Kishikawa pela oportunidade única de encontro no Brasil. "

"NÃO QUEREMOS PERDEDORES"

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"Não existe futuro no meio do kendo, onde se valoriza somente as disputas vencer ou perder. Deve-se buscar um método que transmita as virtudes e que aprimore o potencial do indivíduo como um todo para que todos os praticantes de kendo sejam vencedores."

Budo passível de ser chamado de Budo

"Judô é 100% esporte. Iai, 100% budo. Kendo atual tem 80% de esporte e 20% de budo"

Na edição anterior apresentei parte de atividades do Sr.Jorge Kishikawa seguindo espírito de Bushido. Nesta edição foi colocada a impressão do aluno referente a musya-shugyo no Brasil. Então vou escrever sobre atividades no Brasil que não foram relatadas ainda nestas matérias.

“Kendo “ do Sr.Kishikawa apresentado pelo Instituto Niten tem características bastante marciais (Bujutsu), e além de Kodachi e Nito, frequentemente realiza treinos intermodais com Naguinata, Jô e Kusarigama. Utiliza-se vários kamaes, que além de chudan e jodan tem guedan, wakigamae, hasso – assim ampliando horizontes de golpes. A reportagem da aluna mostra o espantop ao ver este tipo de kendo e o fato de treinar o Wazamae (antes do golpe) para enfrentar a situação – o que mostra o crescimento desta aluna ao ampliar o escopo de visão sobre o tema.

Por outro lado, houve unicamente um tipo de waza que não concordei. Ou seja, no momento de tsubazeriai, fazian se soetetsuki. Parecia estar imaginando Soeteguiri do Iai, mas na prática muitas vezes acabava por segurar a parte da lâmina do shinai. Com isto, golpe saía como se fosse segurando um bastão, causando efeitos negativos para o oponente.

Respeito as atividades do Sr.Kishikawa, mas somente sobre este golpe fiz seguinte reclamação : “ Treino de Kendo precisa ser realizado dentro de respeito mútuo entre oponentes, se não, não vai nascer resultados bons. Este tsuki vai criar rancores. Kendo vem sendo divulgado no mundo interito, mas este tipo de golpe não será bem aceito mundialmente e pelo menos no Japão não será admitido. Por causa deste único tipo de golpe pode sujar o nome do Instituto Niten. Assim, este é um tipo de golpe na qual não há valor para ficar apegado. Se for para treinar tsubaseriai, poderá aprofundar mais no hikiwaza.”

Sr.Kishikawa demonstrou a concordância. Se bem que houve parcialmente técnica violenta, em termos gerais Niten tem estilo do budo que coloca o Rei no seu fundamento.

Voltemos ao Japão. Dentre muitas modalidades, quantos são aqueles que podem ser realmente chamado de Budo? O que coloco agora é apenas impressão pessoal, mas digo que judô é 100% esporte, kendo seria 80% esporte e 20% budo. Dentre modalidades, acredito que Iai é 100% budo. Sou diretor do Departamento de Iaido da Universidade Kokushikan, ainda que apenas nominalmente pois Shihan(professor) em si é convidado da outra instituição e eu mesmo não faço nenhuma interferência. Alunos do Departamento de Iai está treinando o Tamiyaryu e no 6º.Torneio de Novos Estudantes do Leste Japonês os alunos Takahashi e Kobayashi foram dividir o 1º. e 2º.lugar. Tendo em vista que as outras escolas predominantemente treinavam Musoshindenryu, este resultado se mostra ainda mais importante. O aluno Takahashi foi bastante elogiado pelo Shihan pelo fato de realizar Iai com espada pesada.

Impressionei com vários fatos neste Torneio. Um destes foi a forma serena com que staff do Torneio avançavam na programação. Nos Shiais também os mínimos passos venham sendo realizados segundo critérios pré-determinados. No Iai é muito importante cada um dos passos, estes que não são exatamente valorizados no Kendo onde a vitória ou derrota depende de golpe. Os alunos participantes do torneio seguiam de forma exemplar estes passos, vitais para Iai. Outra coisa notável foi que o ambiente manteve-se sereno durante todo o torneio, sem gritos e até sem palmas, mostrando a compaixão em relação aos que não venceram.

Realizar com seriedade e com conteúdo cada um dos passos de rei – é a diferença que vi no Iai, fazendo com que este seja mais budo do que Judô e Kendo."



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