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E então, meu caro(a). Refletiu? (30out - Vídeo de Obstinado)
Então é o seguinte. Este vídeo me fez lembrar de um certo mestre, lá no Japão, que passou por décadas e décadas e felizmente conseguiu todos os seus objetivos: a graduação máxima. O tal do "máximo dan". O final do caminho.
Dizia ele que, se dependesse de todas as taxas de inscrição a que fora reprovado, teria comprado uma casa para si e para a família.
- Uma casa! - me "caiu a ficha".
Casas e mais casas...
É obstinação demais para mim. Correr atrás de uma graduação. Eu, que percorri este e outros caminhos, entendo o que acontece. No começo, todo mundo passa. Mas depois, lá no final, como que num processo de afunilamento, só 1 em 100 é aprovado. Os outros 99 vão voltar chorando para casa.
É... Eu já lhe disse ontem que cada um faz o que quer nos últimos anos de sua vida.
Quanto a mim, não vou fazer isto comigo. Ainda mais nos meus últimos anos da minha vida.
Vou é curtir a minha família, os meus filhos, os meus netos (lá mais para a frente, espero) e, é claro, continuar com os meus treinos para a minha saúde. A minha mente. O meu espírito. Nada de pressa, ambição, nem ansiedade. Só a paz do espírito com o Verdadeiro Caminho...
Ah! E também, acertar só o que eu tiver certeza do que vou receber.
A família agradece!
Acabei de receber este email de meu aluno:
"Ohayo gozaimasu, sensei,
Confesso que pensei muito antes de escrever este e-mail, acabo de ser jogado contra um canteiro perto da antiga rodoviária. Após o acidente, fui cercado por um monte de trombadinhas, que acabaram levando meu bogu e minha guitarra. Menos de um mês atrás, meu estúdio foi invadido enquanto eu tocava, e me levaram boa parte do equipamento, parte disso ainda não pude recuperar.
Queria saber o que os mestres, o caminho, o Sensei, enfim, tudo isso à que estamos ligados indica fazer quando não há mais esperança.
Peço desculpas por incomodar com este assunto,
mas... não sei, não tenho muito a que recorrer.
domo arigato gozaimashita pela atenção.
Sayonara "
Ao que respondi:
Também já fui assaltado. Estava com o Yoshi quando este ainda tinha 2 anos.
Era num domingo à tarde. Tranqüilo com aquele por do sol digno daquele cartão postal... lá na Av. Paulista em frente ao Shopping Paulista. Estava com ele no colo e fui surpreendido pelo bandido que sacou de uma peixeira de 30 cm e encostou nas costas do Yoshi. Imediatamente barrei com a minha mão.
Nos tempos de outrora botei para correr, lá na Liberdade, dois marginais que tentavam abrir a porta da minha antiga Blazer.
Mas desta vez, não reagi. Ele imediatamente arrancou o meu celular preso à cintura e saiu com a maior tranqüilidade. Todos viram e ninguém fez nada.
Isto é Brasil.
Naquele momento, senti indignação.
Depois, refleti.
O erro foi meu. Como um estrategista deixaria o celular (quase de última geração), e ainda com uma criança ao colo, em sua cintura? Em plena Av. Paulista?
Sim, estava distraído. Estava feliz. Mas estava distraido.
Na guerra, uma distração pode ser fatal.
Foi o que aconteceu com você.
Felizmente nem eu, nem Yoshi saímos feridos.
Felizmente você não saiu ferido.
Os deuses nos deram um aviso:
"Não reaja e não dê bandeira."
Estratégia a todo momento
Sensei
Tudo bem, não precisa derrubar (ou arremessar) o adversário no combate, se ele é idoso, se é uma mulher, ou uma criança.
O ideal é que você já tenha superado tecnicamente a ponto de não precisar fazer esta estratégia, caso entre em combate com um desses adversários. Isto nos tempos atuais, porque antigamente, caso
vacilasse, pagaria com a vida, como o caso do samurai Arima Kihei, vencido por Musashi sensei, quando este tinha os seus 13 anos.
Lembro-me nos tempos de kendo, quando o público feminino ainda inexistia. As poucas mulheres saíam machucadas de todos os treinos. Num
torneio então, nem se fala. Alguns lutadores, que eram inclusive brutamontes do judô, quando ficavam em desvantagem, partiam com tudo para cima deixando-as com hematomas e contusões.
Os juízes devem identificar imediatamente este tipo de atitude e anunciar;
- Falta por excesso de força! - e pôr fim à brutalidade.
Que nada tem a ver com a espada.
Aquele dia o sol estava de rachar...
Se você estiver lutando contra um oponente que utiliza a espada curta (shotô), procure ficar bem esperto.
Porque apesar dele utilizar uma arma pequena numa das mãos, ele tem na outra uma que é invisível.
Neste Torneio do Rio (14out - Guerreiros e Cavalheiros), alguns samurais tombaram quando cruzaram com a espada curta.
Um excelente treino para melhorar e conhecer a espada menor é o treinamento com o jitte.
Para não ser pego.
Não é só com espadas que se flexiona os joelhos.
Outras armas como o Bo (bastão longo) também requerem o preparo físico e coordenação das pernas.
No vídeo que te mostro hoje, você poderá conferir.
Escrevi, no Café de sexta (17out - Não é coreografia. É combate.) que:
"Musashi Sensei condenava os estilos que se preocupavam demais com a postura ereta, flexionar os joelhos ou se apegar a detalhes de como fazer uma postura (kamae) 'correta'".
Não fui claro.
O que eu quis dizer é que flexionar os joelhos faz parte de um combate com a espada. Estilos renomados como o Niten Ichi Ryu, Suiyo Ryu ou o Katori Shinto Ryu tem nos seus vários katas a flexão dos joelhos.
Aquele que sabe utilizar esta técnica amplia o seu leque de opções para o ataque ao adversário, como no vídeo em que o Brum acerta o "utigote".