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Um aluno me enviou email :
"Nestes dois dias que treinei com o sensei, pude perceber o quão longo o caminho é,
e deve ser percorido com seriedade e insistência, sem se desviar.
Lutando com o Sensei, percebi que seu espírito estava calmo, porém seus movimentos
estavam ágeis e precisos.
Espero continuar treinando insistentemente até que, quem sabe um dia, eu possa lutar com o Sensei novamente, porém com o espírito calmo e os movimentos precisos como os do Sensei.
Domo arigatou gozaimashita por passar para todos nós a verdadeira cultura samurai.
Sayounara."
A minha resposta:
- Cada estágio tem o espírito apropriado. Agora, no estágio em que se encontra você tem que ser como fogo: ofensivo e davastador.
Uma vez estando ao meu lado, verá muitas paisagens interessantes no Caminho."
É como o Café. Não adianta colher verde. Tem que esperar para colher maduro.
-Mais um capuccino por favor...
Para encerrar a questão citada nestes últimos dias de Café ( 25 de junho - Diferença 3 Inspiração Divina ) coloco o último parágrafo, que é na realidade, apenas, a continuação do texto original:
"Por fim, mestre Otake nos deixou claro que o verdadeiro valor dos katas não está somente no fato de eles refinarem a habilidade marcial do praticante - aguçando as suas reações e melhorando o seu equílibrio, a sua capacidade de julgar o momento correto de atacar, a sua velocidade e a sua precisão - mas essencialmente no fato de instalarem no aluno o autocontrole e a disciplina. Os katas, ao mesmo tempo que ensinam as pessoas a matar, ensinam-nas também que não convém usar a violência".
É preciso entender que o treinamento dos katas é imprescindível para a evolução no Caminho da Espada.
Mas o que é imprescindível mesmo, é buscar os katas verdadeiros. Os que valem a pena serem treinados, os que terão o seu precioso tempo dedicado, pois katas, existem aos "montes" por aí.
Quando de manhã, tiver compreendido a verdade
ao entardecer, morrerá tranquilo...
Parece que está havendo confusão em relação ao Café do dia 31 de maio ( 31 de maio - Despertei ).
Foram quase 4 décadas no Caminho da Espada. Vários mestres e colegas que estiveram comigo para forjar a espada do Método KIR.
Várias modalidades e estilos. Kenjutsu, Kendo, Naginata jutsu, Jodo, Iai, Yari jutsu, Kusarigama jutsu , Tanjo jutsu, Jitte jutsu, Bojutsu, Yawara e por aí vai.
Monges zen e sacerdotes também têm influência sobre o Método KIR.
Alguns imaginaram que o soke citado no Café foi do Niten Ichi ryu.
Não foi.
Amanhã fecho a sequência de pensamentos do mestre Otake. (Diferenca....)
"Em terceiro lugar, mestre Otake acha que o embate de estilo livre pode gerar maus hábitos nos alunos. Os praticantes começam a "segurar" os golpes, ou seja, a parar a espada antes que seus movimentos atinjam a plenitude da força e do poder de penetração. Além disso, no torneio, um fator de competição começa a substituir a cooperação, e a responsabilidade e o perigo de se ter nas mãos uma arma de verdade são substituidos pela atitude mental do esportista que maneja uma arma de brinquedo".
Embates sem proteção. Lembro-me da época em que treinava karatê e tinha que me "conter" para não machucar os colegas. Acabava o treinamento meio que frustrado. Neste ponto, particularmente, consigo "extravasar" toda a minha energia e força sobre os adversários nos combates de kenjutsu, utilizando-se o bogu. Sem dúvida, suando horrores!
Sobre o torneio. No Instituto Niten, procuro limitar a 01 torneio por semestre. Cooperação, responsabilidade e seriedade.
"Em segundo lugar ( 25 de junho - Diferença 3 Inspiração Divina ), a divindade e a perfeição são coisas correlatas; os movimentos dos katas abarcam quase todas as ações imagináveis que podem ser feitas com uma espada, e é quase certo que as que não constam dos katas simplesmente não teriam valor de combate"
Ao longo das décadas, tenho estudado e pesquisado dezenas e centenas de katas e o fruto desta pesquisa tenho colocado nos combates de kenjutsu, onde os katas são aplicados de forma segura, no combate com bogu*, como você poderá constatar indo a qualquer treino do Instituto Niten.
Aplicar estes katas antigos com bogu é, tomando as palavras do mestre Otake Risuke: "abarcar todas ações imagináveis com a espada".
