Guimarães encontrou nos treinos de Kenjutsu força para se levantar após um grande tombo.
A Batalha continua!
Miná-san*, no treino do dia 24 de Fevereiro de 2011 assistimos ao filme O Samurai do Entardecer (Seibei Iguchi, 2002), que é citado no prefácio do livro ShinHagakure, do nosso Sensei Jorge Kishikawa.
A seguir, relatos de alguns dos alunos de Goiânia que assistiram ao filme nesse dia:
"Filme conta a história de um samurai pobre que perdeu a mulher e teve que vender a espada para pagar o funeral, e ficou sozinho cuidando de duas filhas e a mãe senil. Devido suas precárias condições, ele era muito desleixado com a aparência porque tinha que fazer de tudo para conseguir sustentar a família, então não tinha tempo para sair com os colegas de trabalho e sempre ia embora diretamente para casa ao fim do expediente, ao entardecer, o que lhe rendeu o apelido de Sr. Entardecer." - Akemi
"Em época de paz, alguns samurais são tentados a relaxar e fazer com que seu espírito guerreiro adormeça, como foi mostrado no filme “O Samurai do Entardecer”, porem, mesmo com seu espírito de guerreiro adormecido Seibei Iguchi, o protagonista do filme, não deixa sua honra e seus princípios morrerem. A mensagem que esse filme me passou foi que, mesmo com o espírito de luta relaxado, sempre devemos ser fieis honra e nunca deixar de viver intensamente, como se aquele minuto fosse ser o ultimo." - Teko
"Me chamou a atenção que Seibei, ao contrário do que diziam os mais tradicionalistas, incentivou as filhas a estudarem Confúcio (base filosófica do Japão), atividade que era na maioria das vezes restrita aos homens. Justificou dizendo que mesmo que os tempos e o mundo mudem, quem souber pensar encontrará uma forma de sobreviver. Para ele, também, nada era mais valioso que ver suas filhas crescendo aos poucos, dia após dia, ao invés de sair para beber com os colegas de trabalho e passar o tempo com concubinas. Posturas como essa demonstram o quanto era nobre esse samurai." - Santos
"Ele (Seibei Iguchi) vivia em uma época em que samurais tradicionais praticamente não mais existiam. Porém, mesmo que muitos a sua volta agissem de forma egoísta e irresponsável, Iguchi conservava atitudes de um verdadeiro samurai. Apesar de ser pobre, ele realizava suas tarefas com grande empenho e perfeição e ainda cuidava de duas filhas e uma mãe (que mal conseguia lembrar seu nome). Era um homem sem grandes ambições, que vivia de forma honesta e não se deixava levar pelos maus indivíduos que o cercavam. Em batalha, apesar de estar um pouco "enferrujado", era calmo e preciso. Certamente Iguchi Seibei, acima de tudo é um grande exemplo de pessoa, do tipo que raramente se pode ver hoje." - Renan
"Na caminhada, estar atento e ser guiado pelas virtudes.
Treinar a mente e a técnica.
No amanhecer e no entardecer: Senki*, sempre." - Débora
Sayounará, arigatou gozaimashitá!
*miná-san = pessoal
*senki = espírito guerreiro
*sayounará = saudações
*arigatou gozaimashitá = muito obrigado
"Terça-feira, feriado de Dia de Finados. Chuva. O dia chamava por marasmo e preguiça. O almoço, na casa de minha tia, saiu mais tarde e o treino começaria mais cedo, confesso que tudo parecia querer me deixar em casa, me deixar indisposta.
Quando me despedi de meus parentes para voltar para casa para me arrumar para ir ao treino, todos me olharam surpresos, dizendo: “É feriado!”, ou “Está chovendo!”, ou “Mas já?”. Para mim seria um dia normal de treino, exceto pelas ilustres visitas que receberíamos da Unidade de Brasília.
Quando eu e o Teko chegamos ficamos surpresos: os visitantes já haviam chegado e, para nossa comoção, já estavam nos aquecimentos. Indagamos-nos sobre o horário, se estávamos atrasados, mas, na verdade, era um treino de Niten Ichi Ryu espontâneo antes do treino oficial marcado para se iniciar às 17h.
Preparei-me para entrar no Dojo* e comecei a praticar os katas* de Niten Ichi Ryuu com um dos alunos de Brasília. Achei muito estranho esta parte, pois, quando praticamos este estilo é fundamental o contato visual olho a olho, mas ele ficava olhando para tudo e para todos, menos para mim. Valorizei a importância do acompanhamento e das broncas dos senpais* que me corrigiram neste kata.
