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"Um tesouro no final do dia"
Osvaldo foi certamente o primeiro aluno de Iai. Nesta época, as aulas ocorriam às terças a noite, após um dia inteiro em hospitais e ambulatórios.
Algumas vezes, as aulas transcorriam com a roupa branca, como neste foto.
Lembro-me de ter que correr às pressas após esta aula, para dar assistência a um paciente com complicações no pós-operatório.
Durante a apresentação das teses, um fato inusitado: um aluno trouxe uma cascavel para ilustrar melhor a sua parte. Foi a tese vencedora do ano.
Milton foi o primeiro aluno de Shindo Muso Ryu Jodo na América Latina.
Falava pouco. Chegava sempre adiantado (1 hora antes de início), fazia a limpeza do local muitas vezes sozinho e era o último a ir embora.
Do tipo raro que faz falta.
Local predileto nos finais de ano, o karaoke do Niten era sempre um sucesso.
Aqui tento ensinar uma das canções que marcaram uma época: "Subaru"
Um dia no Zoológico
Nos estudios de uma TV.
O pessoal do programa do Thunderbird havia marcado que chegássemos às 13h para a gravação, mas ficamos até às 18h esperando.
No fim um misto de revolta e frustração: o programa encerrou e não fizemos a gravação (só quem já passou por esta humilhação sabe o que estávamos sentindo).
Mas no fim, fechamos em clima de bom humor e alegria : com um bom "copo sujo".
Era assim nos primeiros dias: alunos de meia idade que já haviam passado por outras artes marciais e que buscavam o "algo mais" que não haviam encontrado. Nada de medalhas ou troféus
Pouco a pouco estes 5 se tornaram 20 e dos 20 chegaram aos 50. E hoje...
Acredito que encontraram...
Lê-se no fundo " A conquista do espaço ". Neste dia dá se início a primeira de centenas de minhas jornadas
A mais antiga unidade do Niten: Porto Alegre.
Os mais novos talvez não conheceram o aeroporto antigo que está nesta foto.
No treino, Percebi que os gaúchos tinham uma garra diferente do que já havia visto, o que explica toda a história do Sul.
Sempre digo que é importante ter uma família que te apoia em seus projetos.
O sucesso de Joel se deveu a dois fatores: a primeira foi a sua determinação em pegar 20 horas em um ônibus até SP, me encontrar e falar:
-Eu quero ser coordenador do Niten!
A foto já fala por si o segundo fator: Rafael e Handra, seus filhos foram também alunos do Niten.
Nesta foto, amanheci no seio desta bela família, a 5 graus celcius.
Ver a cultura gaúcha acompanhado de churrasco e dança típica fecham com chave de ouro qualquer jornada.
Decidi que a partir deste dia, iria conhecer todos os povos e suas culturas levando a eles a espada que dá a vida .
O 1° Workshop - A Espada Samurai foi no Sesc Ipiranga, recém inaugurada. Estiveram nada menos que 50 participantes.
O 1° curso de Jô aberto ao público no Brasil foi na academia Saga. Alunos do Niten também participaram.
Apresentação do Niten no Festival de Lamen, promovido pela associação Hokkaido. É o Niten auxiliando a levantar fundos para o Hokkaido .
Visita de um professor de Kendo 8°dan do Japão e sua esposa nos primeiros dias da unidade Hokaido. Neste dia o visitante disse que pela 1ª vez teve a oportunidade de conhecer alguém que lutasse com as 2 espadas. Saiu emocionado com a versatilidade dos kamaes (posturas).
Aula de estratégia e cultura Samurai nos primeiros dias. Tamanho o interesse dos brasileiros que tive a certeza que não seriam necessárias medalhas no Caminho Verdadeiro.
O templo zên Bushinji também foi palco de histórias boas do Niten. Na época fui convidado pela monja Coen para fazer parte do Bushinji e assim levar a todos o melhor da espada e do zên aos brasileiros.
Alunos do zên também vieram suar.
O copo sujo nasceu daqui e faz parte da cultura Niten.
O monge Shozan veio do Japão e foi um dos grandes colaboradores para a difusão do Niten. Sempre atento aos treinos me impressionou a seguinte frase ao dizer sobre um determinado aluno que eu acreditava ser esforçado :
- Aquele lá esta só brincando de ser samurai.
Não é que ele acertou?
Comecei a observar melhor a partir deste dia.
Em todos os Caminhos existem alunos que, na verdade, estão apenas brincando...
Neste fim de semana, nosso grupo de jovens, o Hayabusa, levou as espadas para a casa Hope, famosa por dar apoio às crianças em tratamento de câncer
Relembro-me da época em que estava no internato no hospital.
Infelizmente, como médico, minha atuação era limitada: não conseguia fazê-las felizes; não conseguia fazê-las sorrir...
Infelizmente, como atleta, minha visão era restrita: não conseguia fazer as pessoas felizes (só eu ganhava a medalha); não conseguia fazê-las sorrir (inveja de quem não conseguia ser aprovado)...
