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Um aluno me enviou estas palavras depois ler o Café do dia 05 de janeiro (05jan - Perguntas Importantes):
"Sensei, andei pensando e eu me lembro bem do que eu vim procurar no Niten. Lembro do primeiro dia que eu fui ao treino também. Mas não achei que fosse encontrar isso da maneira como eu achei, eu só simplesmente achei...
Vim treinar porque não existia equilíbrio entre a minha espada e a pena. Esta última era muito mais forte, dominante e determinante na minha vida. Tudo seria resolvido pela lógica impecável, e todos cederiam aos argumentos bem lançados e encadeados, todos reconhecem e aceitam a oratória forte e coerente. Mas isso está longe de ser a verdade.
Sempre existirão aqueles que podem saber que perderam no campo das idéias, mas que continuam a se negar a aceitar a derrota, e buscarão, por todos os meios possíveis, burlar e impedir que o certo e justo prevaleçam nas relações humanas.
Nessas horas, somente a espada, empunhada para defender a pena, pode ser vencedora. Nada mais. Não é hora de pedir favores, não é hora de esperar ajuda divina. Chega a hora de ir à guerra, e na guerra, a ideologia não vence batalhas, somente a espada.
Eu vim ao Niten para aprender isso, para aprender a ir à guerra quando for necessário, para nunca deixar que ninguém me empurre para fora do círculo, e para que, quando chegar a hora, eu possa lutar por quem não pode fazer isso com as próprias forças.
E descobri que eu posso fazer isso fazendo o Light Exercise. Porque ali, quando o exercício termina, nada mais existe, seu corpo acabou, está exausto, aquela batalha acabou, mas a guerra ainda não. Só o espírito, a pura vontade e determinação,continua te empurrando pra frente. O rugido do último men é o rugido do homem que não se deixa derrotar pelas dificuldades do corpo, de quem se entrega em cada luta e vai até o limite, senão além, e se recusa a desistir no final.
Sensei, eu vim para o Niten aprender a fazer a guerra para defender todos aqueles ideais e princípios que me guiam nos tempos de paz.
Por isso Sensei, que eu gostei tanto da parte final do email de ano novo do Sensei, "e que venha a guerra!"
Domo arigatô gozaimashitá Sensei, por mais coisas do que se pode dizer ou escrever!"
Falei sobre jardim ontem (14jan - Kokoro Kara)
Acho oportuno deixar esta foto e estas palavras:
"LIMPAR O JARDIM
Já disse que a primeira tarefa que o aluno deve fazer é a limpeza.
Para aprenderem que os afazeres de pouca importância devem ser levados a sério.
Para que não comecem a crescer ervas daninhas no jardim do espírito.
É nesse momento, quando existe uma brecha ao inimigo, que o castelo cai em ruína." - Shin Hagakure, pag 118
"Kokoro kara" quer dizer, "de coração". Que vem "do coração".
Não fazer, simplesmente, por fazer ou por obrigação. Ou porque foi mandado.
Alguns enviam orei, outros oreizinho, outros oreizão. E outros nem enviam (falta-lhes educação).
Alguns enviam cartão, outros email, outros com palavras do coração. E outros, nada (falta-lhes seriedade).
Alguns aparam o jardim por obrigação, outros mediocremente, outros com perfeição. E outros, nem chegam a aparar (falta-lhes vontade).
Neste dia fiquei contente, pois não é sempre que recebemos alunos que escrevem mensagens de "kokoro", bem como shugyoshas* que aparam sem defeitos (sobra-lhes energia).
Hatsugueiko, o primeiro treino do ano (Unidade Ana Rosa)
Hoje destaco a comitiva do Japão que virá ao Brasil no próximo Dia do Samurai, 24 de abril.
A programação do evento já está feita e vai ter muiiiita luta.
Para os amantes do iai, haverá treino seminário de Iaijutsu também.
O grande dia se aproxima...
Brasil x Japão.
No Livro dos Cinco Anéis, de Musashi Sensei*, no Mizu no maki, pergaminho da Água, está escrito:
"A forma da não-forma, a princípio quer dizer que não deve haver uma forma rígida ou sequência predeterminada a ser seguida".
Ele quer dizer com sua experiência que devemos conhecer todos os tipos de kamae, melhor dizendo, posturas, e não ficar apegado em uma.
O prazer de se estudar o Kenjutsu é mergulhar nas técnicas milenares dos samurais e constatar, pela própria experiência, que essas técnicas, de fato, surgiram de inspirações divinas.
Há um universo inteiro a ser explorado.
A vida é curta.
Sugiro você não ficar parado.
"Este segundo dia de shugyo (06jan - Recarregar a energia) continua bastante corrido. A energia para aguentar o shugyo é grande, mas tenho trazido a tona as últimas gotas de energia para aguentar cada dia. Hoje, foram muitos men-men-men*, kirikaeshi*, shiai, correções e "sapinhos".
Dentre os exercícios citados, destaco o nosso conhecido "sapinho". Excelente estimulante para despertar a parte adormecida do tigre que existe (u que deveria existir em alguns) em cada um de nós.
Muitas vezes, por descuido e falta de atenção sobre os nossos pensamentos, agimos displicentemente, deixando de cumprir os nossos compromissos.
À medida que o tempo passa, de tigre passamos a bicho preguiça.
Por isso, o shugyo.
Por isso, o "sapinho".
Enquanto muitos ainda estão no clima de "pensando em começar o ano", outros já arrumaram suas malas, pegaram o primeiro avião e já chegaram aqui para "purificar o espírito".
É o caso de Takeshi, professor na Universidade de Manaus, que já está aqui desde cedo no domingo.
Passar pela experiência dos antigos com o Shugyo*, no início do ano, é recarregar as nossas energias.
Energia que vamos precisar, certamente, para sobrevivermos nestes temos difíceis.
Estou te esperando.
As atividades do Niten em todo o Brasil e na América do Sul iniciam hoje.
Início.
Se você vai se iniciar na senda do samurai moderno, não se esqueça desse primeiro dia.
Por que estou aqui? O que vim buscar aqui?
Perguntas óbvias, mas que não devem ser esquecidas. Digo isso porque a maior parte se esquece ao se deparar com qualquer "vento" que bate contra os seus sentimentos, senão contra o seu ego.
O Caminho lhe reserva armadilhas ao longo do tempo.
E se você não estiver atento poderá cair numa delas no decorrer da travessia.
- Então, como devo me orientar?
- Lembra-te do primeiro dia? Por que estava aqui? O que veio buscar aqui? - te perguntarei.
Se lembrar, que bom! Dê-se por salvo.
Se não, meu caro, estará perdido.
E para sempre.