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"Osato sensei, Mano sensei e sempai Araki vieram nos buscar, Sensei e eu, na manhã de Domingo para um passeio. O dia estava chuvoso, aquela garoa fina e um pouco fria, bem típica de São Paulo nesta mesma época do ano, mas estávamos em Sendai, cidade no norte do Japão.Já no carro, Mano sensei colocou um DVD sobre o Tsunami ocorrido 1 ano antes. O video mostrava muito das partes que ficaram parcialmente destruídas, muito parecidas com as cenas que vimos na TV no ano passado. A reportagem era bem feita e tinha cerca de meia hora de duração, mas não mostrava a área que estávamos prestes a conhecer. Andamos cerca de meia hora mesmo, até um local descampado e plano, uma área enorme que poderia comportar uma cidade pequena. Descansando os olhos no solo dava para notar os contornos retangulares definidos no chão de quando em quando. Eram as "sombras" das casas que até o evento do tsunami ainda estavam lá, com seus móveis, decorações e principalmente: moradores.Paramos o carro à base de um pequeno monte, em frente a uma escadaria de uns trinta degraus. Subimos com flores e incensos e chegando no topo haviam várias outras flores e insensos claramente recém colocados ali por outrem. Olhando ao longe em todo o nosso entorno era possível ver aquele grande descampado plano que, de acordo com nossos gentis anfitriões não aparecera na midia porque não havia o que mostrar, não havia mais nada ali depois que as águas levaram absolutamente tudo. Era provavelmente maior garantia de audiência mostrar na TV as casas semi-destruídas, os carros e barcos revirados, melhor que o Nada.Os textos budistas falam muito do conceito de impermanência. Para mim, o sentimento que marcou aquela visão só fez reforçar esse conceito, estamos aqui realmente de passagem meus caros. O que nós, samurais modernos, precisamos deixar aqui nesta encarnação para aqueles que amamos? E para aqueles que consideramos e respeitamos? E para os outros? Que tipo de energias estamos fazendo circular neste mundo? Honra, coragem, respeito, compaixão, sabedoria, lealdade e razão, será que estamos conseguindo 1) entender de verdade o que essas virtudes significam, 2) vivê-las no nosso dia-a-dia e 3) passá-las aos nossos próximos?Talvez sejam necessárias algumas encarnações para chegar lá. Não importa, só interessa seguir adiante. A vida é curta e dura! Disso muitos de nós já sabemos. O que fazer então com o tempo que nos resta aqui? Treinar, treinar e treinar as virtudes. Como? Acredito que um bom começo seja mantendo regularidade nos seus treinos no Niten, o resto vai acontecendo nas outras áreas da vida com o tempo, acho que é como funciona para todos nós. De uma coisa tenho convicção: é um dos caminhos para aproveitar a vida e não desperdiçá-la...Gostaria de dedicar esse texto em homenagem aos nossos irmãos japoneses mortos no tsunami de 2011.Domo Arigatou Gozaimashita ao Niten e ao Sensei pela oportunidade!