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Retorno do feriado com uma noticia repugnante e inimaginável, mas que ilustra. Te conto no final.
Vamos falar sobre o que faltou: o aprender com o convívio. (10jun - Ouvir).
Se, como eu já disse, pelo ler e o ouvir, que são as outras formas de aprender, não podemos ter a certeza de ter aprendido certo, só nos resta então a última chance: o convívio.
Convívio, do latim cum vivere, vivere insieme, ou seja, viver junto com alguém, em conjunto, complexo, ou mais facilmente dizendo, viver juntamente ou ao lado daquele com quem se tem a intenção de aprender.
Tal como se aplica a educação das crianças, dizemos:
- O importante é o exemplo!
E isto quer dizer, de maneira direta, estar presente. Estar ao lado delas. Para que não reste dúvidas de que aprenderam o que quisemos transmiti-las. Educá-las, e de verdade.
Do mesmo modo, podemos dizer sobre o aprendizado no Caminho.
Dependendo do mestre que se escolhe, aprenderás a fazer a coisa certa ou aprenderás a fazer a coisa errada.
De qualquer forma, aprenderás.
Mas, se optar pelo segundo, aprenderás certo a fazer a coisa errada...
Estamos aqui, neste feriadão, fazendo um treinamento em meio a paz aqui da cidade.
Uma semana em cujos Momentos de Ouro estou falando sobre os samurais e a satisfação nas refeições...
Aproveito para lembrar você que no Gashuku da semana que vem vamos dar mais um grande passo ao Caminho do Samurai: o Bugei Juhappan.
Entre as várias armas, você vai aprender o Jitte.
Lembro que todos, inclusive os iniciantes, poderão conhecer a magia desta arma junto com o leque.
Continuando (09jun - Livros).
O ouvir.
Há quem pense que se ouvir tudo que eu falar, compreenderá tudo o que eu falei. Ledo engano. Lembro-me de ter visto uma pesquisa, ainda nos meus tempos de adolescência, que de tudo que é dito apenas 20% é assimilado no nosso pequenino cérebro. Pior ainda: existe a grande chance de se equivocar quanto ao que foi dito (e que na grande maioria, é o que acontece e é a causa da pior parte dos males de todas as confusões).
É um problema. As pessoas só ouvem o que querem ouvir.
- Então o que devo fazer? - dirão alguns.
Primeiro: ir a escola.
Segundo: prestar atenção na aula e
E finalmente em terceiro: estudar.
- Ah! mas isso eu não gosto! - dirão a maioria.
Não há o que fazer. Problema deles.
Mas, continuando a nossa conversa, existe um outro grande problema: o perigo de se ouvir estórias com "e", e não histórias.
Charlatões existem em todas as áreas e todos se dizem mestres ou discípulos de grandes mestres. Aproveitam-se da poeira deixada pelo tempo para contar fatos que nunca viveram ou mentiras que nunca existiram.
- Então devo tapar os meus ouvidos porque tudo é mentira?
Em parte. Tape um pouquinho.
- E depois? O que eu faço pelo amor de Deus! - perguntarão alguns, um tanto angustiados.
Deixemos para depois do feriado.
Ate lá, fique esperto!
A partir de hoje, comento a você, as palavras que me chegaram de um aluno, e que certamente poderão ser de valia:
"Entrei no Niten um dia antes da chegada da comitiva do Kaminoda Sensei, em 2005. Não participei do evento, pois achei que não iria aproveitar a contento, afinal com somente uma aula... ah, se arrependimento matasse! Voltando para entrada no Niten, comecei no Kenjutsu, e me lembro até hoje que quando me perguntaram o que buscava ali, e minha resposta foi, resumidamente: Conhecer mais fundo o Bushido. Sabia somente o conceito de livros e filmes (colecionador de histórias Zen), mas realmente foi esta busca, aliado aos treinos, que ajudou em minha transformação."
Ainda antes de encerrarmos o Café de sexta-feira, me perguntaram o porquê de eu colocar montanhas e pedras na foto (05jun - Fazer o combinado nos Momentos de amanhã).
Adoro pedras sim, mas não se trata de mostrar imagens que eu aprecio o fato de eu colocá-las no Café.
- Cada dia tem o seu porquê. Ou não. - expliquei.
- Como escrevi no Shin Hagakure:
"Uma imagem vale mais que mil palavras" - continuei
- Mas, o problema é que não é sempre que todos entendem o que quer dizer a imagem que o Sensei coloca - disse-me um deles.
Aí não tem como.
Sinto muito, mas aí o que falta é o treinamento. Tem que treinar.
Mas fazer o quê, não é mesmo? Os koans* também são assim...
Raspe a cabeça e vamos lá.
Tente entender o porquê da imagem de hoje:
*koan= Um koan (公案; Japanese: kōan, Chinese: gōng-àn, Korean: gong'an, Vietnamese: công án) é uma narrativa, diálogo, questão ou afirmação no Zen-Budismo que contém aspectos que são inacessíves à razão. O koan tem como objetivo propiciar a iluminação do aspirante zen-budista. Um koan famoso é: "Batendo duas mãos uma na outra temos um som; qual é o som de uma mão?" (tradição oral, atribuida a Hakuin Ekaku, 1686-1769).(wikipedia)
Quantas são as artes que o guerreiro deve dominar para ser considerado Samurai?
A resposta é clara: 18. Ao samurai era conferido o título de "Bugei Juhappan", ou seja, aquele que domina as 18 artes do Kobudô.
Este Gashuku* em São José dos Campos estará voltado ao treinamento de katas das várias artes, parte integrante (senão a mais importante) para a evolução e compreensão das técnicas e do Caminho.
A carga horária destinada a cada uma das artes será o suficiente para aprimorar os katas que já conhecem e assim chegar a perfeição. Além disso, acredito que poderá, cada um no seu ritmo, levar para casa um novo kata.
Estilos novos como o Nippon Kendo Kata e Echigo Ryu Iaijutsu começam a ser parte integrante das artes praticadas no Niten.
Aprender o Jitte e o Kusarigama (foice e corrente), artes incomuns até no Japão.
E, no final de cada dia, falaremos sobre as leis que regem o combate, o Heiho no Hansei, em Momentos de Ouro.
Quantas você domina?
*Gashuku= treinamento intensivo
Hoje, enquanto tomo o meu café da tarde, leio esta carta que acaba de chegar.
Você deve estar imaginando que tipo de "palavrão" é isto: Kachoufugetsu.
Não. Não se trata de um palavrão, mas um local abençoado por Deus.
Retornei ontem de lá e no frio aqui de 11 graus em São Paulo fui a Unidade Ana Rosa.
Após o treino dos iniciantes , foi a vez dos veteranos, com os quais , treinei um a um...
No final da aula, um deles me perguntou:
- Sensei treinou comigo menos tempo que os outros. Por quê?
Ao que respondi:
-Muito capim não entra.*