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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    05-dez-2011

    Sócrates

    Lembranças de 20 anos atrás me vieram ao saber do falecimento de meu companheiro de faculdade, o Dr. Sócrates. 
    Sentávamos lado a lado naquela que era a 2ª turma de Especialização em Medicina Desportiva da UNIFESP, coordenado pelo então fisiologista do São Paulo Futebol Clube e professor da UNIFESP (antiga Escola Paulista de Medicina), Dr. Turíbio Leite. 
    Sócrates, apesar do seu sucesso e fama, nunca deixou transparecer ares de arrogância ou orgulho para com os colegas de turma. Chegava atrasado (muitas vezes) devido a sua agenda lotada. Nada inimaginável para quem era possuidor de tanto carisma e fama. Fizemos vários trabalhos neste período. Uma ótima pessoa. Nada a ver com os jogadores que conhecemos hoje. Tinha classe... 
    Ao terminar o curso, fomos cada um para o seu canto. Eu na rotina médica e iniciando o Niten , ele para Ribeirão Preto para começar lá um laboratório de preparação para atletas de futebol, feito o SPFC. 
    Reencontramo-nos depois de 15 anos. Foi assim: 
    Foi de manhã, lá pelas 9h, quando ia embarcar para Brasília. Estava ele. Lá no bar-restaurante (aquele que fica nos fundos) de Congonhas. Sentado a mesa, quase não o reconheci. Obeso e grisalho, aparentava muito mais do que a sua verdadeira idade.   Nos olhamos e então ele sorriu: 
    -Você não é o samurai? 
    -Ooo Sócrates! Tanto tempo! - com alegria, respondi. 
    -O que tu andas fazendo ooo Sócrates? Como esta a clínica lá em Ribeirão? Tudo bem? 
    -Estou escrevendo livros agora, Jorge. 
    -Livros? Bom. - respondi. E continuamos conversando por mais 10 minutos, lembrando da época da UNIFESP e cada um falando dos últimos acontecimentos. Me despedi, visto que o meu vôo já estava me aguardando. 
    Nestes minutos, porém fiquei preocupado: Sócrates já havia tomado 3 chopps e já estava no 4º logo de manhã. 
    Aquilo não era normal. Falei para ele se cuidar melhor e nos despedimos. 
    Neste ano , quando vi a sua primeira internação, fechei os olhos... 
    -Não vai durar - pensei. 
    Foi no que deu. 
    Infelizmente, o Brasil perde um grande jogador e eu um grande colega. 
    Enquanto isto, eu de minha parte, vou tentando, como sempre fiz, seguir o meu caminho. Com a espada em mãos, vou cortando os males que tentam destruir o homem e que tentam acabar com o seu processo de existência. 
    É por isto que vou ao Gashuku. Para cortar as calorias e as ervas daninhas da alma, pois o Natal e as festas vêm chegando para acabar com a gente e você sabe do que eu estou dizendo.



    Matéria do dia 27 de fevereiro de 1992, de quando eramos jovens




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