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"Os treinos de katas podem ser considerados como uma versão teórica do combate. Isso porque as seqüências ensinam as formas corretas das técnicas, sem contudo trazer a dinâmica viva do combate real,
A dinâmica real do combate
"Konbanwa Sensei!
Shitsurei shimassu!
Sobre o assunto do Café - Morte no Judô (CS - Morte no Judô - 19-out-2011), muito lamentável e triste saber que um garotinho de 6 anos teve sua vida interrompida
Tive uma breve experiência no Judô quando morava em Teresina/PI em 2008, ocasião em que me encontrava, fisicamente, afastado do Niten.
Resolvi tentar o Judô pois o Piauí gozava e ainda goza de um certo status no esporte por contar com atletas medalhistas nacionais e internacionais.
Indo direto ao ponto! Ingressei como todo mundo. Faixa branca, 0 kyu mas trazia a bagagem do Niten comigo o que logo
chamou a atenção dos professores. Os treinos não eram leves não e logo percebi que era muito fácil se machucar.
Buscava sempre fazer tudo com muito cuidado e com atenção. Entretanto, em um shiai que era realizado toda sexta-feira
me confrontei com um jovem faixa roxa ou marrom, não me recordo. O jovem veio com muita energia! Tentei, dentro do
que eu havia aprendido, aplicar uma técnica, o Uchi Gari, se não me engano. Ele era bem forte e conseguiu reagir rápido mas o contragolpe fora violento de modo que de imediato tive uma ruptura do LCA da minha perna direita. Foi uma dor tremenda! Não sabia se ficava em pé, deitado ou em seiza! Ainda quis continuar mas o Senpai que coordenava o Shiai me mandou sentar e aguardar. Saí do dojo mancando e com muita dor.
Só soube do rompimento após consulta com médico ortopedista que logo diagnosticou a minha situação como caso cirúrgico. Fiz a operação em 2009 e hoje tudo bem, mas ainda sinto alguma dor, suportável felizmente. Isso me tirou de cena! Tive que entrar de licença médica por um mês no trabalho, dentre outras pequenas inconveniências.
Sensei, não quero aqui culpar ninguém. Se alguém foi culpado, possivelmente eu ou pessoa alguma. Foi uma causalidade. Mas no consultório o médico que me diagnosticou, confessara que estava preocupado pois esse tipo de de lesão estava aparencendo com alguma constância.
Felizmente ainda não soube de nenhum caso fatal no Piauí.
Gostaria de deixar uma certa impressão que tive ao assistir treinos de judô e participar de alguns. Observei que à medida que os alunos iam se graduando não iam, infelizmente, apurando a técnica. Lutas de faixas roxas e marrons me pareciam meio truculentas, sem a beleza da ARTE marcial. Eram embates de força. Eu me perguntava: o Judô não é o Caminho da Suavidade?! Cadê a suavidade? Com isso, RESSALTO também não estou querendo desmerecer nenhuma academia, atleta de judô ou mesmo a elevada arte desenvolvida pelo Jigoro Kano Sensei. Ainda hoje guardo meu judogi. Mas já tendo treinado Kenjutsu, ficou muito evidente esse aspecto. Hoje podemos ver graduados de kenjutsu a partir do 5° kyu fazerem lutas com técnica, estratégia e muita energia sem ser simplesmente choques de espadas de bambu.
No mais, rogo para que a família do pequeno guerreiro tenha paz e consiga superar essa perda tão trágica.
Shitsurei shimassu pela extensa mensagem Sensei.
Domo arigatou gozaimashita por sempre buscar nos corrigir a direção no Caminho!
Sayounara"
Helano - unidade Fortaleza
Trago esta matéria veiculada na mídia japonesa neste mês:
"A Japanese court has found a martial arts instructor guilty over the death of a six-year-old boy AFP
A Japanese court on Wednesday found a martial arts instructor guilty over the death of a six-year-old boy, a court official said, in the first criminal case over judo training in Japan. The Osaka District Court found the instructor guilty of causing the boy’s death by repeatedly slamming him to the floor during training, ordering the defendant to pay a fine of one million yen, the official said.
It is the first criminal case filed by Japanese prosecutors against judo trainers, according to a victims’ group, despite over 100 child deaths blamed on harsh training or hazing between 1983 and 2010.