Hoje, levando a espada que dá a vida, regozijo-me de conseguir o que durante décadas não consegui.
E o depoimento de um dos alunos participantes poderá fazê-lo acreditar no que estou dizendo: que "o Niten é, literalmente, a Espada que Dá a Vida".
Esses meus garotos do Hayabusa estão de parabéns!
Confira:
"Com licença,
Primeiramente domo arigato gozaimashita ao Senpai (coordenador) Fugita e todo o pessoal do Hayabusa por terem realizado esse evento, assim como todas as crianças que participaram ou apenas assistiram, isso já foi bastante gratificante.
Ver o sorriso e a alegria das crianças ao som do primeiro Kiai (grito) já foi o suficiente para ganhar o dia e confesso que fiquei bastante surpreendido com a atitude delas, de deixar o seus problemas de lado e entrarem com tudo no espírito samurai.
O que mais me marcou foi ver um garoto que mesmo usando cadeira de rodas teve a coragem de por o bogu (equipamento de proteção) e ir a luta, naquele momento eu pude presenciar o verdadeiro sentido do primeiro voto do Hagakure, que é: "Nunca ser superado no Caminho do Samurai."
Assim que o evento terminou o senpai mesmo disse que cada um de nós temos uma luta própria e que não devemos deixar de lutar por mais que tenhamos algum tipo de dificuldade, esse garoto assim como todos os outros que estavam lá foram um grande exemplo dessa luta que cada um de nós enfrenta no dia a dia.
Mais uma vez domo arigato gozaimashita pela oportunidade de vivenciar isso e onegai shimasu (por favor)! espero que possamos fazer mais vezes!Sayonara, domo arigato gozaimashita!"
Francesco Leandro - (Unidade Vila Mariana)
"Normalmente não escrevo para o Sensei, pois prefiro conversar pessoalmente, já que às vezes um olhar é mais significativo do que palavras.Matriculei-me no Niten no dia 23/04/2003, e tenho certeza de que, em todos os treinos, recebi ao menos um "men" do Sensei. Eu bem poderia ser uma daquelas pessoas que dizem que não servem para o caminho e ter desistido nos primeiros meses. Eis que passaram-se 10 anos e continuo recebendo esse "men" infalível. Depois de alguns meses de frequência irregular, retornei efetivamente aos treinos semana passada e ontem, obviamente, recebi mais um "men" do Sensei. Ao menos, pensei com meus botões, não estou tomando o mesmo "men" de outros treinos, mas sempre fico incomodado por não ter conseguido evitar mais um.
Ao entrar no Niten, queria simplesmente seguir o caminho do Sensei, mas percebi que às vezes a viagem nesse caminho é mais rápida e às vezes é mais lenta. Observei também que o Sensei viaja na velocidade da luz. E mesmo assim ainda consegue tempo de observar se nós, os alunos lembramo-nos de realizar as obrigações mais simples, ao mesmo tempo em que se dedica a aprender o que pra nós é inatingível.
Portanto, por gratidão e para não tomar muito o tempo do Sensei, digo apenas "Arigato Gozaimashita" pelo "men", reflito e continuo, mesmo que seja no meu passo, a seguir o seu caminho.Nesses anos nunca expressei essa gratidão diretamente ao Sensei.
Aproveitando o momento, como concluí o mestrado, tenho um mês para publicar minha dissertação e incluí, além dos agradecimentos, uma epígrafe com uma frase do Shinhagakure que transcrevo abaixo. Espero
que o Sensei concorde com a publicação desse texto.“Você não conseguiu nada sozinho. Não se iluda pensando que tudo o que você conseguiu ou possui em sua vida se deve somente ao seu esforço ou capacidade. Três fatores são importantes para o samurai vencer: a sua capacidade; as suas origens; os colegas de treinamento.”
Agradeço ao Sensei por ensinar-nos, não somente a arte, mas por nos transmitir essencialmente a cultura japonesa.
Arigato gozaimashita
Sayonara. "- Kimura
Ontem, no Japão, um jovem de 16 anos apunhalou o seu colega de classe.
Também no Japão, senhores de meia-idade tem assaltado lojas de conveniência por estarem atolados em dívidas.
Muitas escolas japonesas não cantam e nem ensinam o hino japonês aos alunos.
Estes e muitos outros assuntos impensáveis até há alguns anos estão ocorrendo com frequência. O Japão está mudando e a sua cultura se perdendo.
Aqui no Niten, por outro lado, remamos contra a maré:
Ensinamos a respeitar uns aos outros e aquele que infringir é punido literalmente, até doer;
Assaltar? Nem pensar... Alunos Barrabás são expulsos sumariamente;
As crianças no Niten cantam não só o Hino japonês como todas as outras que remetem-nos a cultura japonesa (e com emoção!)
