Retornar para últimas postagens
Diante dos vídeos técnicos apresentados recentemente (CS 20-05 Kenjutsu-Gedan Tsuki e CS 23-05 Kenjutsu-Wakigamae Tsuki) será interessante ouvir o que sentiram os competidores envolvidos : "Segue as impressões que eu tive ao participar das semi-finais do Kenjutsu 3°kyu e acima neste 10° TBIK em BH. Como bem disse este aluno: "Percebi que precisamos treinar muito, o tempo todo", no Niten, estamos muito ocupados no treinamento.
Transcrevo para você o depoimento de um deles:
Eu estava bem curioso para saber como seriam estes embates com armas e kamaes (posição de combate) solicitados.
No Gashuku em Guarulhos pudemos ter uma leve idéia de como seriam estes embates no torneio.
No Kobudô tem que ter estratégia. Dependendo do adversário, você irá preferir utilizar uma combinação específica para aquele duelo.
Não existe o kamae/arma perfeitos. Existe o kamae mais adequado para cada situação.
Pelos meus cálculos:
Kodachi (espada menor) numa sala com espaço restrito (teto baixo).
Naginata (alabarda) contra oponentes altos ou terreno acidentado (na praia ou pedras).
Ito (uma espada) contra Ito (o duelo clássico na ilha de Funajima).
Nito (duas espadas) contra vários adversários (o duelo contra os Yoshioka)
Mas numa situação extrema é preciso “se virar” com qualquer arma que estiver a mão.
Para isso temos que manter em mente o Bugey Juhappan (lema que os Samurais tinham de treinar todas as armas).
Senti isso a partir das semifinais do torneio de kenjutsu em que trocamos de armas e kamaes.
Percebi que precisamos treinar muito, o tempo todo, pois ao dominar várias armas , estamos preparados pra qualquer situação.
Quando saímos de nossa zona de conforto, aprendemos muito mais. Isso se aplica tanto no Caminho da espada quanto no dia-a-dia.
E nada mais justo, que a pessoa que está VIVENDO na guerra ha mais de 5 meses seja a mais preparada.
Omedetou Fugita, mais do que merecido a vitória no torneio.
Me venceu com a Naginata, com Nito e com a Kodachi. Foi o “Senhor das Armas”.
Arigatou Gozaimashita Sensei, por nos tirar da Zona de Conforto."
O "Senhor das Armas" está em cada um de nós. Basta ter a coragem de sair de nossa "zona de conforto".
A seguir vamos ver um dos combates entre o campeão Fugita e Massao, autor deste depoimento
Quartas de final do 10° Torneio Brasileiro de Kobudo
Esta reportagem foi escrita por um dos alunos jornalistas do Niten. Colocarei meus comentários à medida que se fizerem necessários.
"No dia 14 de maio as montanhas Belo-Horizontinas foram tomadas por um exército de Samurais, vindos de todos os cantos do Brasil, e também da Argentina.
"duelo de Funajima"
"vindos de todos os cantos do Brasil"
Quem esteve presente viu que cada duelo carregou a energia de uma batalha inteira. As novas regras para cada modalidade tornaram o espírito da disputa ainda mais próximo ao de um combate real: Nas modalidades de katas em dupla (Jô, kusarigama e jitte) os combatentes deveriam trocar de armas a cada duelo, não dando espaço para que se escondessem deficiências técnicas dos participantes.
O samurai, guerreiro como era, devia conhecer a aplicação de várias armas para conseguir seus objetivos: defender seu castelo e proteger seu senhor. Para tanto o conhecimento de Jitte, Kusarigama, Jo, Naginata eram imprescindíveis pois, para cada situação, deveria saber usar a arma apropriada.
Nota-se o Samurai ao centro com a Jitte
Jitte Tessen (leque de ferro): armas do Samurai
As mudanças mais radicais, no entanto, foram nas categorias mais avançadas do Iaijutsu, Kenjutsu e Kobudo. Na arte de desembainhar e cortar, além de sentir a verdadeira energia de combate em cada kata, os espectadores presenciaram algo inédito: o Tameshigiri, onde os competidores mostraram suas reais habilidades na execução de um corte. Assombroso para quem nunca viu: O Iai deixa de ser uma sequência de formas e vira uma técnica letal.
