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"Gostaria de descrever um momento especial do treino que tive com o Sensei.
O Sensei utilizava o Kamae gedan nito(duas espadas com as pontas para baixo) e eu estava em Katate gedan (uma espada na mão direita com a ponta para baixo)
Eu sempre fico um pouco mais em guarda quando o Sensei adota o gedan(ponta para baixo) pois acredito que o Sensei luta um pouco mais ofensivo e existe sempre a possibilidade de receber um tsuki(estocada) inesperado.
Mas de repente eu levei um men (golpe na cabeça).
Esse foi o momento especial. O Sensei levantou a ponta da espada que estava apontada para o chão até o acima da minha cabeça e depois desceu-a atingindo meu men. O que me surpreendeu foi que eu consegui enxergar o movimento do Sensei, eu vi a espada subindo e descendo, mas não esbocei reação nenhuma, minha mão mal se mexeu. Naquele momento eu senti algo de estranho, dentro de mim eu perguntava como que eu tinha levado um men de forma tão simples e ter ficando praticamente parado vendo o Sensei me cortar de cima abaixo.
Agradeci o ensinamento, adotei o kamae gedan(ponta para baixo) novamente e apurei os sentidos, ia fazer de tudo para não “morrer” da mesma forma — praticamente sem lutar.
Pois bem, recebi outro men. a espada do Sensei subiu e desceu me atingindo novamente. Dessa vez eu até consegui me mexer, mas o tempo de reação não chegou nem perto de ser suficiente para aparar o golpe. Acho que as folhas ocultas do Hidensho se mexeram ao vento nesse momento. "
Meloni (Unidade Ana Rosa)
Ilustração: André Meloni - unidade Sumaré
O Japão que os turistas não conhecem, conheceram ou conhecerão...
"Quando cheguei aqui no Japão depois de trinta horas de viagem, não imaginava o tamanho da diferença entre o Japão que estou conhecendo por estar acompanhando o Sensei e o Japão que um turista convencional
Estar na companhia do Sensei, em qualquer lugar que seja, já é um diferencial enorme! O Sensei é um ser humano que tem o poder de funcionar como um catalisador (agente que viabiliza que uma transformação aconteça mais rápido do que ela teria condições sem a sua presença) para nós, alunos, no Caminho.
Agora, quando o lugar é o Japão e o período de convívio é de vários dias, ..., difícil colocar em palavras, mas vamos em frente!
Se há alguns meses eu tivesse decidido hipoteticamente viajar sozinho, ou em grupo ao Japão, provavelmente colocaria no roteiro principalmente lugares turísticos, cidades grandes, passeios de pacotes guiados e faria uma viagem, quem sabe, muito agradável, relaxante, com tentativas de fotos do tipo cartão postal e tudo bem...
O fato de acompanhar o Sensei em um Shugyo no Japão está me dando a chance ímpar de ser orientado por um Mestre da Verdade ("da" ao invés de "de" para ressaltar o que para mim está claro: o Sensei busca a Verdade última do Caminho, a única na minha opinião que faz sentido!). Graças às orientações do Sensei, estou tendo oportunidades de observar e conhecer hábitos, valores, crenças e a lógica dos japoneses para muitas coisas. Sem julgamento de valor sobre as diferenças e/ou as semelhanças para o Ocidente, é no mínimo muito enriquecedor perceber o que são diferenças e semelhanças, estar atento a elas já é, em si, uma grande coisa!
Vamos ver alguns exemplos para tentar ilustrar o que estou querendo passar.
O Sensei já no início da viagem disse para eu prestar atenção à forma e à qualidade do atendimento das aeromoças da companhia aérea brasileira e da japonesa. Minasan(gente), as diferenças são gigantes!
As aeromoças japonesas são gentis, estão sempre sorrindo, abaixam-se para conversar com o cliente que está sentado na poltrona do avião na mesma altura de seu rosto e aparecem em até 30 segundos depois que a gente aperta o botãozinho de "chamada de comissária". Será que as aeromoças japonesas não têm problemas particulares, não ficam doentes de vez em quando, não têm um dia difícil com a família ou o namorado? É claro que elas também têm! Mas nada disso afeta seu profissionalismo na hora de trabalhar como parece afetar suas colegas ocidentais.
Será que todos os profissionais japoneses agem com tanto profissionalismo? Acho difícil, mas na média, creio que será difícil encontrarmos o mesmo alto nível fora do Japão.