The 36-year-old instructor, who owned a private judo club in Osaka, admitted he threw the boy excessively in training. The boy died in November last year from brain swelling, local reports said.
Ryo Uchida, associate professor at Nagoya University Graduate School of Education and Human Development, said at least 114 deaths during judo training had been reported between 1983 and 2010 at schools alone.
“The number of children’s deaths, including those outside of schools, like the case of Osaka, remains unknown,” Uchida told AFP.
“These serious accidents show that even experienced judo practitioners could give training inappropriately and cause grave injuries or death,” he said.
“Instructors must be well aware of the risk of brain injuries and be prepared for emergency treatment.”
Keiko Kobayashi, whose youngest child suffered brain damage when he was 15, welcomed the “historic” ruling but questioned if the one million yen fine was sufficient “after one child’s life and future was lost.”
Judo, which became an official Olympic sport at the 1964 Tokyo Games, has long been seen as a respectable tool for training the minds and bodies of young Japanese and forms a major part of military and police training.
But many argue that abusive trainers are able to escape criminal charges due to the physical risks inherent to the sport.
The All Japan Judo Federation, which recognizes 86 judo incidents—some of them fatal—in the eight years to 2011, revised safety guidelines in June to warn against the risk of head injuries."
Traduzido em Português:
"Instrutor de Judo considerado culpado por morte de criança durante o treinamentoNa quarta feira um tribunal Japonês considerou culpado um instrutor de arte marcial pela morte de um garoto de seis anos, de acordo com um oficial de justiça, no primeiro processo criminal sobre treino de judo no Japão.
O fórum de Osaka considerou o instrutor culpado de causar a morte do garoto por arremessa-lo repetidas vezes ao chão durante o treinamento. O acusado terá que pagar uma multa de um milhão de ienes, de acordo com o funcionário.
Este é o primeiro caso aberto por promotores japoneses contra instrutores de judo, de acordo com um grupo de vitimas, não obstante mais de 100 mortes já terem sido atribuídas a treinamento severo ou trotes entre 1983 e 2010
O instrutor de 36 anos, que possuia uma escola de judo em Osaka, adimitiu que arremessou o garoto excessivamente durante o treinamento. O garoto faleceu em novembro do ano passado de edema cerebral, de acordo com reportagens locais.
Ryu Uchida, professor adjunto na Nagoya University Graduate School of Education and Human Development, disse que pelo menos 114 mortes durante treinos de judo foram relatadas entre 1983 e 2010 apenas em escolas.
"O número de crianças mortas, incluindo aquelas ocorridas fora de escolas, como o caso de Osaka, continua desconhecido", disse Uchida à AFP
"Esse acidentes sérios mostram que mesmo judokas experientes são capazes de ministrar treinamento de forma inadequada e causar lesões graves ou morte", ele disse
"Instrutores devem estar bem conscientes do risco de lesões cerebrais e estarem preparados para tratamentos de emergência".
Keiko Kobayashi, cujo filho caçula sofreu lesão cerebral aos 15 anos, comemorou a "histórica" decisão, mas questionou se a multa de um milhão era o suficiente "após a vida e futuro de uma criança ter sido perdida"
O Judo, que se tornou oficialmente um esporte Olímpico durante as Olimpíadas de Tóquio em 1964, tem sido vista há um longo tempo como uma respeitável ferramenta para treinar as mentes e corpos dos jovens japoneses e forma a maior parte do treino militar e da polícia.
Mas muitos argumentam que instrutores abusivos conseguem escapar processos criminais pelos riscos físicos inerentes do esporte.
A All Japan Judo Federation, que reconhece 86 incidentes no judo - alguns dos quais fatais - nos últimos 8 anos, revisou suas orientações de segurança em junho para alertar sobre o risco de traumatismos cranianos."
Antes de dar qualquer palpite, reflita.
Não seja afoito para não dar uma opinião superficial de um leigo, que nunca deitou e rolou em um tatame.
Feito isso, na minha opinião, acredito que você pode dar a sua posição.
A minha?
Está bem escrito lá no Shin Hagakure (ed. Kendoonline), pag 173:
“UM TOQUE BASTA“Quanto menos esforço, mais rápido e forte você se torna”
Bruce Lee
Era um final de semana, um aluno me trouxe um assunto delicado em relação à prática do Tsuki, “golpe da estocada”, ao pescoço do adversário.