O Iai nunca foi uma seqüência de formas. Aquele que era habilidoso em sacar a sua espada obtinha uma grande vantagem sobre aquele que desconhecia essas técnicas.
"algo inédito: o Tameshigiri"
"Assombroso"
Já nos embates diretos (Kenjutsu e Kobudo), o destaque foram as semifinais, marcadas por duelos de melhor de três, nos quais, no segundo e terceiro combate, os competidores lutaram com armas e kamaes sorteados. A mudança colocou à prova a capacidade de improviso e adaptação de estratégia de cada um, e também o conhecimento dos guerreiro das diversas posturas e armas do Kobudo, qualidade tão valorizada por Miyamoto Musashi.
Um guerreiro, seja de qual civilização for, está proibido de dar a desculpa de que utiliza somente tal arma ou tal Kamae (forma de lutar) perante seu adversário. É um especialista. Não um guerreiro.
Postura do Hidari Naname Chudan
Defesa com a mão no dorso da lâmina
Estocada com a espada menor
Qualquer que tenha sido o resultado para cada um dos competidores, todos emergiram vitoriosos! Ao final do evento o Sensei destacou o crescimento do nível técnico do grupo ali reunido, e convidou aqueles que perderam seus combates a refletir sobre as pequenas nuances que foram cruciais para a vitória do adversário.
Vimos lutas fantásticas, que vão ficar marcadas na memória de todos que estiveram lá.
Myamoto Musashi em Nito Hidari Waki, uma das técnicas do Niten
O evento foi especialmente coroado pelos 10 anos do Niten em Belo Horizonte, e pela hospitalidade do povo mineiro, que mais uma vez abriu as portas de suas casas para o Niten. Que venham mais 10 anos de vitórias, não importam as adversidades que o caminho apresente!
O tempo urge e é incrível constatar que em uma das cidades mais importantes desse país, tão distante do Japão (Belo Horizonte), comemorou-se 10 anos de artes samurais em Belo Horizonte, através do Instituto Niten.
"fiéis a seus princípios e ideais"
Por fim, as palavras do Sensei deram todo o tom do evento: Mais do que apenas preservar, o Niten é o único “local” no mundo que realmente resgata as artes antigas. E neste final de semana, foi o que fizeram estes guerreiros: cruzaram espadas, fizeram amigos, e resgataram mais um pouco deste legado, que nas mãos do Niten, nunca há de morrer."
Para não alongar mais o Café de hoje, deixarei para falar sobre esse assunto noutra oportunidade.
"legado que nas mãos do Niten nunca há de morrer"
10º TBIK marca dez anos do Niten em Belo Horizonte Shiai de Jojutsu Kusarigama Jitte Iaijutsu
No último dia 14 de maio, Belo Horizonte voltou a ser a sede dos combates entre os Samurais Modernos no 10º Torneio Brasileiro Individual de Kobudo, trazendo lutadores do Brasil e da Argentina.
Ele sintetizou o pensamento de todos os que voltaram para refletir sobre as lutas, os treinamentos do domingo e os momentos de confraternização de pessoas de lugares tão distantes entre si: “Agora vamos continuar dando passos firmes rumo a nossa evolução no Caminho”.
