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Hoje, no findar do mês de agosto, e para muitos o começo pra valer do segundo semestre, exponho a vocês uma historieta de um aluno pelo qual tenho grande admiração.
É o sr Brum, pai do nosso coordenador Brum, do Rio de Janeiro.
Humilde e atento às minhas palavras e pensamentos, o sr Brum é hoje 6° kyu de jojutsu.
"Havia uma estória.Um Mestre e um discípulo. Eles treinavam cedo pela manhã. O Mestre dizia: ' É melhor para a mente e para o corpo. Sons dos passarinhos, frescor do vento e a luminosidade da manhã facilitando o entrosamento com si mesmo, o ritmo, o treinamento'. Ao que o discípulo insistentemente perguntava. 'A família, dificuldades a vida???' O Mestre respondia: 'A energia manipulada durante o treinamento é que me garante sobrevivência e proteção. Com ela não há fatalidades só continuação.
VAMOS TREINAR!!!' "
Então, vamos.
Pare de se desculpar. Estudos, trabalho, falta de dinheiro, falta de tempo.
Nada disso, pois eu sei que em alguma besteira você gasta o seu tempo e o seu dinheiro.
Estava lendo um livro que dizia sobre estratégia e hoje tive uma percepção que não havia sentido antes.
O combate mais célebre do Japão, entre Musashi Sensei e Sasaki Kojiro se deu na ilha de Ganryujima, hoje mais conhecido como Funajima.
Dizia que Sasaki Kojiro utilizou uma espada de aproximadamente 5 shaku*, ou seja, 150 cm!
Ja cheguei a ver uma réplica desta quando visitei o castelo de Kumamoto, mas só depois que associei ao JO* de Muso Gonosuke* , me caiu a ficha.
Acredito que todos aqueles que praticam o jo devem entender melhor o quão comprida (e difícil?) era a espada de Kojiro.
É. Ler e ver não bastam. É preciso vivenciá-la para cair a ficha...
Ontem foi dia de jiyuugeko no kenjutsu. Uma iniciativa do coordenador Wenzel em fazer todos de SP suar em um treinamento, como o próprio nome diz, "treino livre".
Você escolhe com quem quer lutar e pode lutar o quanto tempo quiser. Se quiser, pode ficar as 2 horas só com o seu colega até o fim.
Alguém me disse que o coordenador Akira, que foi o responsável ontem pelo jiyuugeiko, estava resfriado, e orientaram-no a não colocar o equipamento de proteção e só monitorar o treinamento, pois poderia ficar cansado.
Ledo engano.
Se não treinar é que se cansa mais.
Antigamente, sacar a espada poderia definir a vida ou a morte do samurai.
Sacar com velocidade, agilidade e precisão eram fundamentais no dia a dia. A isto se denominou IAI.
Os inimigos, que atacavam sem hora e local marcados, poderiam ser um, dois ou mais.
Desembainhar devagar para depois finalizar com rapidez eram circunstâncias díficeis de acontecer.
Temos de ser ágeis e velozes para sacar a espada (IAI) antes de se começar a pensar em usar a estratégia no combate.
Hoje, a situação não é tão diferente.
Se demorar a sacar, morrerás.
Hoje aqui na administração era dia de macarrão.
-Sorte minha, que vim de vermelho! - falei a nossa cozinheira.
Na verdade, por mais que eu me concentre, não consigo comer o macarrão sem derramar um pingo do molho sugo.
Quando vou ao restaurante, quando se trata de macarrão ao sugo, tenho comigo sempre um babador.
Bem como evito sentar-me a mesa de kimono* para almoçar ou beber.
O bom senso diz que devemos usar as roupas apropriadas para cada momento.
Obviamente que, salvo raras exceções, temos de, por exemplo, no meio de um evento, fazer refeições com o kimono.
O que me deixa estupefato é saber de um japonês já de cabelos brancos que faz questão de ir aos restaurantes de kimono , hakama* , dô* e tarê* para almoçar!
Para que se "fantasiar de samurai" na praia e ir aos restaurantes? Nem vai dar para comer direito, pois a roupa é pesada e é apertada para o treinamento...
Meu caro, o dô e tarê, símbolos da armadura do samurai, devem ser tratados com zêlo e respeito. Para tanto oriento aos meus alunos que, ao guardarem, devem colocar a parte interna para fora, para que não manchem a parte externa, ou seja, a parte que ficará visível quando formos treinar.
Agora, fazer questão de desfilar e almoçar com dô e tarê???!
