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"Estive pensando sobre o meu treino desta última quarta-feira e os 10 golpes consecutivos recebidosdo Sensei e sinto que toda esta meditação foi inconclusiva.
Consigo lembrar-me dos cortes que em eras passadas separariam os braços das mãos. Em uma movimentação que não era rápida ou fintada, apenas reagia ao ambiente para entregar o golpe necessário. Como se a luta simplesmente me conduzisse aos movimentos necessários para que os cortes fossem executados.Recordo-me então de uma cena na história de Musashi Sensei, que, ainda jovem, ao buscar um confronto com Yagyu Sekishusai, encontrou uma única flor cortada por ele, e, ao visualizar o ponto onde o caule foi golpeado, sentiu quão estava distante da qualidade do corte que o mestre executara. Será que eu já estava cortado antes mesmo da luta começar?" - Marques Daniel (Unidade Sumaré)
Em eras passadas eram necessários os braços separados, o crânio partido ou a vida perdida para colocar à prova a Estratégia. Para ter a certeza se você tinha ou não o talento e até onde ele chegara. Felizmente, hoje com o equipamento de proteção (bogu) e as espadas de bambu (shinai) é possível sabermos (e nos convencermos) da eficácia do que os antigos denominavam de KENJUTSU e a partir disto, comprovar o nosso verdadeiro talento, habilidade e conhecimento na Estratégia.
Musashi Sensei (1584-1645), fundador de nosso estilo Hyoho Niten Ichi Ryu Kenjutsu, e que já era muito talentoso àquela altura, tinha olhos para entender em um simples caule cortado que o seu oponente era habilidoso o suficiente para o seu "treino". Seguindo esta linha de pensamento e transpondo-o aos dias de hoje, somente aquele que evoluiu bem no treinamento saberá (e se convencerá) do verdadeiro poder que está por trás da execução de 10 golpes consecutivos sobre o seu oponente. No caso deste depoimento, no golpe sobre o hidari kote (antebraço esquerdo) realizado a partir do Joge Nito (posição de duas acima e abaixo) sobre o oponente com Itto (uma espada). O treino foi cronometrado e tudo ocorreu num piscar de olhos: 2 minutos.
Obviamente que isto não ocorreria se não houvesse, como comentei, o material bogu e o shinai dos dias de hoje.
E do imaterial, espiritual, conhecimento secreto ainda não desvendado, que leva o nome do Café de hoje e de tantos outros: Hidensho.
É possível que a reflexão de Marques não tenha sido inconclusiva.
"Conhecimento não Desvendado"
1º Voto do Hagakure: Nunca ser superado no Caminho do Samurai.
O frio chegou e levei um golpe que eu não esperava.
Os 20 anos se passaram e pelo jeito os alunos também.
Preciso rever os meus conceitos depois deste email:
Konbawa, Sensei.
Shitsurei shimassu,
Hoje, em um dos dias mais frios do ano, fui treinar na Unidade Sumaré como tenho por costume, quando não estou em viagens a trabalho.
Qual foi a minha surpresa quando percebi que todos os 11 samurais presentes foram para treinar Iaijutsu! Um exemplo do entendimento do primeiro voto do Hagakure, realmente.
É verdade que não tenho muito tempo de Niten, mas lembro-me de que certa vez treinamos em 3 apenas, espremidos no cantinho do dojo, pois havia muitos alunos de Kenjutsu.
Senti-me feliz de ver que os praticantes de Iai estão com o espírito forte e cheios de KIAI para treinar. Isso elevou ainda mais minha sede pelo treinamento.
Não poderia terminar sem deixar de lembrar da passagem do Shin Hagakure "Sibéria Brasileira, a Última Chance": pode ser que São Paulo não tenha chego aos -3ºC nesta terça-feira, mas esses 11 samurais mostraram que não temem tal adversário."
Cavalcante - Unidade Vila Mariana - Templo Nikkyoji
"Um tesouro no final do dia"
Osvaldo foi certamente o primeiro aluno de Iai. Nesta época, as aulas ocorriam às terças a noite, após um dia inteiro em hospitais e ambulatórios.
Algumas vezes, as aulas transcorriam com a roupa branca, como neste foto.
Lembro-me de ter que correr às pressas após esta aula, para dar assistência a um paciente com complicações no pós-operatório.
Durante a apresentação das teses, um fato inusitado: um aluno trouxe uma cascavel para ilustrar melhor a sua parte. Foi a tese vencedora do ano.
Milton foi o primeiro aluno de Shindo Muso Ryu Jodo na América Latina.
Falava pouco. Chegava sempre adiantado (1 hora antes de início), fazia a limpeza do local muitas vezes sozinho e era o último a ir embora.
Do tipo raro que faz falta.
Local predileto nos finais de ano, o karaoke do Niten era sempre um sucesso.
Aqui tento ensinar uma das canções que marcaram uma época: "Subaru"
Um dia no Zoológico
Nos estudios de uma TV.
O pessoal do programa do Thunderbird havia marcado que chegássemos às 13h para a gravação, mas ficamos até às 18h esperando.
No fim um misto de revolta e frustração: o programa encerrou e não fizemos a gravação (só quem já passou por esta humilhação sabe o que estávamos sentindo).
Mas no fim, fechamos em clima de bom humor e alegria : com um bom "copo sujo".
