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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    26-jul-2013

    Hidensho 38 - O Imaterial


    "Estive pensando sobre o meu treino desta última quarta-feira e os 10 golpes consecutivos recebidos do Sensei e sinto que toda esta meditação foi inconclusiva.
    Consigo lembrar-me dos cortes que em eras passadas separariam os braços das mãos. Em uma movimentação que não era rápida ou fintada, apenas reagia ao ambiente para entregar o golpe necessário. Como se a luta simplesmente me conduzisse aos movimentos necessários para que os cortes fossem executados.

    Recordo-me então de uma cena na história de Musashi Sensei, que, ainda jovem, ao buscar um confronto com Yagyu Sekishusai, encontrou uma única flor cortada por ele, e, ao visualizar o ponto onde o caule foi golpeado, sentiu quão estava distante da qualidade do corte que o mestre executara. Será que eu já estava cortado antes mesmo da luta começar?" - Marques Daniel (Unidade Sumaré)

     

    Em eras passadas eram necessários os braços separados, o crânio partido ou a vida perdida para colocar à prova a Estratégia. Para ter a certeza se você tinha ou não o talento e até onde ele chegara. Felizmente, hoje com o equipamento de proteção (bogu) e as espadas de bambu (shinai) é possível sabermos (e nos convencermos) da eficácia do que os antigos denominavam de KENJUTSU e a partir disto, comprovar o nosso verdadeiro talento, habilidade e conhecimento na Estratégia.

    Musashi Sensei (1584-1645), fundador de nosso estilo Hyoho Niten Ichi Ryu Kenjutsu, e que já era muito talentoso àquela altura, tinha olhos para entender em um simples caule cortado que o seu oponente era habilidoso o suficiente para o seu "treino". Seguindo esta linha de pensamento e transpondo-o aos dias de hoje, somente aquele que evoluiu bem no treinamento saberá (e se convencerá) do verdadeiro poder que está por trás da execução de 10 golpes consecutivos  sobre o seu oponente. No caso deste depoimento, no golpe sobre o hidari kote (antebraço esquerdo) realizado a partir do Joge Nito (posição de duas acima e abaixo) sobre o oponente com Itto (uma espada). O treino foi cronometrado e tudo ocorreu num piscar de olhos: 2 minutos. 

    Obviamente que isto não ocorreria se não houvesse, como comentei, o material bogu e o shinai dos dias de hoje.

    E do imaterial, espiritual, conhecimento secreto ainda não desvendado, que leva o nome do Café de hoje e de tantos outros: Hidensho.

     

    É possível que a reflexão de Marques não tenha sido inconclusiva.
     

    "Conhecimento não Desvendado"

    24-jul-2013

    Samurais vs frio

    1º Voto do Hagakure: Nunca ser superado no Caminho do Samurai.

    O frio chegou e levei um golpe que eu não esperava.

    Os 20 anos se passaram e pelo jeito os alunos também.
    Preciso rever os meus conceitos depois deste email:

    Konbawa, Sensei.
    Shitsurei shimassu,
    Hoje, em um dos dias mais frios do ano, fui treinar na Unidade Sumaré como tenho por costume, quando não estou em viagens a trabalho.
    Qual foi a minha surpresa quando percebi que todos os 11 samurais presentes foram para treinar Iaijutsu! Um exemplo do entendimento do primeiro voto do Hagakure, realmente.
    É verdade que não tenho muito tempo de Niten, mas lembro-me de que certa vez treinamos em 3 apenas, espremidos no cantinho do dojo, pois havia muitos alunos de Kenjutsu.
    Senti-me feliz de ver que os praticantes de Iai estão com o espírito forte e cheios de KIAI para treinar. Isso elevou ainda mais minha sede pelo treinamento.
    Não poderia terminar sem deixar de lembrar da passagem do Shin Hagakure "Sibéria Brasileira, a Última Chance": pode ser que São Paulo não tenha chego aos -3ºC nesta terça-feira, mas esses 11 samurais mostraram que não temem tal adversário."
    Cavalcante - Unidade Vila Mariana - Templo Nikkyoji

    Como bem foi citado por um aluno no Café passado: "O que nós fazemos é incrivel!"
    E, por ser incrível, nem o frio tirou a disposição dos alunos na noite mais fria dos últimos 13 anos.
    Continuem me golpeando.
    Estou torcendo por todos vocês!




    "Sibéria não é mais problema no Niten?"