Bem, essa comparação poderia ter sido testemunhada em uma viagem "solo", mas nem de longe eu estaria vendo sozinho o que é andar de trem (seja o "pinga-pinga", seja o trem bala). Mesmo falando Inglês é super difícil traçar rapidamente um roteiro de trem e cumpri-lo sem ficar "batendo cabeça". Além disso, conhecer sozinho em poucos dias o local do Hagakure, a ilha de Funajima e a caverna onde Musashi Sensei escreveu o Livro dos Cinco Anéis, parece a idéia de um décimo terceiro trabalho de Hércules para qualquer turista, falo sério!
Enfim Minasan, quero apenas concluir que conhecer Mestres, lugares muito particulares e o dia-a-dia de alguns habitantes locais por onde acompanho o Sensei não aconteceria se eu estivesse só, ou participando da melhor excursão guiada disponível no mercado para se visitar o Japão.
Tudo isso, fora o privilégio de contar com a orientação do Mestre e os insights que esse convívio único pode nos trazer e ser muito útil para toda a vida!
Domo Arigato Gozaimashita ao Sensei pela generosidade e pela energia!
Domo Arigato Gozaimashita aos deuses pela sorte!"
Sanches - unidade Vila Mariana/Templo Nikkyoji
Recebi nestes últimos dias um aluno do Chile para seu aprimoramento e que eu repasso neste Café.
Ele fala em "zapitos" e ser feliz.
Dependerá também, obviamente, da capacidade perceptiva daquele que vivenciar...
Mi decisión de realizar shugyo ya había sido tomada con bastante anterioridad, motivada por el deseo, primero, por conocer a Sensei, como funcionaba Niten bajo su enseñanza y además como una prueba personal conmigo, y por supuesto querer estar en contacto con Bushido. Durante mi shugyo, puede vivir el dia a dia de Niten y como lo importante se transforma en cotidiano .
Galhardo em Ukenagashi (Niten Ichi Ryu - Kenjutsu)
La presencia y carisma de Sensei es como una rio que avanza arrasando todo a su paso, tuve el honor de entrenar junto él y sempai Wensel durante la semana de shugyo.
Mucho pude apreciar de los detalles y de los pequeños secretos o mejor dicho ¨Hidensho¨ que marcaron la diferencia entre la vida y la muerte .Durante el entrenamiento tuve el honor de recibir tres men ¨invisibles¨ seguidos por parte de Sensei y después diez men seguidos en jodan nito . Siento que estas enseñanzas fueron transmitidas sin palabras, a través solo de la presencia, técnica y actitud de Sensei que fueron ,sin duda, las razones con las que puede entender que estaba bajo la presencia de un hombre imbatible y pude recordar en esos momentos una palabra que había escuchado de su misma persona días antes ¨entreno para ser imbatible¨.
Após o treino da Manhã com Sensei
Da esqueda para Direita: Rangel - Volta Redonda, Holanda - Fortaleza,
Fugita - São Paulo, Aragon -México e Galhardo - Chile
Un punto que no se pude dejar de mencionar es el sufrimiento físico de esos días .El cansancio físico, la presión de No cometer error, la nostalgia, son todos factores que profundizan la determinación de cumplir con la decisión ya tomada. Siento que en el shugyo pude reafirmar mis deseos de comprender aun más este largo camino que es Bushido. Gracias a los zapitos que tuve que pagar por mi falta de atención y algunos flexiones de brazos que también fueron sumados a la misma, puede de cierta manera entender lo que Sensei mencionaba en los momentos de Oro¨,los zapitos y estocadas son para ser feliz¨, difícil de entender hasta que se lleva a la practica.
El poder compartir con Sensei, aunque fuese solo por una semana, y darme cuenta como tiene la capacidad de llevar al limite del cansancio físico y emocional a las peronas, pero a las vez tener la capacidad de llevar a la persona al otro extremo, bajar las revoluciones y calmar el espíritu con sus palabras en los momentos de Oro.
Sensei...
El poder vivir el dia a dia de los Senpais y los compañeros de ADM fueron importantes para entender lo cotidiano y como cada día es una guerra constante contra el tiempo, egos y Mura y como cada unos de ellos se esfuerza por llevar las enseñanzas de Sensei cada uno de nosotros.