Era assim nos primeiros dias: alunos de meia idade que já haviam passado por outras artes marciais e que buscavam o "algo mais" que não haviam encontrado. Nada de medalhas ou troféus
Pouco a pouco estes 5 se tornaram 20 e dos 20 chegaram aos 50. E hoje...
Acredito que encontraram...
Lê-se no fundo " A conquista do espaço ". Neste dia dá se início a primeira de centenas de minhas jornadas
A mais antiga unidade do Niten: Porto Alegre.
Os mais novos talvez não conheceram o aeroporto antigo que está nesta foto.
No treino, Percebi que os gaúchos tinham uma garra diferente do que já havia visto, o que explica toda a história do Sul.
Sempre digo que é importante ter uma família que te apoia em seus projetos.
O sucesso de Joel se deveu a dois fatores: a primeira foi a sua determinação em pegar 20 horas em um ônibus até SP, me encontrar e falar:
-Eu quero ser coordenador do Niten!
A foto já fala por si o segundo fator: Rafael e Handra, seus filhos foram também alunos do Niten.
Nesta foto, amanheci no seio desta bela família, a 5 graus celcius.
Ver a cultura gaúcha acompanhado de churrasco e dança típica fecham com chave de ouro qualquer jornada.
Decidi que a partir deste dia, iria conhecer todos os povos e suas culturas levando a eles a espada que dá a vida .
O 1° Workshop - A Espada Samurai foi no Sesc Ipiranga, recém inaugurada. Estiveram nada menos que 50 participantes.
O 1° curso de Jô aberto ao público no Brasil foi na academia Saga. Alunos do Niten também participaram.
Apresentação do Niten no Festival de Lamen, promovido pela associação Hokkaido. É o Niten auxiliando a levantar fundos para o Hokkaido .
Visita de um professor de Kendo 8°dan do Japão e sua esposa nos primeiros dias da unidade Hokaido. Neste dia o visitante disse que pela 1ª vez teve a oportunidade de conhecer alguém que lutasse com as 2 espadas. Saiu emocionado com a versatilidade dos kamaes (posturas).
Aula de estratégia e cultura Samurai nos primeiros dias. Tamanho o interesse dos brasileiros que tive a certeza que não seriam necessárias medalhas no Caminho Verdadeiro.
O templo zên Bushinji também foi palco de histórias boas do Niten. Na época fui convidado pela monja Coen para fazer parte do Bushinji e assim levar a todos o melhor da espada e do zên aos brasileiros.
Alunos do zên também vieram suar.
O copo sujo nasceu daqui e faz parte da cultura Niten.
O monge Shozan veio do Japão e foi um dos grandes colaboradores para a difusão do Niten. Sempre atento aos treinos me impressionou a seguinte frase ao dizer sobre um determinado aluno que eu acreditava ser esforçado :
- Aquele lá esta só brincando de ser samurai.
Não é que ele acertou?
Comecei a observar melhor a partir deste dia.
Em todos os Caminhos existem alunos que, na verdade, estão apenas brincando...
Neste fim de semana, nosso grupo de jovens, o Hayabusa, levou as espadas para a casa Hope, famosa por dar apoio às crianças em tratamento de câncer
Relembro-me da época em que estava no internato no hospital.
Infelizmente, como médico, minha atuação era limitada: não conseguia fazê-las felizes; não conseguia fazê-las sorrir...
Infelizmente, como atleta, minha visão era restrita: não conseguia fazer as pessoas felizes (só eu ganhava a medalha); não conseguia fazê-las sorrir (inveja de quem não conseguia ser aprovado)...
Hoje, levando a espada que dá a vida, regozijo-me de conseguir o que durante décadas não consegui.
E o depoimento de um dos alunos participantes poderá fazê-lo acreditar no que estou dizendo: que "o Niten é, literalmente, a Espada que Dá a Vida".
Esses meus garotos do Hayabusa estão de parabéns!
Confira:
"Com licença,
Primeiramente domo arigato gozaimashita ao Senpai (coordenador) Fugita e todo o pessoal do Hayabusa por terem realizado esse evento, assim como todas as crianças que participaram ou apenas assistiram, isso já foi bastante gratificante.
Ver o sorriso e a alegria das crianças ao som do primeiro Kiai (grito) já foi o suficiente para ganhar o dia e confesso que fiquei bastante surpreendido com a atitude delas, de deixar o seus problemas de lado e entrarem com tudo no espírito samurai.
O que mais me marcou foi ver um garoto que mesmo usando cadeira de rodas teve a coragem de por o bogu (equipamento de proteção) e ir a luta, naquele momento eu pude presenciar o verdadeiro sentido do primeiro voto do Hagakure, que é: "Nunca ser superado no Caminho do Samurai."
Assim que o evento terminou o senpai mesmo disse que cada um de nós temos uma luta própria e que não devemos deixar de lutar por mais que tenhamos algum tipo de dificuldade, esse garoto assim como todos os outros que estavam lá foram um grande exemplo dessa luta que cada um de nós enfrenta no dia a dia.
Mais uma vez domo arigato gozaimashita pela oportunidade de vivenciar isso e onegai shimasu (por favor)! espero que possamos fazer mais vezes!Sayonara, domo arigato gozaimashita!"
Francesco Leandro - (Unidade Vila Mariana)