    23-jul-2013

    Um arco-íris no final do dia

    O dia em que os nossos jovens vislumbraram um arco-íris no final do dia: anteontem, domingo, no Anime Friends.
    Não preciso falar sobre mangás, pois sei que eles sabem muito mais do que eu.
    O Hayabusa (grupo dos jovens do Niten) esteve lá e, pelo que ouvi, fizeram sucesso. Entre apresentações e workshops, levaram a filosofia samurai às novas gerações. Bravos!
    Além de se divertirem bastante, pelo que entendi, chegaram a conclusões interessantes que repasso aqui no Café (não esqueça de ver o arco-íris no final):
     
     
    "Aprendi que o importante não está em grandes atos ou em grandes medidas, que o importante está no pequeno detalhe, seja ele um Arigatou gozaimashitá (Muito obrigado) ao senpai (veterano) ou um "Gambate!" (Força!) a um colega de treino assim mantemos o que é de grande importância: os valores, virtudes, e em especial os laços de amizade que criamos e fortalecemos naquele dia.
     
    Aprendi também que não precisamos "nos mostrar grandiosos" ou tentar fazer atos incríveis no palco, afinal como o senpai Fugita disse [shitsurei-shimassu(licensa) por citá-lo]: "O que nós fazemos já é incrível"!
     
    Então por isso apenas temos que fazer o que sempre fazemos sem criar ou inventar nada, dando sempre o nosso máximo e fazendo aquilo com emoção.
     
    A importância de manter os ensinamentos no dia a dia também foi uma lição que pude absorver quando um ex-praticante de Kendo da cidade de Franca veio até nós e elogiou o Niten, o trabalho que estávamos fazendo, falando que devíamos continuar com o bom trabalho pois os valores que aprendíamos ali era o que nos impedia de ir para o "mal caminho" e que iria nos tornar boas pessoas.
     
    Foram vários os momentos que gostei mas o que mais gostei foi quando antes de irmos ao palco estávamos treinando duro para estarmos afiados nos katas (sequências) e irmos nos apresentar e fomos agraciados com um belo arco-íris ao qual todos pudemos observar e em seguida treinar sobre a luz do sol e de um belo arco-íris.
     
    Arigato gozaimashitá Sensei."- Rezende (Unidade Tatuapé)
     
    Divertir. Brincar. Aprender.
    Três palavras que fazem do Niten um local único no aprendizado do Caminho Samurai, e quem me conhece sabe como gosto de me divertir e brincar.
    Há uma lenda que diz que os duendes escondem um tesouro no final do arco-íris. 
    Os nossos jovens foram agraciados pelos Deuses com este arco-íris, que onde, com certeza, existe um grande tesouro. Um tesouro que lhes dará asas para voarem livres como eternos Hayabusas*!
     
     
    Hayabusa = Falcão Peregrino em Japonês, o animal mais veloz (até 389/kmh)

    "Um tesouro no final do dia"

    18-jul-2013

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    Dia de treino com jojutsu na Unidade de Itaim. Apesar do perigo, alguns dias, a demanda era tanta que precisávamos subir ao palco para que todos pudessem treinar. Sucesso total. 

     
     


    Pelo agasalho que estou vestindo, concluo que seja nos primeiros anos do NIten.
    Explico: o agasalho era o uniforme da seleção brasileira de kendo quando fui para Toronto em 1991. Depois de um treino suado no inverno, os Momentos de Ouro era tudo do que precisavam os alunos para fechar uma noite bem dormida. Neste dia, havia um visitante praticante de kendo. Note que o piso parecia gelo. E era... 

     




    Aula no Congresso Brasileiro de Artes Marciais na FEFISA (1995) 

     



    Ritual sagrado depois da aula de sábado de manhã: água de coco no sacolão da frente. Fizesse frio ou calor, depois da aula tinha que ter a tão esperada água de coco. Os alunos naquela época estavam acostumados a me ver com uma blazer ou "roupa de médico". Isto porque eu andava com um bip (tipo um aparelho para chamar os médicos, quando ainda não havia o celular), e caso fosse "bipado", precisava ir ao hospital no meio de uma aula. Não estavam acostumados a me ver de "samue" como hoje. 
    Nesta foto está Tereza, pediatra. Foi a primeira aluna do Niten.