Arigatoo a sempai wensel por su tranquilidad y buena disposición para conmigo, a sempai Fugita por su dedicación , fuerza y la cortesía que tubo al llevarnos el ultimo día en sao Paulo al museo, fue una muy bella experiencia y a todos los sempais que formaron parte de esta experiencia llama shugyo, que sin duda ,quedo tatuada en mi corazón.
Doomo arigatoo gozaimashita Sensei, por abrir sus puertas y compartir parte de su tiempo y mostrarme parte de este largo camino. "Gallardo David (Unidade Santiago del Chile)
Ultimo dia no Múseu em São Paulo
Tradução
“Minha decisão de realizar o shugyo já tinha sido tomada há um bom tempo, motivada pelo desejo; primeiro, de conhecer o Sensei, como funcionava o Niten através de seus ensinamentos, também como um auto desafio e, é claro, por querer estar em contato com o Bushido. Durante o meu shugyo, pude viver o dia a dia do Niten e ver o importante transformando-se em cotidiano.
A presença e o carisma do Sensei são como um rio que avança arrasando tudo por onde passa. Tive a honra de treinar junto com ele e com o sempai Wenzel durante a semana de shugyo.
Pude apreciar muito dos detalhes e pequenos segredos ou, melhor dizendo, 'Hidensho', que fizeram a diferença entre a vida e a morte. Durante o treinamento tive a honra de receber três men ‘invisíveis’ seguidos do Sensei e depois mais dez men seguidos em jodan nito. Sinto que esses ensinamentos foram transmitidos sem palavras, apenas através da presença, técnica e atitude do Sensei, que foram, sem dúvida, as razões com as quais pude entender que estava abaixo da presença de um homem imbatível e pude recordar nesses momentos uma palavra que havia escutado de sua mesma pessoa alguns dias atrás: "Treino para ser imbatível".
Um ponto que não se pode deixar de lado é o sofrimento físico desses dias. O cansaço físico, a pressão de não cometer erros, a nostalgia, todos esses são fatores que intensificaram a determinação de cumprir com a decisão já tomada. Sinto que no shugyo pude reafirmar meus desejos de compreender ainda mais este largo caminho que é o Bushido. Agradeço pelos sapinhos, que tive que pagar por minha falta de atenção, além de algumas flexões de braço que também foram somados à mesma. Pude entender de certa forma o que o Sensei dizia nos Momentos de Ouro, ‘os sapinhos e estocadas são para ser feliz’, difícil de entender até levarmos isso à prática.
A possibilidade de compartilhar com o Sensei, ainda que fosse somente por uma semana, e me dar conta da capacidade que ele tem de levar as pessoas ao limite do cansaço, físico e emocional, e ainda assim conseguir levá-las ao outro extremo, baixar as revoltas e acalmar o espírito com suas palavras nos momentos de Ouro; A oportunidade de viver o dia a dia dos Senpais e dos companheiros de ADM, foram importantes para entender o cotidiano e como cada dia é uma guerra constante contra o tempo, egos e Mura e como cada um deles se esforça em levar os ensinamentos do Sensei a cada um de nós.
Arigatoo ao Sempai Wenzel por sua tranquilidade e boa disposição comigo, Sempai Fugita por sua dedicação, força e a gentileza que teve ao levarnos no ultimo dia em São Paulo ao Museu, foi uma experiência muito bonita e a todos os Sempais que fizeram parte dessa experiência chamada Shugyo, que sem duvida, ficou tatuada em meu coraçãoDomo Arigato gozaimashita Sensei, por abrir suas portas e compartilhar parte do seu tempo e por me mostrar um pedaço desse longo caminho. ”
Gallardo David (Unidade Santiago do Chile)
"Tuve la suerte de usar una naguinata de combate por primera vez para luchar contra Sensei una mañana en San Pablo.A diferencia de Sensei - que esa mañana ya había luchado con naguinata, kusarigama, una y dos espadas mostrando una versatilidad sorprendente - yo no tenía experiencia en lucha con otra arma que no fuesen mis shinais.
Al tomar la naguinata sentí cierta incertidumbre, cómo hacer para luchar con un arma que casi no se conoce contra un oponente increíblemente habilidoso? Mis esperanzas de lograr aunque sea un golpe se estaban desvaneciendo. Bueno, pensé, cuando no hay habilidad tiene que haber coraje y suerte. Me lancé a luchar con energía y yendo para adelante porque es difícil hacer estrategias cuando el conocimiento es poco. Recordé mi inició en Niten y la palabras de mis senpais "cuando se es iniciante lo que vale es el coraje, el corazón".
