Torneio Brasileiro Kenjustu por equipes - Rio 200

por Niten Rio de Janeiro - RJ/Rio de Janeiro - 24-jun-2004

Por Mário Amorim Conforti

Konnichi-wa Mina-san!

Infelizmente não tirei nenhuma foto do Torneio, mas impressões pessoais não faltaram.
Essa foi a primeira vez que eu participei, realmente, da organização de um Torneio Nacional. Agora posso dizer que é muito difícil organizar um evento deste porte e, ao mesmo tempo, muito prazeroso. Tive a impressão de que toda a unidade Rio de Janeiro ficou mais unida nesses 2 dias de competições. O tempo foi curto, gostaríamos de ter feito mais coisas, mas passada a guerra não me arrependo de nada. Fiquei emocionado com a quantidade de alunos de outras unidades do Brasil que vieram prestigiar o Torneio. Acho que todos nós do Rio ficamos pensando se as pessoas viriam, se daria tudo certo; e no sábado pela manhã, quando eu vi o ginásio lotado eu pensei: "Caramba, todas essas pessoas confiaram na gente!", foi então que eu me dei conta que não poderíamos falhar. A torcida estava muito animada, o pessoal de Brasília e da Ana Rosa deu um show à parte. Reencontrei muitos amigos, Senpai´s e Kouhai´s, e conheci muitos outros. Tentei não desperdiçar nenhum momento. Sei que foi cansativo, duro e, às vezes, estressante. Por isso, aprendi a dar valor ao esforço de toda a organização dos outros Torneios. Peço desculpas se em algum momento faltei com minha responsabilidade. O Torneio foi maravilhoso, assim como nossa cidade! Nos vemos em Campinas 2005.

Doumo arigatou gozaimashita,

Conforti - RJ.

O TORNEIO E OS DUELOS.
Por Gabriel Dib Tebechrani Neto

No final de semana passado , os bushis do Niten se reuniram no Rio de Janeiro para o que seria o maior torneio brasileiro já realizado, o primeiro fora de São Paulo. Já deixo aqui aos nossos amigos do Rio as devidas congratulações pela organização de um evento desse porte . Omedetou!!

Não vou aqui descrever as fatalidades da vida , como quando o pneu do nosso ônibus (de São Paulo) furou e ficamos andando no acostamento sem rumo , ou quando eu acabei por engano trocando meu obi novinho por um obi usado enquanto me trocava no masculino . Foram, afinal , risadas sem as quais não conseguiríamos bolar a música que guiou as competições: o Bonde do Nejão .

Escrevo aqui , sim , sobre três momentos que me marcaram neste torneio .

O primeiro foi logo antes de iniciarmos a luta para semifinal de kenjutsu: nós , da equipe São Paulo, contra a equipe Ana Rosa ( todos nós treinamos na Ana Rosa ). Animados e nervosos , nós formamos um círculo e prometemos dar o melhor de nós e honrarmos o privilégio de ter o Sensei mais próximo do que a maioria das outras unidades espalhadas pelos confins do Brasil. Essas 5 lutas estão entre as mais emocionantes que eu já vi e lutei.

O segundo momento foi logo após a derrota na final para a equipe do Rio de Janeiro ( Barra ). Senti-me realmente grato por ter lutado aquela final com meus amigos de espada contra uma equipe forte que ainda não tínhamos enfrentado. Foram mais 5 combates inesquecíveis . O sincero “Arigatô Gozaimassu” para nossos amigos do Rio mostrou realmente o que é o espírito do Bushido.

Por fim , a final de Kenjutsu 4 o . kyu e acima foi fantástica . Cada bushi que assistia seus Sempais lutarem lançava ao ar seu ki, esperando que a força do espírito fosse recebida e se mostrasse decisiva na luta . O empate após os dois primeiros embates levou para as mãos do Sempai Neje e do Sempai Renault o confronto final . Lembro-me perfeitamente : após um pouco de luta , os dois se separaram e abaixaram as armas , andando em círculos e encarando o adversário como se fosse a sombra da própria morte . Era a encarnação de um verdadeiro duelo de samurais .

As quatro espadas ligeiras e fatais , ávidas por um corte certeiro : o golpe perfeito .

Ali as duas torcidas soltaram todo o seu kiai, abalando as estruturas do forte de São João, nosso campo de batalha .

Logo na segunda-feira , de volta a São Paulo, compareci ao treino na unidade Ana Rosa . Como havia torcido o tornozelo na luta final , no dia anterior , fiquei treinando Iai ao fundo do dojo ( um martírio ficar de seiza, imaginem), sem tirar os olhos dos meus amigos que , após a batalha do Rio, pareciam mais fortes e mais ágeis. “ LUTA !” Os passos mais firmes acompanhavam o kiai exaltado, renovado (e até rouco) desde a última batalha .

É como Sempai Neje disse, depois de torneio como esse você volta querendo treinar mais forte . A espada corta diferente . O “Men” sai amplo e sem força . O “koshi” está mais firme .

Você quer ser maior . Ir além dos seus limites .

É então que nós nos damos conta de que o infinito não é suficiente para nos deter .

Domo-arigatô-gozaimashita!
Gabriel Dib Tebechrani Neto
( unidade Ana Rosa – SP)

O QUE RESTA AO BUSHI
POEMA de LENDRO PORTOS

Sob o metal que protegia o rosto
Havia a mistura densa de lágrimas e suor
Os olhos não fitavam carne
Mas sim espíritos. Cores.

Dentro do peito a gratidão intensa
E o fervor de se alimentar de batalhas vindouras
Os gritos, kiais e o crispar de combates ao redor
Satisfaziam aos ouvidos como uma orquestra
De sons de glória e força

Não pensar em nada na investida
Deixar de existir quando as espadas se ajuntarem
E sentir depois o sabor da vitória
Apenas pelo sorriso de companheiros

Quando os pés se moverem adiante do círculo de fogo
Restará àquele guerreiro apenas a coragem
e o aprendizado único dos dias de luta.

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