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Estava falando em um dos treinamentos de nossos katas de Kobudô*, que os mestres ficam preocupados com a transmissão de técnicas de Kobudô feitas por professores de outras modalidades. Uma delas, o aikido.
O aikido, modalidade que também tive oportunidade de praticar, enfatiza a suavidade, movimentos circulares, não gritar durante a execução dos golpes e etc.
Muito bom ver o interesse por parte de praticantes de outras modalidades em aprender as técnicas antigas do Kobudô, sejam elas kenjutsu, iaijutsu ou jojutsu. Certamente lhes será benéfico, pois ao utilizar a espada melhorará as percepções quanto ao tempo, distância e muitos outros, além de descobrir as origens das técnicas que originaram os seus golpes.
No entanto, ao executarem as técnicas com espada, percebemos que determinados padrões começam a aparecer, de acordo com a modalidade praticada pelo aluno. Vou te dar um exemplo: praticantes de karatê shotokan quando vêm aprender, tendem a dobrar os joelhos em demasia, mas aprendem e assimilam bem os katas e o combate de kenjutsu. Os de aikido tendem a deixar a base triangular (pés não paralelos), mas por outro lado não têm o problema da maioria dos iniciantes que é o de golpear com excesso de força. E por aí vai.
O que preocupa os mestres no Japão não é o fato de verem alguns praticantes de outras modalidades aprendendo, mas o fato de ver estes praticantes, na qualidade de "professores", transmitindo de forma alterada e deturpada as técnicas e os katas dos estilos de Kobudô.
No meu entender, vejo duas causas para este fato estar acontecendo. E acredito que não seja por maldade, não.
A primeira, pela inexperiência destes professores em combate com espadas, sem o qual fica difícil entender a adrenalina, o ki, a energia que está na espada e por conseguinte nos katas de Kobudô.
A segunda, por carregarem já há muito tempo a forma adquirida, "vícios", como exemplifiquei anteriormente. Infelizmente isto não muda de um dia para outro. Para eliminar um (e apenas 01!) vício são necessários 10 anos, pelo menos.
Quer aprender e conhecer para ampliar o conhecimento? Que bom. Vamos lá.
Mas, quer "ensinar"??? Por quê? Para angariar alunos?
Aí já é maldade.
É preocupante...