Sensei logró acertar en esa lucha una cantidad impresionante de golpes, minimizando la ventaja que me daba el largo de la naguinata con una serie de estrategias que envolvían bloqueos, ataques y desplazamientos inesperados. Yo no logre acertar ni un golpe según recuerdo. Pero valió la experiencia para reflexionar sobre muchos puntos técnicos y también otros espirituales. Es claro que la vida no siempre nos presenta desafíos en entornos conocidos a veces hay que saber arreglarse con lo que sea que nos toque en lugares inesperados, esta es una verdad que muchas veces olvidamos cuando ya hemos construido una vida con cierta rutina que nos trae comodidad. Esta incomodidad y sorpresa debe ser agradecida.
Con razón Sensei ha descubierto tantos secretos que volcar en su pergamino HIDENSHO su rutina es romper la rutina.
Domo arigato gozaimashita Sensei!
Marina - Unidade Argentina
Tradução"Tive a sorte de usar uma naguinata de combate pela primeira vez em uma luta com Sensei uma manhã em São Paulo. Ao contrário do Sensei - naquela manhã ele tinha lutado com naguinata, kusarigama, uma e duas espadas mostrando uma versatilidade extraordinária - eu não tinha experiência em combates com outras armas que não fossem minhas shinais.
Ao tomar a naguinata senti alguma incerteza, como lutar com uma arma que é quase desconhecido contra um adversário extremamente hábil? Minha esperança, mesmo para um golpe, estavam desaparecendo. Bem, eu pensei, quando não há capacidade deve ter coragem e sorte. Eu me propus a lutar com energia e ir para a frente, porque é difícil criar estratégias quando o conhecimento é pouco. Lembrei-me de meu começo no Niten e das palavras dos meus senpais "Quando você é iniciante o que conta é a coragem, o coração."
Sensei conseguiu aplicar em luta uma quantidade impressionante de ipons, minimizando a vantagem que deu o comprimento da naguinata com uma série de estratégias que envolvem blocos, ataques e movimentos inesperados. Eu acho que não consegui um golpe que me lembre. Mas a experiência foi valiosa para refletir sobre muitos pontos técnicos e espirituais. É claro que a vida nem sempre apresenta desafios em ambientes familiares, às vezes você tem que se contentar com o que tocar, em lugares inesperados, esta é uma verdade que muitas vezes esquecemos quando nós construímos uma vida com uma certa rotina que traz conforto. Este desconforto e a surpresa deveria ser objeto de gratidão
Acho que esta é uma razão que o Sensei tem descoberto muitos segredos que observa no seu pergaminho HIDENSHO: sua rotina é quebrar a rotina.
Domo arigato gozaimashita Sensei!
Marina - Unidade Argentina
Katas Avançados do Jo
Kussarigama - Perigo no chão
Jittejutsu
Dai ichi kihon no kata - Velocidade e técnica
Naginatajutsu
Niten Ichi Ryu - Kenjutsu
Niten Ichi Ryu - Kenjutsu, Golpe fatal
Técnica de torção com espada menor
Sekiguchiryu Iaijutsu
Detalhes do Jo passados pelo Sensei
"De fronte a cascata
Somos atingidos por sua imponência natural
De perto, ao tentar infiltrar a lâmina de água
Somos repelidos voltando ao ponto inicial
Mesmo atingido dez vezes por esta força,
Sem contemplar o outro lado da lâmina
Sentimos a cachoeira de águas quentes,
Quentes da fúria do espirito"Laura Caous (Unidade Ana Rosa)
Este poema refere-se ao treino de minha aluna Laura (com espadas) comigo (com naginata*)
*alabarda, lança com lamina curva na ponta
"Faz pouco tempo que eu soube que o Intituto Cultural Niten é o único lugar do planeta Terra onde pratica-se Kenjutsu.
