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Mural Niten Vitória


Como é Grande o Mar

por NitenRio - 28-mai-2018



Shitsurei shimasu,

Gostaria de relatar minhas impressões pessoais sobre o treino no RJ. É difícil expressar tudo em palavras, mas espero conseguir passar uma ideia.

De início, todo um planejamento com antecedência: quem vai, quando ir, como ir, onde ficar, como voltar, avaliar opções viáveis... um roteiro bem definido para minimizar a exposição aos riscos inerentes, mas especialmente evitando correr riscos desnecessários. O treino na realidade na já havia começado aí.

Primeira missão na viagem: manter a energia no trajeto. Nos manter acordados e conversando para ajudar a manter o motorista firme na direção. Pausas para esticar as pernas e revezar os motoristas, e uma parada para um bom lanche. Tudo seguiu como o planejado, e passou muito rápido! Conversas sobre o Niten, experiências, técnicas, etiqueta sobre como se portar e se apresentar ao visitar um outro dojo, e também conversas sobre os mais diversos assuntos, nos conhecendo melhor.


Tenho apenas 6 meses no Niten, e nossa unidade de Vitória conta atualmente com um número pequeno de pessoas. E não havia treinado fora de lá ainda. Já vi fotos, vídeos e relatos que me permitiram ter uma noção do quão grande é o Niten. Mas com essa visita foi a primeira vez que vivenciei o Niten numa escala muito maior do que já estava acostumado, e que ainda é uma fração do todo! O número enorme de colegas treinando, diversas graduações, até crianças! É como se estivesse vendo como é grande o mar, com um oceano enorme por trás! A sensação de estar podendo conhecer mais a fundo o mundo que é o Niten.

Além disso, não senti que estava entrando num lugar diferente... é o mesmo Niten, a mesma disciplina, seriedade e dedicação do colegas, todos compartilhando o Caminho. Isso já era algo que imaginava e esperava do Niten, mas achei que caberia destacar. Porque isso não é algo tão comum de se ver em grandes instituições... mesmo onde trabalho a cultura e forma de trabalhar das pessoas mudam muito em diferentes unidades, até mesmo entre diferentes setores da mesma unidade.

E me sinto muito grato por terem me recebido no dojo! Foi uma oportunidade incrível: conhecer vários colegas, trocar experiências, enfrentar colegas com diferentes níveis e habilidades... conhecer e praticar novos kata, também ser corrigido, receber dicas, receber orientação para aprimorar as técnicas, aprender técnicas novas! Testemunhar colegas que foram reconhecidos por sua dedicação em prol do Niten. Pude praticar o Jojutsu pela primeira vez. E ainda há muito, mas muito o que treinar e aprender.

Ao longo do dia foi se acumulando o cansaço físico da viagem com o do treino, mas é tanta energia que os colegas transmitem no treino, que pouco sentia o cansaço. Até chegar o último treino do dia, de Keiko no Kenjutsu. Depois de um tempo, após treinar com vários colegas, senti aparecer meu maior oponente: eu mesmo. A voz interna me pedindo pra parar, o corpo cansado, os braços já difíceis de levantar, a respiração ficando pesada. Mas sentindo a energia dos colegas me puxando para o treino, desafiando e incentivando, e vendo que os colegas com quem viajei junto e passamos pelas mesmas coisas não estavam parando, mas mantinham-se firmes ali, senti que não podia me permitir parar ali, iria continuar em pé e treinando.

Após o fim do treino de Keiko, o corpo cansado, pesado e dolorido, mas me senti bastante alegre e animado! Um sentimento de realização pelo desafio vencido, uma alegria por tudo que pude experimentar e aprender durante a viagem e o treino, uma gratidão pela oportunidade de estar ali.

Fomos presentados com o Momento de Ouro que reforça que o sentimento de nós pelos nossos pais nunca será maior que o dos nosso pais por nós. Entendi que devemos agir para retribuir e sermos merecedores desses sentimentos, sempre tratando nossos pais com respeito, afetuosidade, atenção, sempre pensando neles, o que se relaciona diretamente com o que dizemos no terceiro voto do Bushido.

Quando estávamos nos despedindo dos colegas, o Senpai Saraiva me alertou: "Cuidado, é muito fácil se desviar do Caminho, mantenha-se sempre firme e atento, e não desista."

