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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    24-jun-2015

    Subir a Montanha

    O frio está aí e, para compensar, trouxe um Café com Sensei com uma grande barra de "Chocolatto" para acompanhar.
    Sendo assim, sugiro que só deguste quando tiver bem acomodado:




    Subir a Montanha



    ¨Mesmo lendo o Shin Hagakure é preciso uma compreensão muito grande para entendê-lo na íntegra, que muitos, inclusive eu, não temos. Como resultado minha percepção sobre a missão do Niten e do Sensei ficou fragmentada, pois, não compreendia as entrelinhas do livro e a simples leitura não foi suficiente para mover o espírito.

    Segunda feira, vim fazer Shugyo (retiro com o mestre) com o objetivo de ser mais útil à minha unidade e à minha família, tenho tantos defeitos que já percebia o trabalho que dava para quem convive comigo e me sentia ruim com isso. Cheguei à ADM meio perdido e não fiz nada de notável até o fim do dia.

    Terça feira, o Sensei me convidou para acompanhá-lo ao médico. No caminho me perguntou um pouco sobre minha família, se eu brincava muito quando era criança (respondi que não porque tinha entendido se eu brincava com o meu pai, porem agora pensando melhor eu brincava sim um pouco com meu irmão, não dei uma boa resposta). Também falou sobre como a espada lhe proporcionava uma boa saúde ao constatar que a do Sensei está ótima e que não precisaria voltar a fazer os exames até o ano que vem. Falou me também da importancia de cumprir o terceiro voto: promover a felicidade aos pais.

    Neste dia, o que mais me marcou foi quando o Sensei falou sobre o sentimento que os Samurais sentiam na época em relação às lutas reais. Achei que entendi suas palavras, mas agora pensando melhor percebo que realmente só entenderei quando for cortado.

    Quarta, fizemos um treino no período da manhã que fiquei tão exausto que não sei como o Senpai Wenzel conseguia lutar sem abaixar o seu Ki (energia), Ken (técnica), Tai (corpo) por tanto tempo, e acompanhei o Sensei na visita a Sorocaba.

    Quinta feira ao voltar de Sorocaba continuei com as tarefas do shugyo até o treino da noite. Nos Momentos de Ouro, o Sensei me pediu que relatasse como foram os dias anteriores, e pelo que senti acho que queria me ensinar a fazer um relato o qual eu já fazia em alguns esboços no papel. Mas pensando bem, acho que Sensei me fez para relembrar tudo o que tinha passado e para me ensinar a falar as coisas direito em público.

    Na hora de dormir o Senpai (veterano) Raul estava muito triste por falhar com o Sensei. Me disse que achava que seria mandado embora. Baseado na experiência em acompanhar o Sensei a Sorocaba falei que a questão não era falhar ou não e sim não demonstrar avanço pois dessa forma, mesmo o Sensei gostando dele sentiria que estava perdendo tempo.

    Sexta feira, durante a manhã, o Senpai Raul me falou que recebera um saco de arroz do Sensei, ele estava muito feliz e com o espírito renovado. Fiquei pensando no por que o presente era um saco de arroz, ainda não descobri mas imagino que tenha algum significado. Depois acompanhei o Sensei até o aeroporto, acredito que o Sensei percebeu que eu ainda não entendera os principais ensinamentos me passados a respeito de agregar pessoas ao meu redor e de desenvolver meu potencial humano e por isso me chamou para carregar as suas malas. No caminho, o Sensei comentou sobre os muitos pontos em que posso melhorar mentalmente e espiritualmente para ter sucesso na vida. Farei o meu melhor para corresponder às expectativas do Sensei.

    Após o Shugyo passei a entender as entrelinhas do Shinhagakure, entendi o significado da "espada que da a VIDA" e também do que é um verdadeiro Sensei. Nunca tive um Sensei que fizesse tanto por seus alunos. Começar a subir a montanha talvez tenha sido a minha melhor decisão até hoje. Não existem mais dúvidas sobre o Caminho que devo seguir e sobre o que devo fazer para virar um crisântemo reto.

    Foi uma benção ter feito este Shugyo. Para continuar com o meu amadurecimento, pedi a minha mãe que me colocasse como um dos secretários de seu consultório. Mudei. ¨ 
    - Kiryu (Unidade Campinas)



    Havia um rapaz na antiga China que ninguém dava nada por ele. Sem brilho nos olhos, sem instrução, vazio, fútil e pobre. Um desses indivíduos que poderia ser visto como uma "desgraça divina".
    - Aquele lá não vale nada. É um pobre coitado - eram as únicas palavras que podiam ser ditas a seu respeito.
    Um belo dia, este rapaz decidiu subir a montanha. Era um lugar inóspito, onde vivia o mestre.
    Primaveras se passaram e o rapaz desceu da montanha. Estava diferente.
    - Nossa! Mas o que aconteceu com ele? Está todo diferente!- na aldeia era a notícia da hora.
    Olhar aguçado e postura de guerreiro. Retornou com uma mudança notória.
    Diante de tal transformação, perguntaram qual o segredo que o mestre havia lhe passado.
    Descobriram que não havia segredo. O convívio com o mestre transformou o em um sábio. Havia superado todos os da aldeia.
    Na minha adolescência, enquanto lá no Japão, os jovens corriam atrás da bola de beisebol e aqui no Brasil nem a língua queriam aprender, eu "subi as montanhas": fui conviver com os mestres. Os últimos samurais.
    Estes mestres me aceitavam de muito grado, pois fui para a maioria, o neto que eles não tiveram.
    Este convívio de quase quatro décadas na "montanha", moldaram o meu caráter. E é isto que torna a comunidade Niten uma montanha única da qual não existem mais outras.
    Aqui, a transformação ocorre a partir do segundo dia.
    KyogyoJisho, ir do nada para voltar completo. 




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