É isso mesmo, aqui no Japão parece que não há quem treine podendousar diferentes kamaes (posições de luta), diferentes armas (espada longa, duas espadas, espada curta, naginata) e diferentes golpes (todas as variações de men, dô, kotê, tsuki e sunê) em um combate com bogu (armadura de proteção). Já pensaram em quantas combinações diferentes são possíveis para uma dupla de oponentes? Temos um mar de possibilidades! Shugyo com o Sensei 9 - Conversas com um mestre
Tal como era na época dos samurais antigos... Pois bem, este é um privilégio nosso, nem mesmo os japoneses têm acesso a duelos tão completos nos dias atuais! () Graças à garra, empenho e determinação do Sensei, estamos resgatando os tesouros deixados pelos antigos samurais, principalmente na forma de katas. Katas de diferentes estilos e escolas, de diferentes épocas e geografias dentro do Japão, que estamos aprendendo, sob orientação do Sensei (aqui entra o Hidensho), a utilizar em combate!
Creio que com muito treino e sorte, quem sabe teremos a felicidade de descobrir a Verdade por trás de uma ou mais combinações de armas, kamaes e golpes... Faço votos que tantas possibilidades nos conduzam com mais e mais riqueza pelo Caminho da Espada, o Caminho do(a) Guerreiro(a)!
O que os Mestres no Japão pensam disso? Mesmo sem saber o idioma, graças às palavras ligadas aos nossos treinos e ao tom das conversas que presenciei, fico confortável em afirmar: testemunhei o Sensei divulgar, aos quatro ventos aqui no Japão, todo esse trabalho de resgate que está sendo desenvolvido no Niten.
Testemunhei o apoio unânime dos Mestres japoneses a tudo isso. (entre nós: acho que eles gostariam de estar fazendo o mesmo que o Sensei, mas no Japão seria bem mais complicado).
Testemunhei o empenho vigoroso do Sensei em trazer o Hidensho para nós!
Somos privilegiados minasan! E penso que nos cabe, entre outras coisas, zelar e agradecer por tudo isso!
Vamos treinar!!"
Sanches
As palavras de hoje são de um antigo aluno de Teresina e atualmente é um dos alunos e monitores da Unidade Fortaleza.
Esteve em Salvador (Cs - 09 de agosto de 2012 - Salvador 10 anos 1 - Chegamos Juntos! ) e resolvi coloca-las aqui com o titulo de Hidensho, pois revelam que o que mais o impressionou foi a sua descoberta do Hidensho* em combate.
*Hidensho= Shingi Hidensho (os Escritos Secretos da Mente e da Tecnica que tenho compilado ao longo dos anos)
Helano
"Espero que o Sensei e os senpais (veteranos) de sua comitiva tenham tido um retorno tranquilo e seguro.
Sensei, acho que eu poderia escrever bastante sobre muitas das impressões, descobertas e o entusiasmo que nos contagiou a todos na comemoração dos 10 anos de atividade da Unidade Salvador.
Ao mesmo tempo que tivemos a oportunidade de aprender e colocar em prática os katas vivos do Bushido(modo de agir e de ser no Instituto Niten), houve momentos de grande descontração, mas sem desatenção.
Isso me marcou muito!
Ao entrar em combate os Senpais Anderson (Fortaleza) e Édio (Salvador) tivemos a felicidade e honra de presenciar os kamaes(guardas) de kenjutsu terem uma dinâmica surpreendente.
Naturalmente, nós que treinamos no Niten, graças aos keikos (treinos) que cada um de nós tem com os mais graduados em suas respectivas unidades, já temos alguma idéia. Porém, ver o Sensei em ação é algo completamente diferente!
Ao começar pelas posturas básicas até as mais avançadas, víamos, estupefactos, como tantos golpes certeiros (ippons) brotavam de defesas e contrataques inusitados.
Fui instado a observar com mais atenção algo que sempre me intrigou, a movimentação de seus pés.
Puxa!!! Incrível como em um combate feroz, a movimentação era diferente.
Em alguns momentos, eu pensava que eles sequer tocavam o chão e em contrapartida, eram muito ágeis. Isso sem mencionar os tsukis (estocadas), mens (golpe sobre o cranio), do's (golpes sobre os flancos) e kotes (golpes sobre os antebraços) que surgiam da aplicação direta de katas Niten Ichi Ryu de Musashi Sensei (Miyamoto Musashi)! Em um determinado momento, tive algo como um "insight", vamos dizer assim... Hidensho*!Naquele momento pude ver como, de fato, os katas revelam-se mortais em combate. Instantaneamente, refleti um pouco sobre como deve ter sido difícil durante décadas mergulhar a fundo, passando por todos percalços, abnegação e infernos para resgatar e trazer ao povo brasileiro um tesouro que, assim me parece, virou quase apenas uma respeitada referência histórica em seu país de origem, o Japão.