     

    17-jul-2013

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    Osvaldo foi certamente o primeiro aluno de Iai. Nesta época, as aulas ocorriam às terças a noite, após um dia inteiro em hospitais e ambulatórios. O celular na foto até que é pequeno, comparado aos da época.
    Algumas vezes, as aulas transcorriam com a roupa branca, como neste foto.
    Lembro-me de ter que correr às pressas após esta aula, para dar assistência a um paciente com complicações no pós-operatório.




    Durante a apresentação das teses, um fato inusitado: um aluno trouxe uma cascavel para ilustrar melhor a sua parte. Foi a tese vencedora do ano. 




    Milton foi o primeiro aluno de Shindo Muso Ryu Jodo na América Latina.
    Falava pouco. Chegava sempre adiantado (1 hora antes de início), fazia a limpeza do local muitas vezes sozinho e era o último a ir embora.
    Do tipo raro que faz falta.




    Local predileto nos finais de ano, o karaoke do Niten era sempre um sucesso.
    Aqui tento ensinar uma das canções que marcaram uma época: "Subaru"





    Um dia no Zoológico




    Nos estudios de uma TV.
    O pessoal do programa do Thunderbird havia marcado que chegássemos às 13h para a gravação, mas ficamos até às 18h esperando.
    No fim um misto de revolta e frustração: o programa encerrou e não fizemos a gravação (só quem já passou por esta humilhação sabe o que estávamos sentindo).
    Mas no fim, fechamos em clima de bom humor e alegria : com um bom "copo sujo".




    Era assim nos primeiros dias: alunos de meia idade que já haviam passado por outras artes marciais e que buscavam o "algo mais" que não haviam encontrado. Nada de medalhas ou troféus
    Pouco a pouco estes 5 se tornaram 20 e dos 20 chegaram aos 50.  E hoje...
    Acredito que encontraram...




    16-jul-2013

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    Podemos dizer que estes foram os primeiros brasileiros praticantes do Iai na América Latina.





    A abordagem do treinamento com a katana faz sentido no Niten, uma vez que o objetivo é resgatar a tradição guerreira dos samurais.





    A busca da perfeição nos mínimos detalhes era feita no palco da antiga Unidade Itaim, o local de partida de todas as outras.





    Ao contrário do que pensavam os japoneses na época, os brasileiros, no Niten, puderam demonstrar que tinham percepção suficiente para entender a cultura japonesa.





    Kendoca do Peru visita o Niten nos primeiros dias. O interesse em aprender técnicas novas é grande já nos primeiros dias da Unidade Itaim.




     Logo a seguir, praticantes de outros grupos de kendo do Peru vieram para aprender as técnicas do Niten. Nesta noite, uma comitiva de três praticantes!





    No SESC São José do Rio Preto. Após 8 horas de de van, fizemos demonstrações de kenjutsu, iaijutsu e jojutsu. O final foi compensador com muita diversão e alegria.




    Ao meu lado, Iwassaki, esposa, sua filha e seu filho: Confraternização do Niten com grupo de kendo no interior paulista. Na época, o instrutor de lá, Iwassaki, japonês formado pela universidade de Kokushikan,  foi o técnico da seleção brasileira em Seul1988 e Toronto1991, na qual participei como capitão.
      Havia desde aquela época,  uma grande amizade e que perdura até os dias de hoje. Suamos, rimos e choramos juntos por várias vezes. Um grande amigo que me apoiou a seguir o meu próprio Caminho : O Niten.
    Observe que o coordenador Joel também estava aqui.
      Não dá para acreditar...



     

    12-jul-2013

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    Lê-se no fundo " A conquista do espaço ". Neste dia dá se início a primeira de centenas de minhas jornadas às unidades do Niten.
    A mais antiga unidade do Niten: Porto Alegre.
    Os mais novos talvez não conheceram o aeroporto antigo que está nesta foto.





    No treino, Percebi que os gaúchos tinham uma garra diferente do que já havia visto, o que explica toda a história do Sul.




    Sempre digo que é importante ter uma família que te apoia em seus projetos.
    O sucesso de Joel se deveu a dois fatores: a primeira foi a sua determinação em pegar 20 horas em um ônibus até SP, me encontrar e falar:
    -Eu quero ser coordenador do Niten!
    A foto já fala por si o segundo fator: Rafael e Handra, seus filhos foram também alunos do Niten.
    Nesta foto, amanheci no seio desta bela família, a 5 graus celcius.





    Ver a cultura gaúcha acompanhado de churrasco e dança típica fecham com chave de ouro qualquer jornada.
    Decidi que a partir deste dia, iria conhecer todos os povos e suas culturas levando a eles a espada que dá a vida .

