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"Shitsurei shimassu, Sensei!
Escrevo porque gostaria de dividir com o Sensei algumas impressões e sentimentos que tive neste último evento de BH. Já fui a alguns torneios e eventos do Niten antes, mas é engraçado como a minha forma de enxergar as coisas mudou
desde que me tornei coordenador de unidade, e este foi o primeiro torneio ao qual fui, desde que assumi esta responsabilidade. Acho que esta nova visão traz uma perspectiva mais apurada sobre o esforço de organização de um evento destes, e a importância dele para o funcionamento do Niten. Para mim foi um torneio de consolidação de laços com o Niten. Eu passei muito tempo (3 anos) sem freqüentar os eventos, e só voltei no ano passado, no Gashuku de inverno. Desde então, fui ao encontro de coordenadores, e agora o torneio, e é muito boa a sensação de começar a criar laços com as pessoas, e poder ficar sempre feliz em revê-las para mais uma batalha. Acho que é essa sensação e estes laços que geram aquele clima de família no Niten, do qual tantos falam. Hoje, mais do que nunca, consigo me sentir parte desta família. E compreendo quando o Sensei diz que é preciso ir aos eventos para entender certas coisas, pois a energia é totalmente diferente.
Também foi um evento no qual eu pude colocar em nova perspectiva a importância do trabalho realizado no Niten. Lembro de quando o Sensei me chamou na mesa, e conversou comigo sobre o mesmo assunto que foi dito a todos no final do Torneio: Somos os únicos no mundo que conseguem preservar e resgatar as técnicas e artes antigas.
Em um aspecto somos diferentes dos japoneses, que conseguiram preservar muito bem as artes antigas, mas se limitam a isso, sem testar a aplicabilidade das técnicas; e dos europeus, que por outro lado tentam resgatar o espírito real de suas artes, mas encontram dificuldades porque não conseguiram preservá-las de outra forma que não em livros. Nós treinamos as técnicas como elas eram há séculos, e as colocamos à prova diariamente através do treino com o bogu. Ou como o Sensei disse, nós sabemos o quanto é difícil ir lá e acertar um Tora Buri na prática.
Nós temos um vislumbre (mínimo que seja) do sangue frio que é necessário para acertar a defesa do Haritsuke sem piscar. O iai praticado no Niten, por sua vez, não se preocupa em ser estético, e sim eficiente. E o mais curioso é que para nós do Niten, que tentamos colocar as técnicas em plano prático, este iai acaba sendo mais bonito ainda, pois vemos a beleza na aplicabilidade e eficácia.
Shitsurei shimashita se eu estiver equivocado, ou dando peso demais às coisas, mas levando tudo isso em consideração, pensei que apenas preservar uma técnica de forma imutável, é louvável sim, mas é como manter um corpo embalsamado: inerte, mas ainda assim intacto. Testar sua aplicabilidade é como devolver a ele um sopro de vida e movimento. Creio que é isso que o Sensei faz, e é único: devolve vida às técnicas e artes que foram preservadas através dos séculos.
Refleti sobre isso durante todo o meu vôo de volta a Salvador, enquanto mais um sentido para o termo “espada que dá a vida”, e fico muito grato ao Sensei por me permitir participar de algo tão grandioso como dar vida às tradições antigas. Ao me tornar parte disto, a minha própria vida, por sua vez, ganha um sentido a mais, e acho que mesmo nos momentos mais difíceis dela, vou sentir que vale a pena viver, por estas coisas boas e preciosas. E tenho certeza de que muita gente pensa o mesmo!
Shitsurei shimashita pelo relato longo, espero não ter sido muito cansativo!
E arigato gozaimashita, Sensei, por encher sempre os nossos corações de vida!” – Takei (Unidade Salvador)
Fundei o Niten há 18 anos e ainda estamos na nossa 10ª edição , o 10º TBIK realizado em Belo Horizonte no mês passado. Como apontado por Takei, um dos alunos mais antigos de Salvador, muito mudou nos torneios do Niten: mais técnicas, novas modalidades (iaijutsu, jojutsu, kusarigama, jitte e kobudo) e novas Unidades. Mas o fundamental continua o mesmo: um evento que resgata a adrenalina dos combates antigos sem perder a gregariedade e a consolidação dos laços que unem os guerreiros Niten.
Somente o convívio poderá propiciar a todo aquele que deseja conhecer a magia do Niten descobrir a energia geradora de tanta satisfação. Obviamente que tem de ter a mente aberta , pois senão de nada valera o convívio. Sera perda de tempo. Tanto para aquele que veio como para mim.
"Dar o sopro que dá a vida aos katas"...palavras profundas que explicam o resgate das técnicas antigas (katas) com o uso de armaduras de proteçao (bogu).
Um trabalho inédito no mundo.
Quartas de final da categoria Kobudo - 10° Torneio Brasileiro de kobudo
Cortes - unidade Rio de Janeiro/RJ
Holschu - unidade Campinas/SP
Drawin - unidade Belo Horizonte/MG
Apoena - unidade Ana Rosa/SP
Uehara - unidade Ana Rosa/SP e Patrick - unidade Taguatinga/DF
ao fundo: Borges - unidade Belo Horizonte/MG e Rocco - unidade Curitiba/PR
Holschu e Danilo - unidade Campinas/SP
"Estamos entrando no segundo semestre, muita coisa já se passou. Não me lembro muito bem dos detalhes do começo e dou graças por ter sempre mantido registro escrito.
Sinto que preciso amadurecer minhas atitudes e minha forma de pensar, e estou no caminho certo. Aqui, em treinamento.
Quando o Sensei falou sobre gratidão, talvez tenha sido um dos momentos mais importantes até agora. É um dos sentimentos atrofiados em mim. Vivendo como um jovem do mundo moderno, onde precisamos realizar feitos e nem sempre as pessoas são simpáticas, agimos por interesse. Sem demonstrar devida gratidão às pessoas. É um dos motivos que me trouxeram aqui, aprender com o Sensei sobre os sentimentos perdidos."
aprendendo sobre sentimentos perdidos
"Esta nova forma de semifinal foi uma experiência ímpar, ter que colocar a prova tudo (ou melhor todas as posições, os Kamae) que foram treinados e não somente uma parte muito pequena, utilizar um Kamae (que normalmente é o que acontece nos torneios)
Os guerreiros que foram os mais completos e que souberam se utilizar de todos os seus recursos, foram os que se destacaram, superando suas dificuldades, limitações e até frustrações no momento do combate. Pessoas como o Massao que não tem costume de utilizar a kodachi(espada menor) entrou contra o Senpai Numa para se igualar, pois todos que entraram contra o Senpai Numa com qualquer outra arma perdeu por causa de 2 Irimi Yukos (bloquear o braço do oponente ). Um momento em que pensei que perderia, foi na primeira luta da semifinal contra o Marques que perdi e quando sorteamos os kamaes e ele sorteou o mesmo Kamae que ele ganhou a luta livre e eu com nito hidari waki (uso de 2 espadas com uma delas colada ao flanco esquerdo) que fazia muito tempo que não treinava este kamae e me superei vecendo a luta e indo para a terceira. Esses foram momentos que ficaram marcados em grande destaque na minha memória.
Pessoalmente acho que ficou bem interessante essa forma de disputa adotada para a semifinal".
Mendes - Unidade Vila Mariana - templo Nikkyoji