Bem, mas o que quero lhe passar é que "estou na velocidade da luz " sim, como bem disse Kimura.
E, como uma das consequências é que perder tempo com assuntos fúteis ou pessoas que apenas tomam o meu tempo desnecessariamente não faz parte da minha jornada.
Jogue fora tudo que não presta, inclusive seus "amigos".
Se você tem um desses, diga na velocidade da luz: Sayonara.
Se não, então venha fazer esta jornada que, acredite, é muito emocionante: na velocidade da luz!
"Neste gashuku, foi o quarto do qual eu participei, posso dizer que achei esse o mais puxado de todos, mas também foi o que eu mais aprendi.
Acho que evolui um pouco neste gashuku fiquei impressionado o quanto o meu corpo se fortaleceu, mesmo com asma não queria parar de fazer o último exercício "kakarigeiko".
No dia seguinte era o Iaijutsu, e mais uma vez a sola do pé me incomodava muito, já que não estava cicatrizado. Relaxei no meio do treino e "poc", bati a lâmina da iaito no chão. Talvez se isso não tivesse acontecido, o meu treino do iaijutsu não seria tão bom como foi. Me concentrei três vezes mais e percebi que o meu pé não incomodava mais. Nesta hora acho que tinha superado a dor."
Kuo (Unidade Salvador)
"o mais puxado de todos"
"Cruzar espadas com os colegas de outras unidades distantes sempre fortalece os laços e cresce a noção de que no Niten somos realmente uma grande família, uma senda verdadeira de guerreiros, como diz o nosso hino.
Mesmo não convivendo com frequência com os samurais de outros dojôs, sinto que há uma energia que une a todos e nem precisamos nos conhecer muito para nos sentirmos confortáveis um com os outros. Isso ficou evidente neste Gashuku."
Alarcon (Unidade Rio de Janeiro)
"como uma grande família"
"Como estou em Volta Redonda agora, achei melhor ir de ônibus à São Paulo, de modo que dormi somente duas das quatro horas do trajeto entre as duas cidades,mas só de saber que cruzaria espadas com colegas que há muito não via e aprender um pouco mais diretamente com meu mestre, me davam um choque de adrenalina e uma recarga nas energias!
"cruzar espadas com colegas que há muito não via"Treinamos logo no começo os kamaes (posições) das graduações iniciais: chudan (ponta apontada ao rosto do oponente), as correntezas do leste e oeste, além de hasso (empunhando no ombro) e jodan (ponta apontada ao céu). Correções de técnicas e exercícios de kihon (fundamentos) específicos do kenjutsu melhoraram nosso "arsenal" de kamaes principalmente destes que tem particularidades e diferentes funções. Por exemplo o "escudo" do hidari naname chudan treinado nos transforma em uma pequena fortaleza, a agressividade do hasso, funciona por vezes como aríete e derruba a postura do adversário e por outras corta tudo que vem a frente, com o migi naname chudan pressionamos o adversário e sua espada em busca de sua garganta, no bogu em busca de um yoko men (golpe diagonal sobre a cabeça).
"Correções de técnicas e exercícios de kihon (fundamentos) específicos do kenjutsu melhoraram nosso "arsenal"
O caminho é longo, engana-se aquele que acha que já dominou algum kamae, sempre há algum detalhe oculto e desapercebido e certa vez aprendi com o Sensei que é nos detalhes que se garante a vitória em uma guerra. Penso que depois deste Gashuku aprendemos, treinamos e incorporamos detalhes nas técnicas destes kamaes. Graças a isso, estamos melhor preparados para lutar, seja no treino, seja no dia-a-dia, vez que os horizontes da estratégia foram abertos mais uma vez.
"Detalhes"
Fiquei feliz também de ver que, apesar das cãibras, todos conseguimos fazer uma hora matadora de men men mens (golpes consecutivos sobre a cabeça), kirikaeshis (golpes consecutivos diagonais) e suburis (exercícios)! Acho que o incentivo maior para não ser derrotado foi o desafio lançado pelo Sensei logo no início: "Agora é a hora de separarmos os guerreiros do resto".
"A Hora matadora"
"Agora é a hora de separarmos os guerreiros do resto"
Além disso, no seminário Grandes Samurais deste Gashuku tivemos a oportunidade de aprender com Yoshiaki Sensei sobre história japonesa, em especial, sobre os generais de Oda Nobunaga, suas outras conquistas e traição. Um momento único no qual aprendemos que para se comandar nunca podemos nos esquecer da compaixão aos subordinados e superiores, senão seremos derrotados e por muito menos traídos, nesse mundo moderno à margem do Bushido.
"Oda Nobunaga, suas conquistas e traição"
Em resumo: um Gashuku sem igual, quase uma jóia pequenina, porém muito preciosa, na coleção dos estrategistas que se apresentaram para aprender mais neste final de semana!"
Kalawatis (Unidade Rio de Janeiro)
Os Estrategistas no 2º dia de Gashuku