Citei no meu livro Shin Hagakure um dos meus grandes mestres que me ajudaram a despertar ( 31 de maio - Despertei ).
Mestre Otake Risuke, Shihan* do estilo Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu.
A matéria que vou lhe mostrar a partir de hoje foi escrita em 1983 e fala do que o mestre Otake pensa sobre o treino dos katas antigos em relação ao kendo, e que vou te apresentar a cada Café.
".....É interessante notar que esses alvos estratégicos para um espadachim-guerreiro são, em sua maioria, simplesmente ignorados na forma esportiva de esgrima, o kendo. No kendo, os alvos são o topo da cabeça, a garganta, os ombros, o centro e os lados do peito e a parte de cima das mãos e dos pulsos. Um espadachim trajado com a armadura tradicional está totalmente protegido em todas essas partes do corpo. Por isso, o valor real de combate do kendo esportivo é praticamente nulo.
No kendo esportivo, o estudo dos katas tem pouco relevo........ Em diversas ocasiões, perguntamos a mestre Otake o porquê disso.
Ele nos explicou que, em primeiro lugar, existe a crença firme de que os katas são fruto de uma inspiração divina. 'O Mestre Fundador recebeu-os do céu numa visão e depois registrou-os para que fossem transmitidos perpetuamente aos seus sucessores. Para que, pois, estudar o que é terreno quando se tem nas mãos o que é celeste?' "
*shihan: mestre dos professores
Você pode baixar qualquer vídeo de kendo no You Tube e constatar que os lutadores não trocam os pés, ou melhor, não caminham. Sempre o pé direito está a frente e o esquerdo atrás.
Em kenjutsu, é diferente. A partir da faixa vermelha (4° kyu), você aprende a lutar com os pés livres. Andando.
"O treino foi de kenjutsu, sucessivas lutas. Todos lutaram com o Sensei. Por coincidência foi minha primeira luta. Não me lembro de ter acertado algum golpe. Sensei andava. Sempre que tentava avançar, levava um golpe, uchigote e vários tsuki. De alguma forma me sentia desestabilizado pelo andar. Depois, no final do treino comecei a entender por que a movimentação deve ser igual a do cotidiano...
Domo arigato gozaimashita Sensei! "
O episódio acima ocorreu no domingo, dia 03, quando fui ao Rio de Janeiro.
A frase abaixo foi escrita há 500 anos, pelo samurai mais famoso de todos os tempos:
"O movimento dos pés deve sempre seguir o ritmo do caminhar. Eles não devem ficar saltitando, flutuando, nem podem estar presos ao chão"
pag 62- Pergaminho da Água - O Livro dos Cinco Anéis, Go Rin no Sho
Miyamoto Musashi
Hoje, dia 21, começa o inverno.
Momento de vinho quente, fondue, pizzas e tudo que engorda;
de refletirmos sobre as coisas sérias da vida;
de lembrarmos que a vida é efêmera;
de acordar para o desafio do espírito e do corpo;
de tomar aquele cafezinho quentinho!
E é claro,
Momento de Kangeiko*!!!
Vamos fazer um juramento, eu e você:
-Neste inverno, vamos treinar
Neste inverno, não vamos nos espreguiçar
Neste inverno, não vamos nos engordar!!!
(N.E) Para aqueles que não conseguiram ver o vídeo ontem, segue abaixo a transcrição das palavras do Sensei Jorge Kishikawa.
Esse foi o pronunciamento do Sensei no Congresso Nacional, durante a cerimônia dos 99 anos da Imigração Japonesa no Brasil.
"Sras e Srs, com sua licença.
A apresentação que será realizada agora pela equipe do Instituto Cultural Niten mostra um pouco do trabalho que temos realizado nos últimos 15 anos para trazer aos brasileiros a cultura tradicional samurai.
Os samurais surgiram há mil anos e marcaram profundamente a sociedade japonesa com seu modo de vida. Há quase um século chegaram os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil, plantando a semente dos valores nipônicos em nosso país. Hoje a cultura samurai está difundida em toda nossa sociedade, ultrapassando barreiras de raça e idioma.
O Brasil, formado pela união de tantas culturas, passou a ter seus samurais aliando a alegria e criatividade do nosso povo com os valores milenares do oriente.
No dia de hoje, em meio ao brilho desta comemoração, fica nossa homenagem àqueles corajosos imigrantes por sua imensa contribuição a nossa sociedade.”/p>
Sensei Jorge Kishikawa
Presidente do Instituto Niten