Início do treino oficial. O Narabe*, para mim, foi meio confuso, afinal, não sabia se deveria organizar conforme sempre fazemos nos treinos rotineiros, ou se poderia, simplesmente, me posicionar ao lado de algum dos visitantes desconhecidos (até então). Optei por este último, já que nenhum senpai se pronunciara a respeito.
Ademais a este detalhe, achei o treino bastante organizado apesar da quantidade enorme de pessoas: havia, pelo menos, uns 17 a 20 alunos e senpais da Unidade de Brasília ali, conosco. O senpai Ricardo separou os alunos de kenjutsu, de Iaijutsu e de Jojutsu e designou monitores para cada modalidade. Fizemos os aquecimentos e suburis* rotineiros, e, para mim, alguns que me eram novidade. Mas a surpresa maior foi quando ele entregou a nós, praticantes de ittou*, as kodachi*: teríamos a bela oportunidade de praticar com Nitou*!
Dificuldades e problemas de coordenação motora à parte, foi maravilhoso. Lembrei de um trecho que li do Go Rin no Sho, de Musashi sensei: “Na minha escola o aluno iniciante deve treinar desde o início o uso simultâneo das duas espadas. No início é muito difícil manejar as duas espadas ao mesmo tempo. No início todo aprendiz estranhará o peso da espada longa e terá dificuldade de brandi-la, mas devo lembrar que tudo é difícil no começo.”
Além do treino, demonstraram a modalidade de Jojutsu para nós, igualmente formidável, assim como o Iaijutsu. Futuramente, se me for possível, quero praticar esta arte “aparentemente” inofensiva! Adorei a camuflagem da arma como um objeto de uso comum.
O shiai*. Bem... quando ouvi o senpai Taddeo gritar: “Ganbatte*, Akemi!”, fiquei tão nervosa... senti o peso dos olhares e a confiança de todos por sob meu men*. Não fui confiante o suficiente, não soube avançar sobre o oponente como o senpai tanto insiste para com minha pessoa, mas aprendemos com nossos erros. Perdi a “batalha”, mas ganhei em experiência. Era minha primeira vez em um shiai e o senpai Ricardo, e foi durante o processo que soube sobre algumas diferenças entre o Keiko* e o Shiai. “Não há tempo para toalhas quentes”, lembrei-me agora... Apesar de ter levado vários “mens” neste shiai em, talvez, 3 minutos, foi uma energia diferente e revigorante.
Perder ou ganhar não era o objetivo, mas, sim, aprimorar.
Na realidade, ao final do treino todos fomos vitoriosos: vencer um dia apático, a distância e a indisposição (Treinar indisposto!) para treinar com alunos de outra Unidade, sentir a força de seus kiais*, ver a diversidade e a união deste grupo, tão grande, mas tão unido, me fizeram entender o realmente significa a palavra sinergia."
- Akemi Tsuruda, sobre o Intercâmbio: Niten Brasília visita Goiânia.
*dojo = local de treino
*kata = modo tradicional, sequência de movimentos
*senpai = colega que pratica há mais tempo no Niten
*narabe = formação em fila no início do treino
*suburi = exercício de aquecimento com a espada
*ittou = uma espada
*kodachi = espada curta
*nittou = estilo que utiliza duas espadas simultaneamente
*shiai = luta com arbitragem
*ganbatte = palavra de incentivo
*men = proteção para a cabeça, ou golpe na proteção da cabeça
*keiko = luta sem arbitragem
*kiai = energia, demonstrada principalmente através do grito
"Shugyo é como um kirikaeshi* demorado, parece não ter fim. Durante a execução você fica bem atento para manter o kiai*, para não deixar os braços abaixarem, para não deixar os golpes escaparem, são muitos detalhes e você esta totalmente focado neles. No entanto, tem uma missão de ir ate o final, mesmo já tendo ultrapassado seus limites físicos. Quando você escuta ...”ultimo men*...” o mundo parece parar para aquele golpe que deve ser perfeito, sem falhas, então vem o “Iamee” (terminar), a partir desse momento algum entendimento virá, pode ser exatamente naquele instante ou mais tarde com as auto-reflexões.
Meu shugyo começou em São Paulo no dia 16/11 (segunda) sobe a supervisão do Sensei, dos Senpais* da ADM*, principalmente do Senpai Adeval e claro de todos aqueles que trabalham na ADM que de uma forma ou de outra estão lhe ensinando algo constantemente. No dia 20/11 (sexta) parti para o Rio de Janeiro, para então, sobe a supervisão do Senpai Wenzel e Senpai Renault encerrar meu shugyo no dia 22/11 (domingo).
