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É sabido que quando falamos em espada japonesa, a katana, temos a idéia do corte.
-Ela corta? Tem fio?
Devemos nos lembrar, entretanto, que ela também perfura. Estocada ou "tsuki", como é denominado em japonês.
No combate com proteção, o alvo se concentra na garganta, principalmente.
Trata-se de um golpe potencialmente fatal, numa região potencialmente delicada, e mesmo com o uso de proteção, se feito com força, pode acarretar danos irreparáveis nos seus praticantes. Principalmente, hérnia de disco na região cervical. Lembro-me de um caso publicado há quase 30 anos na revista Kendo Jidai, no qual um dos praticantes desferiu um "tsuki" e o seu companheiro, atingido, desmaiou. Foi a óbito e foi constatado na época que havia ocasionado hemorragia interna, por lesão de artéria.
Ao longo de quase 40 anos na espada, vi muitos mestres de kendo (senão a maioria) sofrerem de hérnia cervical, com dores na nuca constantes, formigamentos nos braços e nas mãos e até paresias*. Em kendo, há necessidade de estocar o suficiente para que o oponente sinta um solavanco para trás. Se isto não ocorrer, não vira ippon*, um ponto.
Na minha opinião, estudando os vários estilos antigos* e refletindo bastante sobre o assunto, cheguei a conclusão de que não há necessidade de estocarmos a ponto de deslocar o oponente para trás nem por 1 milimetro. O simples fato de tocar a garganta já é o suficiente. Tocar...
Estamos falando de combate com espada, e não um pedaço de pau.
A katana tem o poder de perfurar pelo menos 3 cm quando executado a menor pressão. 3 cm em qualquer parte do corpo, convenhamos, acaba com qualquer um.
Por isto, em KENJUTSU, temos dois motivos para somente tocar o oponente no "tsuki' :
A primeira, a mais óbvia, que se trata de uma katana, cuja lâmina é tão afiada quanto a de um bisturi. Ela penetra por si própria.
A segunda, pela segurança . Evita-se lesões irreparáveis.
O terceiro é kuden # ( 13 de junho - Kuden )