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Falo mais uma sobre a história da imigração japonesa no Brasil.
Lembro-me que até mesmo na minha adolescência (estou falando do início dos anos 80), aqui na capital, descendentes de japoneses da minha geração repudiavam o que eu fazia. Vestiam jeans e camiseta, cabelos compridos, adoravam motos e brilhantina à la John Travolta. Queriam era ter uma menina na garupa e estar longe de aprender o japonês. Tinham vergonha de serem descendentes de japoneses, cujas causas, não me seria possível de colocar num espaço curto do Café, mas deixemos para outro dia qualquer para falar deste assunto ( # - Kuden )
Cochichavam entre eles algo do tipo:
- Olha aí estes irmãos bregas fazendo estas coisas dos velhos.
Lembro-me que enquanto a maior parte dos jovens kendocas se concentrava no interior e nas colônias, aqui na capital eu era um dos poucos jovens, pertencente aos 5% do total. O resto, era, de fato, o pessoal mais velho, cuja idade superava a dos meus pais.
Quer queira, quer não, jovens da minha geração, que cresceram na capital, deixaram de seguir a sua cultura, sua língua e suas origens, criando-se assim um grande vácuo na história da imigração japonesa do Brasil.
Sei que não adianta lamentar o passado, mas, pelo que tenho ouvido, hoje estão arrependidos...
Há 100 anos, chegaram os primeiros japoneses no navio Kasato maru, desembarcando no porto de Santos.
Daquela época até os dias de hoje, muita história para contar.
Nestes dias, enquanto dava entrevista a um jornal, apesar de não pertencer às primeiras gerações dos primeiros que chegaram aqui, lembrei-me de uma que compartilho com você.
Meu pai, recém formado em engenharia no Japão, veio a trabalho numa multinacional americana aqui no Brasil. Nos tempos em que era moleque, quando tinha os meus 7 e poucos anos morávamos na Grande São Paulo e vivia, por um lado, entre colegas brasileiros e, por outro, descendentes de japoneses. Meus primeiros colegas foram brasileiros. E eram amigos do peito.
Mesmo assim, naquela época (estou falando dos anos 70) sofri preconceito. Provocavam-me com adjetivos pejorativos como japonês de olho rasgado e outros. Faziam gozações imitando um japonês e por aí vai. Só faltavam jogar pedra. Isto foi até o final dos anos 80.
Não guardo mágoas deste período, e fico contente duplamente.
Primeiro, ao ver que, hoje, apás 100 anos, o Brasil recebe de braços abertos a comunidade do Sol Nascente. Basta ver a TV, abrir um jornal. Centenário. É o assunto do dia.
Em segundo, apesar de não ser das mais agradáveis de se contar, por ter vivido e sentido na pele um pouco do que os pioneiros passaram nesta terra para chegarmos até o que somos hoje.
Todo descendente de japonês, deve ao menos tentar compreender o que é, de fato, 100 anos.
100 anos de luta.
. . .
Como tem passado?
Natal, Ano Novo , festas, férias?
Comeu bastante, descansou bastante?
Duvido. Duvido que tenha comido o suficiente. Descansado o suficiente.
Não, não vou começar o ano falando de coisas difíceis logo no nosso primeiro Café.
Prefiro não falar nada. Não ver nada. Não fazer nada.
É.
. . .
Isto mesmo: ". . ." . Silêncio.
Antes de começar qualquer coisa, pense. Medite. Sinta. Reflita. Mas pense mesmo. Reflita mesmo!
Assim não ficará confuso nas suas ações do dia-a-dia. Assim, as possibilidades de se perder no meio da guerra do estudo, do trabalho, e nas suas relações interepessoais serão menores.
Assim, não passará em vão o ano de 2008.
De qualquer maneira, estou contente em revê-lo(a).
Um brinde a 2008!
. . .
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Após o Natal, ao retornar a minha mesa, tive o prazer de ler várias mensagens positivas por parte de todos.
Arigato a todos que, no meio da turbulência e corre-corre do Natal e mesmo não dispondo de tempo para escrever, enviaram a mensagem de Boas Festas. Outros, mesmo "apertados" no bolso, trouxeram os orei* do Natal e Ano Novo, manifestando os seus sentimentos para comigo. São samurais.
Deixo uma mensagem, em particular, que resume as minhas intenções.
Um aluno do Rio, hoje monitor.
E antes de encerrar este último Café de 2007, agradeço a sua atenção em me acompanhar durante todo este tempo.
Ano que vem quero você comigo.
Shin nen Akemashite Omedeto Gozaimasu (Feliz ano Novo)!!!
Em meio a correria do Natal, alunos de Campinas vieram para entregar-me o orei*.
Pegaram congestionamento e certamente vão pegar na volta, pois são 18:00h neste exato momento. Hoje, poderá levar umas 5 horas para voltar ...
Tomamos hoje o Café juntos sendo que ofereci os alfajores da Argentina para acompanhar. Todos adoraram.
O orei?
Nada menos que 3 gaitas. Cada uma com entonação diferente da outra.
Não entendo de gaitas, mas vou tentar te deixar a minha mensagem de Feliz Natal:
Um Feliz Natal para você e seus familiares!
Enquanto a maioria só pensa na viagem que vai fazer e no que vai comer no Natal, aqui em SP começam a chegar colegas de terras longínquas para treinamento.
Campo Grande, Salvador, Recife e por aí vem.
Bom ver que, mesmo em períodos de festas, nossos samurais continuam com garra para o aprimoramento.
É, desse jeito fica difícil eu engordar mesmo.
Bom para mim, bom para todos.
É. Como eu sempre escrevo nos autógrafos do meu Shin Hagakure:
"Senki. Seja nos dias de guerra, seja nos minutos de paz".
No meio do corre corre do Natal, recebi este cartão, que além de ser uma gracinha, me deixou feliz por ter a certeza de estar fechando 2007 com sucesso.
Sucesso, para nós do Niten, quer dizer: demos vida para muita gente.
Je ne parle français, mas o sentimento é o mesmo:
- Arigato.
Então hoje falo para lhe dizer que estão ocorrendo equívocos em relação a interpreteção da palavra "Iai Do" ( 14 jun - Iaido ) entre os ocidentais.
Iai Do engloba todas as técnicas de desembainhar, cortar, e embainhar a espada samurai imbuídos de sentimentos voltados ao aprimoramento no sentido pessoal, características de um Caminho a ser percorrido, o Do. # ( 13 jun -Kuden )
Engloba os vários estilos antigos, denominados Iaijutsu, e os mais recentes, criados por federações como Seitei Iai .
Todos eles, desde que sejam imbuídos do sentimento de se realizar como Do*, são no Japão chamados de Iai Do.
Interessante é que falar Do virou moda, e mesmo para modalidades que nada ou pouco tem a ver com o Caminho.
Por outro lado, existem muitos estilos que, apesar de não conterem o sufixo Do em seus nomes, são muito ricos no Caminho.
Infelizmente, e você há de me compreender, todos são Iaido.