Como praticante do Kenjutsu, se mostrava preocupado pois estava com hérnia de disco, precisamente na região cervical (pescoço). E com toda razão.
No kendo, um tsuki é considerado válido quando é o suficiente para "deslocar" o pescoço do oponente para trás. Eu sei como é isso. Treinei exaustivamente por décadas este golpe.Na década de 80, quando participava de torneios, só éramos eu e meu irmão aplicando os golpes tsuki.
No entanto, percebi sobre a ótica médico-desportiva que este golpe esconde um grande perigo: lesão da coluna cervical acarretando a já conhecida hérnia de disco.
Muitos professores no Japão me "consultavam" sobre a dor que tinham no pescoço e algumas delas iam dos braços às mãos. Mediquei-os sempre que me consultavam. Ou seja, ao longo das décadas de treinamento, o que era para ser um esporte saudável se tornava causa de grandes danos.
Este fator foi decididamente o determinante para a orientação que tenho dado no treinamento do kenjutsu. Entendo que sendo uma espada real, a katana, os golpes não precisam "deslocar" ou "empurrar" o adversário. Ou, melhor dizendo, se fosse uma katana mesmo, uma perfuração de um centímetro já seria fatal para lesar as partes vitais do oponente.
É possível que haja alguém desinformado que não compreenda a validade de um tsuki no torneio de kenjutsu por achar que faltou "força" para deslocar o adversário.
Compreenda: não há necessidade de "deslocar" o pescoço. Um toque basta.
O importante é atingí-lo.”
Ou seja, o que ocorreu neste caso no judo, considero-o inaceitável.
Um instrutor que leva o treinamento as ultimas consequências, como neste caso, deve ser banido imediatamente de sua organização.
Surpreendente foi saber que houveram tantas mortes nesta modalidade.
1.000.000 yenes são U$ 10.000.
Os três pilares do Resgate da Espada.
"Na Europa, mais especificamente na Alemanha, um trabalho similar está sendo feito, em relação à espada ocidental medieval.
A preservação das técnicas antigas nos katas representa uma dívida que temos com os grandes mestres que nos deixaram o legado da essência do combate com a espada samurai. Mestres importantes no cenário cultural japonês presentearam, ao longo das últimas décadas, o Sensei Jorge Kishikawa com ensinamentos preciosos sobre como os samurais lutavam séculos atrás. Esses mestres, por sua vez, receberam esses ensinamentos de outros que, como eles, colocaram suas vidas a serviço da preservação das antigas escolas marciais do Japão, permitindo que o resgate histórico hoje desenvolvido no Instituto Niten possa ser feito com fidelidade e compromisso. Os treinos dos katas no Instituto Niten constituem o primeiro Pilar do Resgate da Espada empreendido pelo Sensei Jorge Kishikawa e seus alunos."
imagens sugestivas do combate com espada medieval
Gosho Sensei, o mestre guardião das técnicas de Miyamoto Musashi
Enquanto que no Kendo, a posição é uma só, com a ponta apontada sobre a garganta do oponente, no Kenjutsu há dezenas de posições a serem aprendidas. Há dois motivos que explicam o por quê de se utilizar apenas a posição com a ponta na garganta no Kendo:
A primeira remonta no período pós-guerra (1945), quando o HQ americano proíbe qualquer prática marcial por considerar subversiva. Esta proibição dura quase uma década, quando então encaminhou-se uma proposta de se criar uma modalidade de esgrima (semelhante a europeia, mas com as duas mãos sobre o cabo), obviamente com a conotação puramente esportiva.
A segunda por que escolas como Onoha Ito ryu , cujos katas se originam desta posição , influenciaram (e influenciam) em muito seus dirigentes.
O Kenjutsu, por outro lado, tem como objetivo , no tocante as posições, buscar as respostas para as vantagens e desvantagens de cada uma delas.
Em termos estratégicos, podemos dizer que se adota uma posição (kamae) tendo em vista uma determinada intenção. O prazer em se treinar o Kenjutsu reside aí: conhecer as intenções de cada posição e adequar se a ela conforme os preceitos lógicos da estratégia. Enquanto se vai conhecendo e experimentando as táticas e estratégias a serem adotadas, vamos de encontro as conclusões que pouco a pouco vão desmistificando as lendas , suposições ou "achismos" sobre os combates com a espada samurai.
É conhecer a história com o próprio corpo.