    05-jul-2013

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    O 1° Workshop - A Espada Samurai foi no Sesc Ipiranga, recém inaugurada. Estiveram nada menos que 50 participantes. Motivador para o início dos 20 anos. Na foto estão alunos do Niten (e familiares) que deram assistência no dia.



    O 1° curso de Jô aberto ao público no Brasil foi na academia Saga. Alunos do Niten também participaram.



    Apresentação do Niten no Festival de Lamen, promovido pela associação Hokkaido. É o Niten auxiliando a levantar fundos para o Hokkaido .



    Visita de um professor de Kendo 8°dan do Japão e sua esposa nos primeiros dias da unidade Hokaido. Neste dia o visitante disse que pela 1ª vez teve a oportunidade de conhecer alguém que lutasse com as 2 espadas. Saiu emocionado com a versatilidade dos kamaes (posturas).






    Aula de estratégia e cultura Samurai nos primeiros dias. Tamanho o interesse dos brasileiros que tive a certeza que não seriam necessárias medalhas no Caminho Verdadeiro.



    O templo zên Bushinji também foi palco de histórias boas do Niten. Na época fui convidado pela monja Coen para fazer parte do Bushinji e assim levar a todos o melhor da espada e do zên aos  brasileiros.



    Alunos do zên também vieram suar.
    O copo sujo nasceu daqui e faz parte da cultura Niten.




    O monge Shozan veio do Japão e foi  um dos grandes colaboradores para a difusão do Niten. Sempre atento aos treinos me impressionou a seguinte frase ao dizer sobre um determinado aluno que eu acreditava ser esforçado :
    - Aquele lá esta só brincando de ser samurai.
    Não é que ele acertou?
    Comecei a observar melhor a partir deste dia.
    Em todos os Caminhos existem alunos que, na verdade, estão apenas brincando...



    01-jul-2013

    Conseguir fazê-los sorrir


    Neste fim de semana, nosso grupo de jovens, o Hayabusa, levou as espadas para a casa Hope, famosa por dar apoio às crianças em tratamento de câncer (www.hope.org.br).
    Relembro-me da época em que estava no internato no hospital.
    Infelizmente, como médico, minha atuação era limitada: não conseguia fazê-las felizes; não conseguia fazê-las sorrir...
    Infelizmente, como atleta, minha visão era restrita: não conseguia fazer as pessoas felizes (só eu ganhava a medalha); não conseguia fazê-las sorrir (inveja de quem não conseguia ser aprovado)...
    Hoje, levando a espada que dá a vida, regozijo-me de conseguir o que durante décadas não consegui.
    E o depoimento de um dos alunos participantes poderá fazê-lo acreditar no que estou dizendo: que "o Niten é, literalmente, a Espada que Dá a Vida".
    Esses meus garotos do Hayabusa estão de parabéns!
    Confira:

     

    "Com licença,
    Primeiramente domo arigato gozaimashita ao Senpai (coordenador) Fugita e todo o pessoal do Hayabusa por terem realizado esse evento, assim como todas as crianças que participaram ou apenas assistiram, isso já foi bastante gratificante.
    Ver o sorriso e a alegria das crianças ao som do primeiro Kiai (grito) já foi o suficiente para ganhar o dia e confesso que fiquei bastante surpreendido com a atitude delas, de deixar o seus problemas de lado e entrarem com tudo no espírito samurai.
    O que mais me marcou foi ver um garoto que mesmo usando cadeira de rodas teve a coragem de por o bogu (equipamento de proteção) e ir a luta, naquele momento eu pude presenciar o verdadeiro sentido do primeiro voto do Hagakure, que é: "Nunca ser superado no Caminho do Samurai."
    Assim que o evento terminou o senpai mesmo disse que cada um de nós temos uma luta própria e que não devemos deixar de lutar por mais que tenhamos algum tipo de dificuldade, esse garoto assim como todos os outros que estavam lá foram um grande exemplo dessa luta que cada um de nós enfrenta no dia a dia.
    Mais uma vez domo arigato gozaimashita pela oportunidade de vivenciar isso e onegai shimasu (por favor)! espero que possamos fazer mais vezes!

    Sayonara, domo arigato gozaimashita!"
    Francesco Leandro - (Unidade Vila Mariana)




    Hayabusa e as Crianças da Hope



    Fazê-las sorrir



    Vontade sem limites!


     




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