24-out-2011
"Os treinos de katas podem ser considerados como uma versão teórica do combate. Isso porque as seqüências ensinam as formas corretas das técnicas, sem contudo trazer a dinâmica viva do combate real, sua adrenalina, sua emoção. Daí a importância de se aplicar essas técnicas, esses segredos formais em combates com equipamento de proteção, e a experiência de mais de 40 anos do Sensei Jorge Kishikawa no Kendo permite que essa ligação seja feita com critério no Kenjutsu. Esse é o segundo Pilar do resgate, pois a mera tentativa de lutar aplicando técnicas tão sofisticadas, sem um embasamento correto, poderia gerar riscos à segurança dos praticantes. Nesses quarenta anos de prática com equipamentos de proteção, o Sensei Jorge Kishikawa acumulou um conhecimento sólido sobre todas as vantagens e fragilidades dos equipamentos disponíveis, permitindo um uso seguro dos mesmos."
Atento você ao trecho "sem contudo trazer a
dinâmica viva do combate real...".
Mas, o que vem a ser a tal "
dinâmica viva"?
O combate real é algo
dinâmico, e não uma estática definição de movimentos, como ocorre nos
katas.
Quero dizer,:
1. O
kata , por ser
imutável , não pode ser aplicado a olhos
vendados ou a risca no combate real.
Tal como um encontro nunca será o mesmo, o combate também nunca o será. Apesar de termos uma forma pré-concebida para nos posicionarmos de acordo com as diferentes situações, não podemos não ater a elas, pois teorias pré-definidas de nada valerão se não pormos em pratica. Quantos
guerreiros intelectuais já não
sucumbiram por imporem os seus conhecimentos acadêmicos à frente e
desconhecerem o "macete" da realidade pratica?!
2. O
kata, apesar de ser
imutável, pode ser aplicado com variação e criatividade no combate real.
Se for
mutável já não é mais o original. Deixa de ser o verdadeiro para ser o falso.
Novamente, tomo, como exemplo, um encontro.
Sem mudar as regras e as etiquetas de um bom relacionamento, é preciso nos posicionarmos de acordo com as situações e agirmos com variação e criatividade para que as teorias pré-definidas tenham validade. Ou melhor, se agirmos, de acordo com as regras e etiquetas pré-estabelecidas, mas com variação e criatividade, teremos maior chance de termos êxito em nosso encontro.
Esta adaptação é imposta pelo próprio adversário. Um exemplo: um adversário que coloca a ponta de sua espada voltada para o nosso rosto nos obriga a adaptar, mesmo que levemente, o
kata que treinamos com a ponta da espada voltada ao nosso pescoço.
Naturalmente, seremos obrigados a criar um
kata no combate que, apesar ter o seu fundamento no
kata original, varia em pequenos detalhes na forma, velocidade ou força conforme a situação assim o exigir.
Está óbvio que desta forma, aplicar os
katas no combate em
Kenjutsu:
a) Ampliará a visão de cada situação para todo aquele que praticá-lo.
b)
Desenvolverá o potencial humano de adaptação e criatividade, requisitos número 01 para todo
estrategistaPor ser o combate uma situação não pré-estabelecida, o praticante descobrirá, aos poucos em COMO aplicar os
katas, descoberta que não estará ao alcance daqueles que apenas treinam os
katas.
Na próxima vez, falarei um pouco mais sobre este importante e delicado assunto.
A dinâmica real do combate