E ao fim do dia, um jantar e biirudo na companhia dos colegas que puderam estar presentes. Confesso que eu ainda tinha uma batalha a vencer ali. Um defeito meu que sempre me acompanhou na vida, é que sempre tive dificuldade de experimentar comidas novas. Não sei explicar bem, pode até soar como algo bobo, mas não é um simples receio de não gostar. É um tipo de bloqueio ou medo, um nervosismo para experimentar algo novo, que às vezes até me faz passar mal. E o caminho mais fácil é acabar comendo o que já estou acostumado. Mas a regra no jantar era clara: todos deveriam comer o mesmo prato para ter a mesma experiência. Eu não queria causar nenhum desrespeito, e também não queria causar nenhum incômodo ou inconveniente para os colegas. Acredito que tenha sido consequência de ter enfrentado meu ego durante o treino, de tudo que vim aprendendo nos Momentos de Ouro... depositei confiança na sugestão do Senpai Wenzel e dessa vez não senti nervosismo ao encarar o prato novo. E a comida estava muito deliciosa!!! E também foi mais um momento para interagir com os novos colegas que conheci. Pude conhecê-los melhor, descontrair e também aprender mais sobre o Niten.

Depois veio a noite de descanso no hotel, e no dia seguinte a volta para casa. Tudo ocorreu bem no trajeto, assim como na ida. Essa experiência como um todo aumentou ainda mais minha vontade de continuar treinando e seguindo o Caminho, e anseio por próximas oportunidades como essa!

Muitos agradecimentos ao Senpai Wenzel pelo convite para o treino, a todos os colegas que nos receberam no RJ, aos colegas da unidade de Vitória por todos esses 6 meses de treino, pelo incentivo e oportunidade de viagem, também pela companhia dos que puderam ir junto, e ao Sensei Jorge Kishikawa por ter possibilitado e permitido poder fazer parte do Instituto Niten.


Arigatou Gozaimashita!
Couto - Unidade Vitória-ES




comentários  

Christopher Thomas - VitóriaShitsurei shimasu,

Não pude participar do encontro da unidade Vitória coma unidade do Rio.
Mas para aqueles que tiveram a oportunidade de obter o primeiro treino fora da nossa unidade, foi gratificante.
Omedetou a todos e arigatou gozaimashita Couto pelo relato.
Sayounara!
Thomas

Guilherme Caran - VitóriaShitsurei shimasu,

É entusiasmante ver os colegas de dojo, em especial os iniciantes, dando as primeiras braçadas nesse grande mar. Omedetou. Gambate!

Caran

Formentini - VitóriaShitsurei shimasu,

Arigatou gozaimashita Couto por esse relato. Não vou comentar muito, pois com certeza serei repetitivo.

Na verdade, já sendo repetitivo (shitsurei shimashita por isso), gostaria de enfatizar esse sentimento de estar em casa, não importa a unidade. Já tive o prazer de treinar na unidade do Humaitá, com o Senpai Saraiva, e também no dojo de BH com o Senpai Bernardo, e a sensação que eu tive era a de que eu já conhecia as pessoas de lá havia muito tempo... a mesma familiaridade, a mesma sensação de estar em casa...

O Couto também partilhou sobre o fato de nosso pior inimigo sermos nós mesmos, e eu concordo. Fui muito confrontado comigo mesmo durante o treino... meus fardos costumam me assombrar com certa frequência...

No entanto, nesse treino tive um vislumbre de que o Caminho é o meio pelo qual vou vencer esses fardos, através da espada que dá a vida em abundância. Shitsurei shimashita, mas eu aproveitei que estava de Men e derramei umas lágrimas naquele momento, lágrimas que me libertaram da tensão que eu sentia (`é muita gente poderosa aqui`, eu senti quando comecei a treinar), e lágrimas de paz por saber que eu estava (e estou) no lugar certo.

Olhando para mim mesmo, vejo que ainda há muita luta pela frente. A cada treino cresce a consciência das minhas limitações, mas cresce também a vontade de lutar, de superá-las.

Arigatou gozaimashita ao Senpai Wenzel, ao Senpai Vaz e a todos os irmãos de espada do Rio pelo acolhimento e por essa experiência única.

Arigatou gozaimashita ao Senpai Arthur e meus colegas de dojo pela viagem e por toda a experiência e vivência partilhadas.

E, finalmente, arigatou gozaimashita ao Sensei por ter nadado contra a corrente para trazer o Caminho até nós!

Sayounara!
Formentini

PS: No começo, falei que não ia comentar muito, mas as experiências foram vindo à mente, e as palavras fluíram... shitsurei shimashita!



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