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A busca pela perfeição é um dos objetivos no treinamento do samurai.
Postura, olhar, posição das mãos e pés.
Entretanto, o perigo deste treinamento está em se esquecer do objetivo primordial, que é o treino com a "espada samurai", o vencer. Ocupar-se em demasia com a "coreografia perfeita", manter uma bela postura, do que buscar a chave para a vitória, é buscar a derrota certa.
O treinamento não visa apenas fazer uma coreografia perfeita para todos verem e aplaudirem. Não é balé, não é circo. Trata-se de um treinamento para o duelo, vida ou morte. O verdadeiro treino deve focar os aspectos físico, mental e espiritual, com o objetivo único de vencer.
Nosso mestre, Miyamoto Musashi, nunca foi derrotado em seus 60 duelos, sendo que o primeiro foi aos 13 anos e o último em seus últimos dias de vida (e não contra Sasaki Kojiro aos 30 anos, como pensa a maioria).
Após a luta na ilha de Ganryujima contra Sasaki Kojiro, ao contrário do que acontece no ocidente, onde o sujeito passa a colher os louros da vitória e se tornar cada vez mais público, Musashi sensei buscou o silêncio, peregrinando pelo Japão e vivendo uma vida que poucos conhecem. Seguiu aprimorando-se em silêncio.
Em seus últimos anos de vida, em Kumamoto, no feudo dos Hosokawa, conheceu o monge Shunzan, do templo Taishoji (onde são cultuados os antepassados da família Hosokawa). Nesta época então, alcançou o estado de Banri Ikuu, um estado de Paz, onde é possível vislumbrar, em sua plenitude, o duelo perfeito.
Banri Ikuu, um estado de Paz, que se aplica na Guerra. Um estado de poder tão abrangente que é possível vencer sem discórdia nem derramamento de sangue.
Mesmo em estado absoluto de Paz, em seus últimos anos de vida, o Mestre manteve seu foco naquilo que sempre tenho dito: ser imbatível.
O duelo (Torneio Individual) será no mês que vem, mas ele já começou.
"Como assim?"
Como assim? Você ainda não escolheu sua arma?!!!
Para que a sua vida não se torne apenas "Cinzas de Carnaval"
Feito isto, colocar todos os seus esforços, de forma ininterrupta. Atacar sem perder de vista o alvo a ser alcançado.
Falar é fácil, fazer é difícil. É preciso aqui, algumas ferramentas para se conseguir o "de forma ininterrupta". É preciso um mestre ao seu lado, verdadeiro, obviamente . Além disso, um ambiente propício onde todos partilhem do seu mesmo ideal.
Uma comunidade guerreira que busca costumes e tradições antigas?
"Diga-me com quem andas que te direi quem és" - pode ser.
Se você encontrar um mestre ou amigos que estão longe de serem "foliões de carnaval¨, agarre-se a eles com todas as suas forças, hoje em dia é difícil encontrar até mesmo no Japão.
Pois com estes, desfrutará de sentimentos e conhecimentos que jamais imaginou existirem dentro de sua ampla intelectualidade e saber ocidental. Longe das mesmices do seu dia a dia.
Uma destas descobertas poderá ser o "Banri Ikku", deixada pelo meu mestre Miyamoto Musashi (1584-1645). Musashi sensei dizia que ao se treinar as técnicas da nossa escola, adquirimos muito mais do que capacidade de enxergar com os olhos físicos (kenken no me), mas evoluir para um estágio em que os olhos físicos não serão mais necessários, apenas os olhos da alma (kanken no me). Olhos que têm o poder de reconhecer os sentimentos mais profundos que habitam o interior dos inimigos.
Ver a Verdade que está por trás das coisas, onde a dúvida e a ilusão inexiste, comparável a um estágio de iluminação (satori), o qual denominou: "o Nada".
Em outras palavras, extinguem-se todas as dúvidas em relação à sua técnica na espada. Forja-se um espírito inamovível.
Chegará ao estado que poucos conseguiram: o de ver o que não pode ser visto.
Poderá você pensar que poderes sobrenaturais como estes, só nos filmes. Dirá que nós (eu e Musashi sensei), estamos delirando e vivendo uma grande mentira.
Antes que conclua qualquer coisa, há algo que vale ser lembrado: Musashi venceu em sua vida mais de 60 duelos.
Os tempos não mudaram. Os duelos do dia a dia continuam e aquele que estiver dotado com estes "poderes sobrenaturais" acabará vencendo: aprovado no emprego, no vestibular, sucesso profissional e vivendo intensamente.
O "sobrenatural" está em seu potencial humano! Pare de se enganar.
Duelo entre Sasaki Kojiro (direita) e Musashi Sensei (esquerda)
"Sentar com o Sensei junto com outros alunos em uma conversa
Um Gashuku incrível e inesquecível !"
Neves - Santos
"
Eu sei o que eu quero e principalmente, eu sei que com o treino o meu Caminho a cada dia fica mais iluminado e com a melhor arma para vencer a guerra do dia a dia: a paz."
Gabrielle - Caxias do Sul
"Shitsureishimasu Sensei e Senpai Wenzel.
Quis escrever este e-mail apenas para dizer que fico com o coração
Kaminoda Sensei também foi bem marcante na minha vida, apesar de ter tido bem menos contato do que o Sensei e o Senpai.
Acho que boa parte da minha paixão pelo jojutsu veio de como observava a paixão de Kaminoda Sensei pelo que fazia. Não conheço muitos mestres japoneses mas mesmo para um leigo é possível ver que Kaminoda Sensei se destacava.
O respeito e as histórias que o Sensei me contou sobre Kaminoda Sensei também ficam constantemente em minha memória, além dos momentos inesquecíveis nos eventos Grandes Mestres.