Sensei, gostaria de fazer uma analogia, se me permite.
Por ser geólogo, sei muito bem como é esforço, a dificuldade e o investimento (em todos os sentidos) para encontrar uma gema preciosa. Não é fácil não. Me refiro no momento à gema mais preciosa e conhecida por todos, o Diamante. Esse mineral de composição simples à base de carbono, é formado no interior da terra a uma profundidade de quase 700 km!
Ou seja, vem do inferno, literalmente falando! E chega à superfície da Terra através de rochas vulcânicas muito especiais.
É muito raro Sensei!
O que vemos em joalherias para o deleite e desejo de muitos, vem de um trabalho hercúleo. Sua beleza e durabilidade chancelam toda a sua aura e mito. Do mesmo modo, Sensei teve que ir muito longe para "minerar" estes "diamantes" que são os autênticos katas e kamaes e estilos (ryu) da verdadeira arte samurai. E ao final, podemos ver que a beleza marcial encerrada nestas técnicas, são como diamantes de fato. Mas diferentemente, dessa gema preciosa, não se deve somente apreciar, mas senão buscarmos treinar com determinação e afinco afim de entender sua beleza verdadeiramente. Me contive, mas acho que acabei escrevendo mais do que deveria.Shitsurei shimashita pela longa mensagem, Sensei.
Omedetou gozaimassu Unidade Salvador pelos primeiros 10 anos! Ganbatte kudasai!" Helano Fonteles - Unidade Fortaleza
Retornei de Salvador após comemorar os 10 anos da Unidade.
Foram dias de muito sol, moqueca (o azeite de dendê vai dar estorias para contar), praia, treinamento e alegria.
Hoje, deixo as palavras do coordenador da Unidade Salvador sobre o evento e a partir de amanhã mais fotos e palavras dos que viveram intensamente estes 4 dias.
"Guerreiros" rumo a Salvador
"Ainda no calor do momento e arrumando os detalhes para ir puxar o treino de segunda, gostaria de dividir algumas palavras sobre os que estes três últimos dias representaram para mim. Foi a primeira vez que organizei um evento grande no Niten e posso assegurar uma coisa, foi uma guerra! Havia guerreiros de todo o Brasil: Salvador, Fortaleza (em peso!), Recife, Brasília, Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte...
" o Brasil chega em Salvador"
E eu, no olho do furacão, pela primeira vez mobilizando e comandando as tropas para a guerra. Posso dizer que esses três dias de Gashuku (treino intensivo) foram um verdadeiro Shugyo (treinamento espiritual) para mim, mas com uma diferença: ao invés de focar apenas no meu treinamento e aprimoramento técnico e espiritual, minha missão primeira era garantir o bem-estar de todos.
Por isso, se eu tivesse que resumir todas as lições deste Gashuku em uma única palavra, ela seria, nas palavras do Sensei, omoiyari (pensar no outro). O aprendizado começou logo na sexta-feira na praia, quando tive de "pagar alguns sapinhos" na areia fofa porque não me certifiquei que nosso grupo retribuísse uma gentileza feita por um estranho na praia, que teve o transtorno de tirar diversas fotos nossas (muitas mesmo!).
"a praia dos sapinhos"
Continuaram as lições de omoiyari durante os dois dias ao observar a postura do Sensei, sempre quieta e com poucas – mas certeiras – intervenções para tornar momentos bons em inesquecíveis. Desde uma corrida na praia puxando kiai e com direito a mergulho no mar, até uma parada no Pelourinho (literalmente, paramos no meio do lugar para só observar, enquanto o sol se punha), em meio ao cronograma corrido do evento, para deixar que todos curtissem um pouco o clima do local. Coisas de um Mestre que ali, em sua introspecção, pensa o tempo todo em como fazer o melhor para todos.
"um por todos e todos por um!!!"
"O Mergulho na Praia"
"Visitando o passado"Após o jantar, apreciando uma cachacinha, mais uma lição. Todos nós esquecemos um dos katas mais básicos – e importantes – de quando se confraterniza e deixamos de olhar um colega (e seu copo)...mas umas flexões deram o chacoalhão do qual todo mundo precisava!
