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"Após várias lutas com Sensei durante toda a manhã,onde os kamaes (posturas) conhecidoseram aplicados de forma totalmente desconhecida para mim veio uma grata surpresaacerca da simplicidade: Wakigamae (a ponta voltada para trás) com golpes rápidos, precisos e inesperados, provenientes de onde jamais esperaríamos.Durante a luta contra Kodachi (espada menor) perdi o Men (elmo) completamente e adrenalina só subiu. Se estar diante do Sensei com bogu completo já é uma sensação de estar diante de uma montanha, sem o Men essa proporção aumentara e muito, uma sensação indescritível de experimentar o combate.
Sensei pede para eu recolocar o Men e passa para Naginata (alabarda) e quão feliz foi para mim o que ainda estava reservado. Sensei lutou de Naginata e praticamente toda a luta utilizou apenas as duas posturas básicas que havia me mostrado dois dias antes. Os golpes? O nosso men (cabeça), kote (antebraço), do (abdome)...nada de golpes com cabo, tsukis (estocadas) ou provenientes de baixo.Todos os caminhos tem um primeiro passo, nós ocidentais muitas vezes dado esse primeiro passo nunca mais olhamos para trás, ou tentamos melhorar o caminho. O traço de um (ichi) em shodo (caligrafia japonesa) é treinado a exaustão e nunca perfeito apesar de ser o primeiro a ser aprendido, dois músicos podem tocar a mesma nota, porém soarão completamente diferente mesmo em acorde básico.Para mim foi um exercicicio de humildade, progredir cada coisa ao seu tempo, saber que o primeiros ensinamentos são na verdade muito mais imensos do que conseguimos conceber num primeiro momento, hora de deixar o copo vazio para aprender.Lição ensinada, Sensei passa a lutar com posturas diferentes e passa com maestria lutando de perto ou longe. Podemos ver o golpe, mas defender é outra coisa bem diferente. No fim, tudo que posso pensar é que o "principio", pela propria definição, é simples, porém nunca fácil. O Caminho tem lindas paisagens a frente, hora de admirar o caminho de coração desde o início.A maior lição por mim compreendida é que o simples funciona muito bem nas mãos de um mestre."
Eder (Unidade Fortaleza)
"Imaginava encontrar alguns Senpais(veteranos) treinando. Mas, para minha surpresa, não iria mais ninguém.
Eu teria o privilégio de treinar sozinho com o Sensei. Assim, treinamos acompanhados apenas pelos deuses, em uma agradável manhã de final do outono.
Tão logo o Sensei chegou, terminei de colocar o equipamento, para não perder tempo. Sonkyo (posicao iniciar)...
E, então, teve início o combate. O Sensei já começou com a fúria do ano do dragão. Usei algumas das inúmeras técnicas por ele resgatadas do kenjutsu. Mesmo o kamae que o Sensei disse ser o mais defensivo e fechado, era completamente aberto para ele. E o embate seguia. O Sensei ensinando com a firmeza de propósito e com a precisão dos golpes. Cada golpe recebido, era um aprendizado, uma iluminação no caminho. As técnicas de Musashi Sensei, geralmente praticadas somente nos katas do Hyoho Niten Ichi Ryu, ganharam vida com o Sensei. E que vida! Nesse momento, foi possível compreender o significado de cada uma delas (naturalmente com a ajuda do Sensei, que passava o gokui, os segredos). Em apenas um exemplo, o salto do tigre, quando usado pelo Sensei no combate, ficava mais impressionante ainda. Os golpes de Nito(duas espadas), então, mostraram que é preciso não apenas olhar, mas ver e compreender a intensidade e a profundidade das técnicas.
Essa compreensão não é facilmente percebida nos katas (sequencias), mas que se revelavam, agora, quando usadas no combate. E o Sensei mostrava todas as extensões possíveis de cada técnica, como era no passado.Em seguida, a surpresa. O Sensei começa a revelar, na prática, o Hidensho! Os segredos da arte da espada, que o Sensei iluminadamente recebeu em mais de quarenta anos de treino em incontáveis estilos. No início, eu não acreditei. Mas estavam ali, na minha frente. Transmitidos diretamente pelo Sensei. Simplesmente não dá para explicar o Hidensho com palavras. Comecei a lutar com mais afinco ainda, com bastante entusiasmo para assimilar tudo o que pudesse. Logo no início, após alguns golpes que entraram, a surpresa continuava: nada menos que dez golpes consecutivos, que o Sensei disse haver descrito no Hidensho, encontravam facilmente o caminho até o alvo. Imprevisíveis, indefensáveis, sequer poderiam ser vistos.
Na sequência, outras técnicas, como o Ryohasso, o Nito Joge, e inúmeras outras que também estão no Hidensho. Era preciso vê-las em ação.
A "espada divina", então, é algo que é impossível descrever. E também impossível defender. Só restava abraçar o destino e entrar com vontade no shiai. Foi o que fiz. Com bastante kiai (garra), com todo o espírito. E então...
Enfim, o treino foi muito intenso. E durou bem mais que o normal. Embora as horas se esvaissem como as folhas que caem no outono, não vi o tempo passar. Cruzar espadas com o Sensei em uma auspiciosa manhã, vê-lo em ação e, acima de tudo, experimentar o Hidensho, foi algo que eu não imaginava quando comecei esse Shugyo (retiro)."-
Samuel (Unidade Vitória)
Uma auspiciosa manhã... (Kote do Sensei)
- Tameshi o quê? - foi a abordagem feita por uma aluna nesta semana quando comentei sobre um dos Shugyos (treinamentos intensivos) que fiz no Japão.
Tameshi vem de "tamesu", que quer dizer, testar, provar, experimentar.
Giri vem de "kiri", que significa cortar.
Juntando estes dois ideogramas temos então o "testar o corte" , o significado do Tameshi giri.
Requer concentração, disciplina e habilidade.
O "teste"será no Gashuku daqui a um mês.
Como será o seu?