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Ontem, após o treino com bogu* lembrei-me de que as festas já estão aí e daqui a pouco todos vão ficar gordinhos que nem porquinhos.
Pernil, peru, refrigerantes, cerveja, doces, panetones, champagne e aí vai uma lista de tudo que engorda.
É tão bom sair do treino e dizer para nós mesmos:
- Você fez a sua parte hoje. Perdeu 1200 kcal nesta uma hora.
1200???!!!
Sim, meus alunos da área de educação física fizeram uma medição comparativa em perda de calorias por hora em diversas atividades esportivas nas quais eles atuam.
Olhe que interessante. As modalidades que perdiam mais foram estas:
- cooper, spinning e nado crowl se perde 800 kcal
- boxe perde 600 kcal
- judo, 400 kcal
Há três motivos para se perder tantas calorias no kenjutsu.
Primeiro, porque as técnicas no kenjutsu exigem que você trabalhe bem as pernas e quadris. Há técnicas que tem que se agachar, ajoelhar ou pular. Se você já fez exercício de agachamento, entende o que eu quero dizer.
Em segundo, há muitas técnicas nas quais utilizam-se as duas mãos, ou seja, é como se estivesse nadando o tempo todo com uma espada em cada mão, além de utilizar os braços para empurrar ou segurar o adversário.
E em terceiro, lutar com o bogu, é como lutar carregando uma armadura samurai de 7 a 10 kg! Por isto, só de ficar em pé, parado e respirando já estamos perdendo calorias!
Te convido a perder 2400 kcal na nossa aula para não ficar porquinho depois das festas!
No dia 23 de dezembro, o Imperador Akihito comemora os seus 73 anos.
E hoje, a convite do Exmo Consul Geral sr. Masuo Nishibayashi, estive para celebrar esta data representativa em sua residência. Estavam presentes líderes da colônia japonesa e autoridades governamentais.
Após o discurso do anfitrião, brindamos ao Imperador com um bom vinho .
Lembrei-me da foto do imperador em minha sala de aula, quando tinha os meus 5 anos.
- Tenno Heika Banzai!
"Depois ouvir o sensei, o Sempai Wenzel, os outros sempais e pensado na minha pouca experiência; Com essa última vinda do sensei ao Rio (falando sobre a viagem para a Argentina) cheguei a conclusão que os katas do Bushido, assim como o modo de lutar, não se constituem de um monte de regras, mas de uma "lógica" que tenho tentado interiorizar de forma natural." |
O Bushido será cinza ou cor-de-rosa dependendo da janela de quem o vê.
O modo de lutar deixa de ser um "monte de regras" e passa a ser lógica com o treinamento constante e a orientação de um bom mestre.
Ou seja, tanto o Bushido como o modo de lutar, poderá ser absurdamente ridículo ou, ao contrário, extremamente profundo na sua magnificência. E tudo depende do mestre a quem seguimos.
Quase sempre que dou entrevistas, vem a seguinte pergunta:
- Se a classe samurai já foi extinta em 1868, o que é, de fato, ser um samurai moderno?
Acho oportuna a pergunta de um de meus alunos que me chegou nesta semana para tentarmos responder:
"Hoje após me deparar com algums pequenos "problemas" na minha vida pessoal... me veio a seguinte pergunta na cabeça... O que é ser um Samurai? Eu sei como um samurai é de Imagem, sei como ele age. Mas....como é... ser um samurai? Acredito que é essa minha dúvida..."
Assim como ele, todos têm os seus "problemas". Sejam eles grandes ou pequenos.
Samurai moderno é agir de maneira rápida e certeira para "cortar" os problemas, sem manchar a honra e a lealdade.
É por não agir assim que a maioria morre "cortado" pelos problemas, ou quando o fazem, não se importam em fazer de maneira desonrosa, sem um pingo de Vergonha, solo de toda Virtude, das boas maneiras e da moral.
Aceita um café?...
Meu aluno Coura, de Belo Horizonte foi destaque na revista do meio judiciário.
É juiz e titular da 29a Vara de Belo Horizonte.
Treina kenjutsu, jojutsu e iajutsu.
Dedicado, esforçado e é humilde em suas palavras. Sempre "dou bronca" para que fale mais alto.
Aqui deixo alguns dos trechos de sua reportagem:
"Em um paradoxo curiosíssimo para nos ocidentais, é no aprendizado de técnicas de lutas com armas da antigüidade, que se
busca o resgate dos valores para um vida plena nos dias atuais.
... Após três anos de prática no Instituto Niten, posso dizer que comecei a percorrer o Caminho da Espada.
Aperfeiçoando a técnica e fortalecendo o espírito.
Inclusive para o exercício da magistratura."
Estou falando de espada que dá a vida.
Falei no Café estes dias sobre Agendar Brigas ( 21 nov - Agendar Brigas )
Numa época conturbada do Japão, em que batalhas, duelos e combates entre feudos eram uma constante, o fundador e soke do Katori Shinto Ryu, Iizasa Tchosai Ienao orientava os alunos a não se envolverem em nenhum tipo de duelo ou combate, sendo que ele próprio nunca se envolveu, apesar de ter sido o fundador de um dos estilos mais famosos e antigos de kenjutsu no Japão. Desde que eu tenho conhecimento, de meu mestre, isto nunca ocorreu durante os quase 600 anos que se passaram, no nosso estilo.
Ao abrir a pagina 145, do meu livro Shin Hagakure, você vai se deparar com estas palavras:
"Minha missão: oferecer a espada que dá a vida.
Em abundância".
Me perguntaram o que eu achava sobre a declaração do rabino Henry Sobel oito meses depois da prisão por furto de gravatas em Miami.
"Errei, mas não sou ladrão", dizia ele.
Não vou discutir os pormenores do que levou-o a agir assim, mas lamento o fato de ter feito esta declaração infeliz.
Apesar de não conhecê-lo pessoalmente, nâo o vejo como uma má pessoa ou que tenha de ser comparado a um batedor de carteiras.
Mas um líder, seja religioso ou não, deve se conter em não proferir palavras que serão recitadas no futuro por pessoas que agirão de má fé.
Já ouço dizer de bandidos e estelionatários que mesmo ao serem pegos em flagrante, não são ladrões! Imagine, você, se isto tiver o aval da igreja como a coisa vai ficar.
Um líder que pensa no coletivo deve se conter...
"Sensei, escrevo hoje por um motivo pouco usual. Durante o almoço, vi a luta de karatê entre um brasileiro e um lutador dominicano, e fiquei assustado. Os dois pareciam sapos, pulando e tentando afagar as mãos uns dos outros, quase que buscando apalpar o maai.
Nada de postura firme, de pés com peso igualmente equilibrado, parecia quase que uma danceteria.
Não sei se o Sensei viu. Espero que não. Fiquei muito triste de ver uma arte marcial secular transformada em pulos e tentativas desesperadas de afago. Nada de postura, de kiai, de estratégia. Tanto assim que nenhum dos dois lutadores fez pontos, apenas faltas por excesso de violência, e a luta foi definida assim, por quem fez mais faltas."
Como não estive lá, não posso dizer nada.
Mas arrisco a dizer algumas palavras:
Uma possibilidade é a de que os lutadores fossem principiantes;
ou que o karate esteja passando por uma transformação, por um processo de mudança;
ou até que, o que meu caro aluno viu, pareceu-lhe verde, mas, na realidade, era amarelo.
De qualquer maneira, definir a luta por quem faz mais faltas está mais perto de ser futebol.