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Ontem, ao recordar dos tempos de hospital
- Pai, qual foi o paciente mais grave que você atendeu?
Pensei por alguns minutos. Lembrei de uma lista enorme de baleados, esfaqueados, suicidas, amputados, atropelados e tantos outros, um pior que o outro. Todos graves.
Mas há sim, um em especial, que jamais me esquecerei.
Foi no meu 4º ano de medicina, quando fazíamos o que chamamos de visita nas enfermarias. Era uma senhora que aparentava ter uns 60 anos, mas que não apresentava nenhum sintoma. O nosso orientador explicou que o motivo dela estar lá era porque ela estava envelhecendo precocemente.
Esta expressão - "envelhecimento precoce" - na linguagem médica tem outro significado. Trata-se da progéria, da qual falo no meu livro Shin Hagakure. A idade real da paciente, 16 anos.
Ao longo dos anos, dramas como este, e outras centenas e milhares que vivenciei, me possibilitaram ser mais sensível e perceber a dor e o sofrimento humano, muitas vezes, habilidosamente ocultos sob a aparência.
Criança Morta (Série Retirantes) 1944 - Candido Portinari
A obra faz parde Acervo do MASP (Museu de Arte de São Paulo)