Só tenho a agradecer Sensei, por ter nos proporcionado esta experiência e a possibilidade de conhecer Kaminoda Sensei, pois como sempre diz, e inclusive falou recentemente: o mundo carece de Mestres. Domo Arigatou gozaimashitá!
Okagesama também por ter encontrado o Sensei e o Instituto Niten, lugar onde coisas incríveis e únicas acontecem, e onde se vive intensamente!"
Kenzo - Unidade Rio de Janeiro
"Shitsurei shimassu!
Foi com muito pesar que recebi a triste notícia do falecimento de Kaminoda Sensei.
Não o conheci pessoalmente, infelizmente, mas nestes anos de Niten vejo seu legado sendo levado a termo com
tanta seriedade e dedicação que posso dizer que ele tem caminhado entre nós, nos ajudando a manter esse
pilar fundamental que é o Jojutsu em nosso Instituto.
Sensei, Senpai Wenzel, domo arigatou gozaimashita por todo vosso esforço e dedicação na solidificação
do Shindo Muso Ryu Jojutsu no Niten!
Desejo à família de Kaminoda Sensei que tenha paz e força para superar a perda dolorosa e que
a transição de Kaminoda Sensei tenha sido tranquila.
Neste sábado faremos um treino firme de Jojutsu em memória e honra de nosso venerável Mestre.
Arigatou gozaimashita!
Sayounara"
Helano - Unidade Fortaleza
"Apenas um sentimento a respeito do falecimento de Kaminoda Sensei, algo que surgiu no meu coração:
Kaminoda Sensei,
Através do Sensei Jorge Kishikawa
sinto que o conheci.
Que através do Niten
é como se nunca tivesse partido.
Que através de nós
é como se ainda estivesse aqui.
Que a cada passo
nada nunca tem fim.
Domo Arigato Gozaimashitá.
Sayounará."
Rovere - Unidade Ponta Grossa
Faleceu ontem às 01:45 da madrugada o maior mestre da arte do bastão, Tsunemori Kaminoda.
Sou muito grato
Neste último, mestre Kaminoda era um tanto excêntrico (radical ao meu ver), e que somente anos mais tarde vim a compreender o por quê.
Mestre Kaminoda esteve por duas vezes no Brasil e nos presenteou com a sua personalidade e caráter, nos deixando muitas lembranças que marcaram o Niten para a eternidade.
Que a sua alma descanse em paz...
Local de fundação do Ishin Ryu Kusarigama jutsu - Um dos primeiros estilos de espada fundados no Japão
Passando informações sobre os estilos no quarto de hotel
Uma pausa para um chá
Almoço com Sensei e Mika Sensei
Gashuku da Nihon Jodo Kai na Província de Chiba
Kaminoda Sensei em Brasília
Treino no Rio de Janeiro
Primeira visita ao Brasil em 2002
Treinamento no Forte da Urca - Rio de Janeiro
Serra dos orgãos - Teresópolis RJ
Kaminoda Sensei em 2002 no Brasil
O carnaval já acabou e março já está aqui.
Para o samurai moderno, mais que tarde para ir à guerra.
Relembrar os movimentos dos antigos (Katas), recitar os "mantras" do mestre (Momentos de Ouro) e partir para a luta (Treinamento): Os Três Escudos do Niten.
Assim eram os samurais do Hagakure, assim são os samurais do Niten.
Em uma guerra onde a sua pele (seu emprego, seu negócio ou o vestibular) está por um fio, você tem que acreditar em algo que seja forte, arraigado na tradição. Energia.
Por outro lado, só acreditar que vai vencer não basta. Aí já é arrogância. É talvez, pior do que não acreditar
Longe de ser arrogante, o samurai, em tempos difíceis, recorria aos antigos, ao conselho dos sábios e aos fundamentos . Um escudo perfeito para não serem alvejados e tombarem mortos.
Compreendido isto, vamos à luta.
O Gashuku (treinamento intensivo) foi neste fim de semana (para fortalecer o seu escudo).
E já, neste exato momento, tem uma flecha voando em sua direção.
Digo a meus alunos que, uma vez brasileiro, pular no Carnaval é necessário.
Pelo menos uma vez na vida. Não mais que isto.
Lembro me de quando tinha uns 5 anos e fui "introduzido" ao ritual. Minha madrinha de batismo era corinthiana e me levou junto com os seus filhos para nos divertirmos. Lá no Corinthians. Lembro me até hoje das canções. Dos confetes. Das serpentinas...
Se nos divertimos? Eles sim, eu nem tanto. Fiquei até um pouco assustado. Mas valeu à pena a experiência.
Desde então, excetuando um ou outro, os meus carnavais têm sido momentos de reflexão, e a partir de um certo período de amadurecimento em minha vida, tenho relacionado com a nossa existência.
Comparo o mundo ao carnaval. Pessoas dançam, pulam e brincam cada um à sua maneira, mas sempre ao ritmo de uma marchinha. E não é assim a vida? Somos todos perfeitos foliões pulando ao ritmo de alguma marchinha que não a nossa. Nascemos, estudamos, trabalhamos e morremos. Só.
Decidi pois, mais do que ter uma vida em vão, "pular" ao ritmo da minha própria marchinha: a espada.
Neste carnaval, "pulei" todos os dias acompanhados de meus alunos e certamente valeu à pena:
"Foi um dos melhores Carnavais que já tive. A sensação de exaustão se mistura com a de conquista por ter chegado ao final e de poder estar um tempo a mais próximo ao Sensei ." (Miyamoto Marcia - Unidade Vila Mariana)
A nossa existência, se não despertarmos para um algo maior (algo como o aprimoramento e busca do equilíbrio), será como a dos foliões de carnaval: não sobrará nada.
Apenas cinzas.