Faça-me o favor, está pensando que assim vai intimidar os traficantes lá do morro?
magine você num templo zen fazendo a sua meditação.
Compenetrado, posição em lótus e atento a sua respiração.
De repente, você abre os olhos e percebe que o seu colega ao lado não está.
Duas reações podem ocorrer:
1a você entrar em desespero e sair perguntando por que o seu colega se foi
2a você manter o seu foco e continuar a sua meditação
A primeira: preguiça, cansaço, falta de comida no templo, briga com os companheiros, ou com o cachorro do monge, desentendimento com o monge responsável, paixonite aguda, desequilíbrio mental, dificuldade para sentar em lótus, espionagem e muitas possibilidades inimagináveis (e até absurdas) que fazem os colegas saírem. Alguns somem para sempre, outros, impertinentes, continuam a cutucar por trás de suas costas atrapalhando a sua concentração.
Antigamente, estes "meninos de cabeça raspada" jogavam pedrinhas para atrapalhar os outros em meditação.
Não, não caia na armadilha. Mantenha o seu foco. Na sua respiração.
Da mesma forma que na meditação zen o que importa é se VOCÊ está presente, assim também é no Caminho.
Como diria a minha grande amiga, monja Coen:
- E de que importa os outros? O importante é VOCÊ estar.
Chega de falar.
Mokussoo*.....
Não deu tempo de mostrar ontem o kanji de "Lealdade" e por este motivo
aqui te mostro:
Lê-se: tyugui (chugi)
Lealdade pode se pronunicar também : tyujitsu ou tyusestsu
O ideograma "tyu", vêm de sincero, sentimento verdadeiro
E "gi" vem de bom, correto
Ou seja, o caminho a ser seguido por todo indivíduo de virtude correta
em relação ao seu senhor, sem dualismos no seu sentimento.
É a Lealdade.
Recebi este email estes dias:
"Sensei, konichiwa* yoroshiku onegai shimasu*
Queria agradecer o sensei pelos Cafés dedicados a Lealdade ( Lealdade - 07 de agosto ). Eles me foram muito úteis nestes dias", motivo pelo qual me motivei a falar um pouquinho mais no Café de hoje. Palavra que em tese se perdeu com a hipervalorização do ego, mas considerada sublime em todos os tempos e civilizações.
Então vamos lá:
"Lula NÃO é o nosso presidente. Ele ESTÁ presidente.
São nos momentos difíceis que a Lealdade é colocada a prova.
A Lealdade não é em relação ao seu sempai* ou ao seu grupo.
Mantenha o foco e não deixe que assuntos mundanos e administrativos ofusquem o Caminho.
Assim sendo:
Os sempais NÃO são coordenadores nem monitores
Eles "estão" coordenadores, ou professores como queira dizer lá fora, enquanto representarem bem o seu sensei* e ao grupo ao qual pertencem.
No Caminho, a Lealdade é com o mestre".
Simples.
*konichiwa= boa tarde
*yoroshiku onegai shimasu= com licença
*sempai= veterano; no Instituto Niten alguns estão na condição de coordenadores e monitores
*sensei= mestre
Enquanto muitos adolescentes varam a madrugada e perdem tempo escrevendo bobagens em seus diários na internet , afoitos para mostrar fotos e sentimentos, outros não perdem tempo, como este aqui que abdicou das suas férias escolares para ficar comigo no mês de julho:
"Afinal de contas despertei para algo novo, é manhã ainda, ou melhor, ritmo de shugyô*: o sol ainda nem nasceu, se me dão licença, vou limpar o jardim e ir treinar."
E você, o que vai fazer? Vai correr ou ficar perdendo tempo? Decida logo, porque antes de terminar de ler estas linhas, já será noite...
Pois é, falando ainda sobre os adolescentes que sentem a necessidade de expôr as suas vidas e amigos para todos, ficando vulneráveis a ação de seqüestradores, gente de má fé ou aliciadores, lembro-me do caso de uma menina que sofria de depressão e colocava os seus sentimentos no seu blog.
Para quê!
Gente de má fé (suas próprias colegas) escreviam para ela e incitavam a cometer o suicidio. E, pasme! Ela se suicidou!
E quem são os assassinos? Suas amigas? Assassinato via internet? Só se for no Second Life. Mas não. Foi na vida real.
Meu querido, minha querida. A vida é perigosa. Tem muita gente de má fé...
"Adolescentes filhinhos de papais são diariamente devorados por traficantes e oportunistas de má-fé." - Shin Hagakure pag 86
A vida é perigosa. Não brinque...
satsujin = assassinato