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Estou falando ultimamente de polícia, de assalto e assuntos que, infelizmente, tem a ver com o nosso cotidiano.
Assaltar significa roubar, atacar, subtrair, tirar...
Fui educado desde a infância a não reagir jamais a um assalto. Tenho tentado seguir a risca este preceito.
Na adolescência, quando ainda tinha uma abertura boa para chegar perto de uma cesta de basquete, fiquei chocado com um mestre coreano de taekwondo, dono de farmácia, com os seus 40 e poucos anos. Aqui em SP. No assalto à farmácia do amigo dele, reagiu e bateu nos dois assaltantes com os golpes de taekwondo. Ok. Passaram-se duas semanas, se não me engano, os dois vieram, só que desta vez, assaltar a sua farmácia. Ok. Reagiu e levou um tiro. Mesmo assim, o grande mestre, com a sua coragem, bateu nos dois novamente. E morreu a caminho do hospital.
...
Se você estiver na condição de assaltado, esqueça a sua faixa preta ou seja lá o que for.
Estrategicamente falando, você já perdeu. Já deveria ter ganho antes...
Nenhum samurai se "meteria a besta" de reagir, com uma lâmina no seu pescoço.
O assunto do almoço aqui hoje foi a demonstração que o Niten vai fazer na Acadepol* nos próximos dias.
Quem vai demonstrar, o que vai ser feito, onde vai ser e tudo o que for necessário para que saia dentro dos conformes.
Serão demonstradas técnicas de defesa pessoal que os antigos samurais já utilizavam e que estão presentes no kobudô, nas técnicas de kenjutsu, iaijutsu, jojutsu, jitte e outras armas.
Será a nossa segunda presença lá.
A primeira foi em 2005, na ocasião da vinda do mestre Kaminoda, quando ministramos o curso "Técnicas Policiais de Armas não Letais".
Desta vez, será diferente.
Vamos ter novidades...
E então, meu caro(a). Refletiu? (30out - Vídeo de Obstinado)
Então é o seguinte. Este vídeo me fez lembrar de um certo mestre, lá no Japão, que passou por décadas e décadas e felizmente conseguiu todos os seus objetivos: a graduação máxima. O tal do "máximo dan". O final do caminho.
Dizia ele que, se dependesse de todas as taxas de inscrição a que fora reprovado, teria comprado uma casa para si e para a família.
- Uma casa! - me "caiu a ficha".
Casas e mais casas...
É obstinação demais para mim. Correr atrás de uma graduação. Eu, que percorri este e outros caminhos, entendo o que acontece. No começo, todo mundo passa. Mas depois, lá no final, como que num processo de afunilamento, só 1 em 100 é aprovado. Os outros 99 vão voltar chorando para casa.
É... Eu já lhe disse ontem que cada um faz o que quer nos últimos anos de sua vida.
Quanto a mim, não vou fazer isto comigo. Ainda mais nos meus últimos anos da minha vida.
Vou é curtir a minha família, os meus filhos, os meus netos (lá mais para a frente, espero) e, é claro, continuar com os meus treinos para a minha saúde. A minha mente. O meu espírito. Nada de pressa, ambição, nem ansiedade. Só a paz do espírito com o Verdadeiro Caminho...
Ah! E também, acertar só o que eu tiver certeza do que vou receber.
A família agradece!
Acabei de receber este email de meu aluno:
"Ohayo gozaimasu, sensei,
Confesso que pensei muito antes de escrever este e-mail, acabo de ser jogado contra um canteiro perto da antiga rodoviária. Após o acidente, fui cercado por um monte de trombadinhas, que acabaram levando meu bogu e minha guitarra. Menos de um mês atrás, meu estúdio foi invadido enquanto eu tocava, e me levaram boa parte do equipamento, parte disso ainda não pude recuperar.
Queria saber o que os mestres, o caminho, o Sensei, enfim, tudo isso à que estamos ligados indica fazer quando não há mais esperança.
Peço desculpas por incomodar com este assunto,
mas... não sei, não tenho muito a que recorrer.
domo arigato gozaimashita pela atenção.
Sayonara "
Ao que respondi:
Também já fui assaltado. Estava com o Yoshi quando este ainda tinha 2 anos.
Era num domingo à tarde. Tranqüilo com aquele por do sol digno daquele cartão postal... lá na Av. Paulista em frente ao Shopping Paulista. Estava com ele no colo e fui surpreendido pelo bandido que sacou de uma peixeira de 30 cm e encostou nas costas do Yoshi. Imediatamente barrei com a minha mão.
Nos tempos de outrora botei para correr, lá na Liberdade, dois marginais que tentavam abrir a porta da minha antiga Blazer.
Mas desta vez, não reagi. Ele imediatamente arrancou o meu celular preso à cintura e saiu com a maior tranqüilidade. Todos viram e ninguém fez nada.
Isto é Brasil.
Naquele momento, senti indignação.
Depois, refleti.
O erro foi meu. Como um estrategista deixaria o celular (quase de última geração), e ainda com uma criança ao colo, em sua cintura? Em plena Av. Paulista?
Sim, estava distraído. Estava feliz. Mas estava distraido.
Na guerra, uma distração pode ser fatal.
Foi o que aconteceu com você.
Felizmente nem eu, nem Yoshi saímos feridos.
Felizmente você não saiu ferido.
Os deuses nos deram um aviso:
"Não reaja e não dê bandeira."
Estratégia a todo momento
Sensei
Tudo bem, não precisa derrubar (ou arremessar) o adversário no combate, se ele é idoso, se é uma mulher, ou uma criança.
O ideal é que você já tenha superado tecnicamente a ponto de não precisar fazer esta estratégia, caso entre em combate com um desses adversários. Isto nos tempos atuais, porque antigamente, caso
vacilasse, pagaria com a vida, como o caso do samurai Arima Kihei, vencido por Musashi sensei, quando este tinha os seus 13 anos.
Lembro-me nos tempos de kendo, quando o público feminino ainda inexistia. As poucas mulheres saíam machucadas de todos os treinos. Num
torneio então, nem se fala. Alguns lutadores, que eram inclusive brutamontes do judô, quando ficavam em desvantagem, partiam com tudo para cima deixando-as com hematomas e contusões.
Os juízes devem identificar imediatamente este tipo de atitude e anunciar;
- Falta por excesso de força! - e pôr fim à brutalidade.
Que nada tem a ver com a espada.