Hagakure – que pode ser traduzido tanto como “folhas ocultas” ou “oculto pelas folhas” – foi publicado em 10 de Setembro de 1716, e é uma compilação das filosofias de Yamamoto Tsunemoto, um vassalo de Nabeshima Mitsushige, o terceiro senhor do feudo Nabeshima, origens do Sensei Jorge Kishikawa.
O livro é considerável não tanto pela suas filosofia, os quais dissertam desde assuntos profundos até mundanos passando por absurdos, mas pelo contexto histórico em que ele foi escrito. No ano em que Mitsushige faleceu, em maio de 1700, o Japão havia completado exatamente 100 anos de paz. Isto havia deixado os samurai com o mesmo problema das forças militares modernas: o que é feito de um guerreiro disciplinado, orgulhoso, em épocas de paz duradoura? Essa mesma questão é discutida atualmente: assuntos políticos e problemas orçamentários se sobrepõe à prontidão e à moral militar. Considere então o quê o samurai, guerreiro do Japão feudal fanaticamente obcecado com honra e pronto para dar a vida pelo seu senhor, deve ter sentido ao ver a sua profissão se estagnar. O próprio Tsunemoto foi proibido de cometer junshi, o suicídio ritual em que o vassalo segue o seu senhor na morte, pelo Shogunato Tokugawa, e isso sem dúvida contribuiu para a sua frustração. Portanto, sob um ponto de vista, Hagakure não é apenas “O Livro do Samurai”, mas um último suspiro de uma casta em extinção.
A filosofia do Hagakure é uma típica fusão entre o Zen e o Confucionismo que prevalecia durante o período Edo (1600-1868). Este sistema social único foi promulgado pelo Shogunato Tokugawa porque a ênfase confucionista em adoração aos antepassados junto com o budismo fortalecia a ideia de status que no conceito do sistema de classes feudais, como a devoção filial e o respeito à profissão. Portanto, a ideia de que filhos de fazendeiros deveriam ser fazendeiros e de que filhos de samurais deveriam ser samurais foi fortalecida, protestar sobre a sua própria posição seria desrespeitar os próprios pais e infringir a lei era algo que trazia uma vergonha insuportável para todos, sua família e conhecidos.
Ainda que o Japão esteja se tornando cada vez mais ocidentalizado nos últimos tempos, as regras do Shogunato de 268 anos ainda tem forte influência no comportamento japonês. Portanto, para entender os japoneses, é útil entender a sua história sócio-política.
O Hagakure, além de pintar o retrato histórico do samurai durante o período Edo, tem alguns ensinamentos filosóficos preciosos, tais como:
No mundo atual, como na época de paz em que foi escrito o livro, constata-se, de maneira idêntica, indivíduos sem o brilho e vigor, imprescindíveis para todo Samurai moderno, razão pela qual foi escrito o Shin Hagakure (Shin=novo), de autoria do Sensei Jorge Kishikawa. Um manual do guerreiro voltado aos tempos atuais.
Neste sentido, o Sensei Jorge Kishikawa faz com que o Hagakure, livro referencia de sua terra de origem, seja um dos instrumentos fundamentais para a compreensão do Caminho do Guerreiro, através do convívio e treinamento com seus discípulos.