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Não . Não vou dizer nada.
Só vou deixar estas palavras que escrevi no Shin Hagakure:
"As pessoas sempre adiam seus projetos por falta de tempo. Estão sempre dizendo:
-Quando entrar de ferias, farei isto, farei aquilo.
Chegam as ferias, mas nada acontece.
Na verdade, conseguimos realizar mais feitos quando estamos em guerra."
Férias...
Kendo Kata.
Ou em sua maneira mais formal, Nippon Kendo Kata.
Me perguntaram o porque de introduzi-lo e somente agora no Niten.
Uma vez 7ºdan kyoshi de kendo e jurado da banca examinadora para a mais alta graduação no Brasil( 7o dan), seria um desperdício eu não passá-los aos meus alunos.
Os mais novos devem desconhecer também que, por varias vezes, atuei como auxiliar nos seminários de kendo kata.
Mas o passado não importa.
O fato é que combinei com o mestre Baba , em sua recente visita, que iria transmitir no Niten os fundamentos do kendo kata.
Mas sem vincular aos exames de graduação. Aprender por aprender.
Apenas em busca do conhecimento...é o Niten Kendo Kata.
Continuando o relato da japonesa que veio ao Niten (27ago -
O Kendo hoje é divulgado mundialmente, e estão nascendo várias formas de Kendo segundo a particularidade de cada povo. O kendo no Japão está recebendo um efeito de simplificação desde a disciplina, passos e procedimentos, na forma de colocar a espada na bainha. Pergunto também se não está havendo algum tipo de acomodação como por exemplo ao mudar o Kendo kata esquecendo as sabedorias transmitidas pelos ancestrais? Retirar os excessos é importante, mas na essência do samurai existe um dizer que é 300 reis, 3000 fundamentos e 18 modalidades (Bugei juuhappan como opraticado no Niten), e me pergunto se nesses tempos modernos está sendo preservado ao menos a décima parte disso? Tendo em vista o fato acima exposto, acho que o Bushido está vivo mesmo é no Brasil.
Acho difícil ver no kendo japonês atual o espírito de iniciar e terminar na reverência, forma respeitável de se portar, valores como Jin Gui Rei Chi Shin. Os valores como compaixão e rei não são possíveis de serem adquiridos apenas por meio de confrontos com bogu.
Ficando acomodados só por ser país de origem, o Japão não poderá vencer o kendo de outros países. Aliás, no campeonato mundial já deixou de vencer, e mesmo a nível de estudantes vem havendo derrotas. Talvez estejamos sendo samurais só na aparência, mas sem conteúdo.
O fato de treinar kendo num lugar onde se fala língua diferente foi uma experiência inédita e uma oportunidade única no sentido de repensar sobre como treinar o kendo. Com os ensinamentos adquiridos, gostaria de respeitar a história e cultura, introduzir bons ensinamentos mas mantendo a tradição, assim tornando uma pessoa com personalidade, conhecimento e capacidade suficiente para transmitir esta cultura do Japão.
Por fim gostaria de registrar os meus sinceros agradecimentos ao mestre Baba e Sensei Jorge Kishikawa pela oportunidade única deste encontro no Brasil.
Um aluno me escreveu ontem que apesar de estar com o corpo dolorido apos o Gashuku (23jun - 9armas), estava muito contente e feliz por ter vencido esta etapa inicial.
Ei-lo:
"Queria dizer que foi uma honra participar desse Gashuku de Katas em São José dos Campos.
Foi o meu 1º Gashuku e superou as minhas expectativas, é até difícil descrever em palavras o sentimento que ficou após esses 3 dias de treino.
(...)
Tiveram momentos difíceis: particularmente ter ouvido do Sensei: “você não tem ki* ...” não foi nada fácil. Ouvir algo que no fundo você já sabe, mas não quer admitir...
O que eu posso dizer é que após ingressar no Niten as mudanças já começaram a ocorrer. É uma luta diária para superar isso. Realmente o seu maior inimigo pode ser você mesmo."
