Matéria com o Instituto Niten Publicada no Lado B do Campo Grande News:
(Foto: Vanessa Tamires)
Acho que não tem uma criança, que goste de animes e de cultura japonesa em geral, que já não tenha brincado de espadas de samurai. Para quem quer levar à sério a brincadeira, as técnicas milenares do “Bushido” (caminho do guerreiro), o código de honra samurai, são ensinadas em Campo Grande.
A arte marcial, não competitiva, trata de deixar viva essa tradição, tanto para descendentes japoneses, como para quem simplesmente tem vontade de aprender. As modalidades são Iaijutsu, que ensina a sacar a espada antes que o oponente reaja, e o Kenjutsu, a técnica clássica de manusear a espada.
Para os pais mais cuidadosos, não há risco durante as aulas. Na Kenjutsu é usada a shinai, que é feita de bambu. Já o Iaijutsu é treinada com uma espada em madeira maciça.
As aulas misturam concentração, tradição com exercícios enérgicos, sempre acompanhados de kiais, os gritos que representam a exteriorização da energia corporal.
“As pessoas falam tanto de samurai, mas às vezes nem sabem o que significa ser um. Samurai é aquele que serve, o código de honra tem mais de 400 anos, desses guerreiros do japão feudal e aqui nós passamos um pouco dessa filosofia, adaptada para a nossa realidade. Por isso não é uma arte competitiva e sim algo para ser incorporado na vida”, explica Gilson Ishikawa, de 47 anos, coordenador e professor que ministra as aulas.
Honra, razão, sabedoria, lealdade, compaixão, coragem e justiça são as palavras que regem o código e estão presentes em bandeiras em cima do dojo (local de treino), onde a arte é praticada.
As roupas também são tradicionais e peculiares. Na parte de cima um quimono e na de baixo um “kusazurri”, uma espécie de saia longa. Além de cinturão e, nas apresentações, uma armadura também.
Gilson pratica a arte há cinco anos. Começou quando o pai já estava no fim da vida e ele resolveu se aproximar da cultura dos seus ancestrais, não parou mais.
“Em uma aula intensa dá para perder até 1.2 mil calorias, mas a parte filosófica é tão importante quanto a parte física. A gente tenta extrair o que as pessoas tem de melhor e fazer com que elas levem isso para a vida delas fora do dojô também”, comenta.
Em Campo Grande, a idade minima para participar da aula é 12 anos, a turma é bem variada com alunos de 13 a 60 anos. As aulas são realizadas na Associação Esportiva e Cultural Nipo Brasileira, que fica na rua Antônio Maria Coelho as quarta-feiras e sábados.
O professor explica que o objetivo da arte marcial, no código de honra samurai é anular o ego, por isso o cuidado para o Kenjutsu não se tornar um esporte competitivo. Uma das práticas que deixa claro o caráter filosófico da arte é vista antes mesmo da aula começar.
As tradições são levadas a sério. Quem chega primeiro já pega os materiais para fazer a limpeza do dojo, se um aluno mais novo aparece, depois ele toma a frente do mais antigo para concluir a limpeza.
As pessoas procuram a prática por diferentes motivos. A fotografa Larissa, de 32 anos, começou para ajudar com as crises de ansiedade. “Em uma viagem ao Chile, eu passei muito mal e um brasileiro me indicou o Kenjutsu, disse que iria me fazer bem e tem funcionado. Na aula a gente pode extravasar”, comenta ela que está treinando há três semanas.
Depois de ter feito Takendown, Box, Muay Thay, o estudante de engenharia Diogo Watanab, de 22 anos, se encontrou nos movimentos das espadas do Kenjutsu. “Sempre tive o interesse de conhecer um pouco mais, e a cultura samurai sempre desperta interesse”, justifica.
O engenheiro elétrico, Lúcio Kawano, de 53 anos já faz Iaijutsu há 2 anos. “Eu sempre tive vontade de entender melhor a cultura dos meus avós. E a prática me ajuda na disciplina, determinação e foco”, comenta.
Hoje a turma tem cerca de 14 pessoas, a maioria não é descendente. As aulas tem a duração de duas horas e acontecem duas vezes por semana. A mensalidade é de R$ 170,00.
A Associação Esportiva e Cultural Nipo Brasileira, fica na Rua Antônio Maria Coelho, 1068, Centro.
Fotos - Vanessa Tamires
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Lucas Shindi Sakaguti - CuritibaOmedeto gozaimasu! Ficou muito boa a matéria, especialmente o depoimento dos alunos!
Ganbatê Campo Grande!
Luiz Otávio de Lima Rodrigues - BrasíliaOmedetou pela materia!
Bom ver todas as unidades crescendo e sendo reconhecidas pela sociedade!