Em São Paulo cruzei mais uma vez minha Espada com pessoas fantásticas, dedicadas, disciplinadas, verdadeiros exemplos. Treinos matinais de Niten Ichi Ryu com o Senpai Akira. Com o Senpai Adeval, treinos em diversos lugares, diversas durações, estilos, diversos katas do Bushido. No Rio, 40 Co e uma realização, conhecer uma das maiores e mais fortes unidades do Brasil. La tive a oportunidade de aprender muito com o Senpai Wenzel e de lutar com todos alunos que estiveram presentes nos treinos de sábado e domingo. Sei que em ambos lugares fiz novos colegas que torcerei para velos em novas ocasiões.
Como coordenador da Unidade Goiânia minha atenção não estava focada somente para a minha evolução no Caminho da Espada, mas também em captar o máximo de detalhes no convívio com outros coordenadores de São Paulo e Rio de Janeiro para fazer com que a Unidade Goiânia também evolua.
Com certeza meu shugyo foi tão pesado quanto o de vários guerreiros que passaram por São Paulo em busca desse treinamento, mas para mim ficará marcada a sensação de ter ido até o final com todo meu empenho para ter certeza de que ainda falta muito para ter uma compreensão sobre o Caminho e o que me resta é continuar buscando.
Domo Arigato Gozaimashita a minha família pela compreensão.
Domo Arigato Gozaimashita a Unidade Goiânia por ser um incentivo constante.
Domo Arigato Gozaimashita por todos da Unidade do Rio de Janeiro que me mostraram verdadeiras mensagens a cada luta.
Domo Arigato Gozaimashita a todos que trabalham na ADM e que fazem com que os objetivos do Sensei e dos Senpai dêem certo.
Domo Arigato Gozaimashita ao Senpai Akira pelos treinos matinais e toda preocupação com a Unidade Goiânia.
Domo Arigato Gozaimashita ao Senpai Adeval por sua constante atenção e preocupação em ensinar os katas do Bushido.
Domo Arigato Gozaimashita ao Senpai Kenzo que no Rio de Janeiro abriu mão de tarefas pessoais do seu domingo para que eu conhecesse o Corcovado (Cristo Redentor).
Domo Arigato Gozaimashita ao Senpai Renault por ensinar tanto sobre paciência, serenidade, lealdade e claro Arigato pelas cervejas.
Domo Arigato Gozaimashita ao Senpai Wenzel por me mostrar tantos detalhes que serão úteis ao meu Caminho e à Unidade Goiânia.
Domo Arigato Gozaimashita Sensei, por me acordar de um sono profundo e mostrar-me quais são os próximos passos no Caminho. Arigato Gozaimashita pelo seu exemplo."
- Caio Taddeo, coordenador da unidade Goiânia, sobre o seu shugyo.
*kirikaeshi = um dos exercícios mais cansativos e desgastantes no Niten
*kiai = energia, demonstrada principalmente através do grito
*men = golpe na proteção da cabeça
*senpai = aluno mais antigo no niten
*ADM = administração
*arigato gozaimashita = muito obrigado
*arigato = obrigado
*kata = forma tradicional, sequência de movimentos
"Posso falar de muitos momentos importantes da vinda do Sempai* Renault, mas dentre todos, preferi destacar os momentos de ouro do treino.
Sempai Renault conseguiu traduzir, de uma forma muito clara, o que são o Autoconhecimento e a Disciplina duas palavras que são utilizadas por muitos, mas que poucos entendem ou conseguem sentir os benefícios.
Autoconhecimento para saber exatamente como somos, conforme ele falou, afirmar "Não era eu" ao sobre algumas de nossas próprias reações demonstra o quanto não nos conhecemos. Conhecer-se é compreender todas as nossas reações tudo o que somos, enfim cada parte de nós mesmos e, caso tenhamos alcançado a disciplina, escolher as que temos de melhor.
Para conseguir Autoconhecimento treinar! Para conseguir disciplina treinar!
Arigatô Gozaimashitá* Sensei!
Arigatô Gozaimashitá Sempai Renault!"
- Clovis Vieira, sobre o Seminário de Niten Ichi Ryu ministrado pelo sempai Renault.
*sempai = aluno mais antigo no Niten
*arigato gozaimashita = muito obrigado