Recebi esta mensagem de uma das participantes do Gashuku (23jun - 9armas)
"Achei incrível os comentários do Sensei sobre as lutas de kenjutsu dos Senpai* mais graduados. Realmente tem coisas que só praticando e vitaminando o espírito para poder praticar na luta. Aparentemente o que é só um esforço físico, muito precisa do nosso auto-conhecimento sobre nossas próprias emoções e pensamentos, não só para detectarmos os problemas a tempo, mas para ter a energia de superá-los e velocidade de reação, sem esquecer de usar a cabeça. É preciso enxergar à frente, se bem o compreendi, um bom estrategista o faz bem. Bom, ainda não sou muito sagaz, espero que treinando possa um dia alcançar isso, o Sensei deixou clara a direção. Os Momentos de Ouro, realmente foram dourados, todos eles, todas as palavras e demonstrações!/
Fico sempre muito feliz ao revê-lo,Sensei. No Gashuku, mesmo tendo as intempéries, sinto um enorme prazer de estar com o grupo, de compartilhar o sentimento de que há algo especial entre todos nós que nos une. Além dos risos, trocas e oportunidades de ser útil e generosos uns com os outros. É algo sutil e de valor subjetivo, o que nem todos que observam de fora compreendem.
Domo arigato gosaimashita pela atenção especial na Kusarigama*. Continuaremos treinando para honrar nosso compromisso.
Domo arigato gosaimashita por tudo!"
Hoje quero lhe mostrar as palavras de um aluno que veio a SP para shugyo* e participou do Gashuku (23jun - 9armas)
"Shugyo
O shugyo não começa quando chegamos à ADM*, e sim quando resolvemos nos colocar a prova... Várias perguntas vêm à cabeça, a primeira com certeza é: Por que eu quero sofrer? A resposta é simples, por que estou cansado de ser acomodado, não quero mais ser simplesmente mais um que aproveita as oportunidades, e sim aquele que cria as oportunidades.
......
Fui armado, em certo ponto até "preparado", para o que podia enfrentar tanto no físico quanto no espírito, minha guarda estava alta, estava sendo cético em relação às atitudes e intenções, tanto minhas quanto daqueles que me cercam. Precisava ter a certeza, mas qual certeza? A que eu sempre acreditei ou aquela que eu poderia presenciar? E para que ter tanta certeza assim? Por que tudo tem que ser tanto preto e branco? Tenho a tola mania de sempre analisar, planejar e criar estratégias para as coisas, e assim eu deixo de aproveitar a essência, o momento e a oportunidade de errar.
Só existe um tempo no qual podemos influenciar o presente, o passado não nos pertence mais e o futuro está muito além das nossas capacidades. Esse é o espírito do samurai, o guerreiro que vive para estar preparado para quando morrer.
Enquanto eu tentava "esconder" os meus sentimentos, eu estava sendo lido como um livro, página por página, não julgado e sim lido cuidadosamente, nas minhas atitudes, na minha fala, no meu olhar, no meu espírito e na minha vontade... E isso foi o mais surpreendente, enquanto eu achava que estava no "controle" dos meus desejos, percebi que os fantasmas do meu lado me denunciavam e apontavam meus erros.
Mesmo assim as pessoas que estavam ali na minha frente me guiavam, abriram os seus corações e permitiram que eu pudesse ver, sem tentar influenciar, achar o que eu tinha ido buscar, achar o meu "tesouro sagrado". Abrir as portas da nossa casa não é fácil, só convidamos aqueles em que acreditamos e quando não temos sujeira por debaixo do tapete, muitas vezes precisamos testar e ser testados, só assim o verdadeiro espírito aparece.
De nada adianta ler e ouvir, se a gente não vive a experiência. Estar presente é ver, tocar, degustar, cheirar e ouvir o momento. Aprender da fonte, sem filtros ou atalhos. Não existe nada mais sério do que a relação de um mestre e seu aprendiz, e a confiança demora uma vida para ser formada, mas acaba em uma respiração.
Usando uma história zen, posso dizer que a minha xícara de chá foi esvaziada. Não tenho mais medo, verdades, conceitos, histórias e vontades egoístas. Agora eu quero aprender, uma linha reta. Como aprendi, ter uma vida de várias escolhas nos traz sofrimento, existem momentos que devemos não ter escolha e ser o que acreditamos, nem sempre fazer o correto é o mais fácil!