Estes foram apenas alguns exemplos. Houve outros, como sempre há na guerra, e aqueles que já participaram de uma sabem. E o Sensei estava sempre lá para corrigir os desvios de rota, seja com um sorriso, uma bronca, um conselho, uns sapinhos ou apenas silêncio bem direcionado e um olhar. Mas sempre uma lição para quem estivesse atento.
Sensei e Coordenador Takei
Hoje de manhã, após deixar o Sensei e alguns companheiros de São Paulo – que me deram ajuda e conselhos inestimáveis para o transcorrer do evento, por sinal – no aeroporto, eu conversava com um colega de Caminho de Salvador enquanto esperávamos o voo partir. Chegamos ambos a uma conclusão parecida: durante estes dias, tudo fluiu melhor quando paramos de nos preocupar com as consequências que nossos possíveis erros causariam a nós (como sapinhos) e nos preocupamos simplesmente em buscar o melhor para as pessoas ao nosso redor.E confesso que vislumbrei aí talvez a pontinha de um segredo. Algo que, quem sabe, seja aquilo que faz o sorriso do Sensei ser tão iluminado e sereno (e quem já viu sabe do que estou falando). Estes dias me fizeram lembrar de uma frase meio clichê que ouvi em algum lugar e que infelizmente as pessoas usam sem ter noção de sua real profundidade:”Viver realmente é viver para os outros”. É, talvez o Caminho para a Verdadeira Felicidade seja por aí mesmo. E graças ao Sensei, estamos juntos trilhando. Tropeçando bastante, caindo e levantando. Errando e acertando. Mas passo a passo, um dia chegamos lá. Juntos!
Domo arigato gozaimashita Sensei, por ter acreditado há dez anos que poderia levar o Caminho e encontrar Samurais na Bahia e em todo o Nordeste!
"Participamos aqui em Usa (município de Oita) da festa de confraternização para comemorar o primeiro ano de inauguração do novo Dojo do Niten Ichi Ryu em parceria com um templo Zen Budista.
A festa reuniu cerca de quarenta pessoas e fomos, o Sensei e eu, gentilmente convidados a participar da celebração.
Tudo impecavelmente organizado pelos participantes, que se dividiram nas tarefas (providenciar comidas, bebidas, pratos, talheres, mesas e tudo o mais necessário à comemoração) com muita naturalidade, pois nitidamente, já estão habituados a trabalhar coletivamente.
A comemoração começou com alguns discursos, proferidos, aparentemente, pelos participantes mais sêniores do Dojo. Após algumas falas nitidamente de agradecimentos e comemoração, chegou a vez do Sensei falar. Acompanhei o Sensei à frente dos participantes (cada palestrante ficava em pé, à frente, para discursar a respeito do evento). Dado que o Sensei fez o discurso em Japonês, eu estava limitado a prestar atenção à reação dos presentes.
Durante o discurso do Sensei, notei que houve um momento ímpar, daqueles em que algo acontece com capacidade para mudar o "tom" do ambiente. A partir daquele momento particular, várias pessoas mudaram seus rostos e posturas corporais. Havia uma coisa em comum nas mudanças, todos estavam com um semblante de "puxa vida, isto que está sendo falado é importante e nenhum dos "locais" lembrou-se de dizer!". Eis que havia sido o Sensei, alguém "de fora" estava ali para lembra-los de algo caro a todos, mas, que por qualquer motivo, havia passado despercebido pelos demais participantes.
Uma das participantes do evento comentou comigo depois (ela falava Inglês) que a colocação do Sensei no discurso havia sido muito importante para os presentes porque os fez pensar! Na minha percepção, a intervenção bem-vinda do Sensei havia funcionado como um "Men-Ippon" para muitos dos presentes, pois o Sensei trouxe-lhes uma consideração que estava faltando e nitidamente era necessária. Acho que o pensar pode até "doer" de vez em quando, mas é necessário para vivermos a vida de maneira melhor...
Depois a festa transcorreu na direção de uma confraternização com muita alegria e descontração. Atribuo muita contribuição ao sakê, que nos fez relaxar e descontrair para aproveitarmos mais o espírito fraterno da grande maioria que estava lá.
Domo Arigato Gozaimashita ao Sensei e aos colegas do Niten no Japão por mais essa rica vivência!!"
A família Niten Ichi Ryu