Sobre o treino físico? Sim você sofre, seu corpo fica doendo, o sono carrega para bem longe a sua vontade, os hematomas ficam evidentes, sua mente se cansa, a fome bate à sua porta e o desejo de fugir fica corroendo todo o seu ser... Mas isso não é nada quando comparo aos momentos únicos que tive as lutas incríveis que pude travar com grandes guerreiros, mesmo sendo jogado no chão, prensado na parede, levantado a alturas impossível com um simples golpe, sentir na pele, literalmente, como é sentir seu corpo ser dilacerado, minado por vários cortes. Sim, a palavra certa aqui é corte, tive que aprender a esquecer que está usando um pedaço de bambu nas mãos, e sim uma katana que tem vida.
Aprender que no iai* tudo é a questão do tempo de uma respiração e que a katana nada mais é do que a extensão do seu corpo e vontade.
O que levo do meu shugyo se resume a palavra retidão, segue duas frases que explicam o meu sentimento sobre essa palavra:
"Nenhum outro sentimento pode trazer mais alegria e felicidade à alma do homem do que a certeza de estar fazendo tudo para ser reto."
(autor desconhecido)
"Aquele que reprime os ímpetos da cólera estará a coberto de qualquer perigo. É conveniente saber sufocar, ou ao menos moderar a cólera, o temor, a tristeza, a alegria, e outras agitações profundas que podem alterar aretidão da alma."
(Confúcio)
Domo arigato gozaimashita ,Sensei, por ter aberto a sua casa para que eu pudesse treinar eaprender.
Domo arigato por todos os Senpais que me ensinaram as técnicas e que meajudaram a superar o meu limite moral.
Sayonara!"
Temrinado o Gashuku de Katas (19jun - 9 armas) em São José dos Campos, recebi estas impressões do aluno que participou com o seu filho:
"Gashuko 1 / X
1 ........ Primeiro, primeira reflexão
/ ........ De
X ........ Muitos, valor indeterminado
Meu primeiro Gashuko:
Comentário do Sensei:
-Você relembrou a infância!
Hai sensei,
- a infância (mesa grande e muuuita alegria)
- a adolescência (descoberta da amizade)
- a faculdade (as olimpíadas entre engenharias, alojamentos, beber muito entre amigos)
- a maturidade (a responsabilidade de aplicar e repassar os nossos valores no dia a dia)
Domo arigato gozaimshitá, Sensei!
F.O."
Ao ser perguntado por um de seus colegas se com este Gashuku havia aprendido mais algum kata novo, este respondeu:
- Mas que kata novo! Que nada! Descobri depois deste Gashuku é que eu não sei fazer nem o primeiro kata!!!
A partir de hoje, começamos o Gashuku* de katas*.
Obviamente haverá combate, mas a ênfase será nos katas.
Nada menos que 9 armas para conhecer em um fim de semana.
Aos amantes da Estratégia, falarei sobre o processo de destruição.
Se você não gosta de ser vencido, venha para depois não se lamentar em suas derrotas.
Depois do café, nos vemos lá no dojo*.
gashuku = treinamento intensivo
*katas = sequência pré-combinada de movimentos elaborados há 500 anos
dojo = local de treinamento
Foi-me perguntado qual era a arma utilizada nas gravações da History Channel (17jun - Gosho Sensei na wikipedia) quando Yoshimoti sensei apara o golpe de seu oponente.
Trata-se de um bastão longo conhecido como "bo". Seria uma extensão do "jo", um bastão médio.
No Niten Ichi Ryu, aprende-se as técnicas de "bo" contra outro "bo( bo ai bo), e as técnicas do "bo" contra espada (tachi ai bo)
Muitas vezes, quando uma lança (yari) ou uma alabarda (naginata) tinham as suas lâminas arrancadas de seus cabos, sobrava apenas o cabo nas mãos dos samurais.
Este cabo, o bastão, viria a ser chamado de "bo", a partir disto de bojutsu".
Na finalização do golpe Nito de ontem (16jun - Isto é Niten Ichi Ryu), destaco a velocidade e precisão da espada maior sobre o Uchigote (parte interna do antebraço) do oponente.
Para elucidar melhor quem é o sensei Gosho Motoharu, sugiro que dê uma olhada no link:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gosho_Motoharu
Além disso, poderá vê-lo na reportagem da History Channel, ao lado do mestre Kiyoshi Yoshimoti, quando este entrega a espada ao Terry.