*Ki = energia
Tsuba Wari (Rachando a guarda)
Jujomji (A cruz da morte)
Irime (Abertura na entrada)
Encai (O revidar da andorinha)
"No final de semana dos dias 14 e 15 de maio, foi realizado o 10º Torneio Brasileiro Individual de Kobudo no Clube Recreativo Mineiro em Belo Horizonte. Guerreiros de todo o Brasil e Argentina se reuniram na capital mineira para resgatar as tradições japonesas antigas através das técnicas do Kobudo.
todos na fila
na mesa com autoridades
Naginata
Kusarigama
Jitte
Segredos no Torneio
Kir Jovem
Iaijutsu
Iaijutsu
Kenjutsu
Tameshi
"ver o sorriso no rosto dos alunos foi a maior vitoria "
"o Niten é um lar para todos nós"
" todos contribuiram de alguma forma e ajudaram a compor a grandiosidade do evento"
"celebração daquilo que torna o Niten apaixonante"
"missão cumprida"
RESULTADOS DO TROFÉU KOBUDO KIR JOVEM – YOYONEN ATÉ 6 ANOS KIR JOVEM IFANTIL 7 – 10 ANOS KIR JOVEM IFANTO JUVENIL 11 – 14 ANOS | IAIJUTSU – 5 KYU ACIMA JOJUTSU 6 KYU KUSARIGAMA JITTE
KOBUDO COMBATE
|
"Ano passado decidi treinar a kodachi (espada curta) com afinco, ser o melhor na luta com espada curta. Em todas as minhas lutas, usava kodachi. Ficava pensando e estudando as técnicas.
Eis que, ontem de manhã, o Sensei pegou a kodachi para me ensinar. Parei por um instante e me senti invadido por felicidade: "Finalmente vou ver o Sensei lutar de kodachi!". Quando chegou minha vez de lutar, peguei as duas espadas, justamente para ver como o Sensei reagiria, como a kodachi venceria as duas espadas. Pensei que seria simples pra mim, armei o jodan nito (espada maior na mão direita ao alto) e logo pensei: "Mas está tudo aberto, até eu consigo acertar o Sensei assim..." Mas quando ataquei ... *Tsuki! (estocada no pescoço), tomei. De onde veio esse golpe?! Antes que eu pudesse reagir o Sensei já havia penetrado minha defesa e me estocado. E continuou assim, não conegui acertar o Sensei, mesmo com duas espadas. Às vezes parava e refletia sobre o que o Sensei havia feito, como são as técnicas que usou. Nestes momentos eu levava mais golpes. É assim que aprendemos, levando!
Depois de lutar com o Sensei, corri e deixei a tachi (espada maior) e pude experimentar só com a kodachi o que havia visto na luta com o Sensei. Por sorte, meu companheiro estava com duas espadas. Não consegui entender completamente o que o Sensei fez, mas me esforcei para aplicar tudo que vi de diferente entre as lutas que fazemos e a luta que fiz com o Sensei.
Foi como ver terra após muito tempo de mar. Mar, mar, mar.... "Como derrotar as duas espadas?". Agora tenho uma referência e me sinto mais confiante para lutar."
Fugita - Unidade Ana Rosa
Neste final de semana em Belo Horizonte, o Brasil assistirá ao que posso chamar de "verdadeiro embate" dos Samurais na modalidade Kenjutsu e também no Kobudo.
Os participantes escolherão suas as armas, as posições de combate (posturas) e as estratégias preferidas .
Espadas, adagas, alabardas. Tanto faz. O que importa é a busca pelo conhecimento e o uso eficaz das estratégias adequadas a cada arma e posição.
Aquele que teima em não estudar e muito menos reconhecer a eficácia da arma de seu oponente será vencido de forma devastadora no dia de seu juizo final.
"Ontem a noite estava eu treinando na unidade Ana Rosa quando fui chamado para colocar os sunes (caneleiras) e lutar com o Sensei.- Marques (Un Ana Rosa)
Já estava empolgado, há algum tempo não tinha a oportunidade de lutar com o Sensei, que ainda estava armado com a naginata, uma espécie de alabarda.
Eu estava com duas espadas, em gyaku nitou e lutamos por algum tempo, uma luta difícil, como sempre é com o Sensei, mas com muito aprendizado, até o momento que em um tsuki (estocada) da naginata, abaixei o braço para defender e a ponta da arma acabou quebrando. Pensei no momento, bom, acabou a luta, agradeci o Sensei e estava pronto para sair.
Foi quando o Sensei virou a naginata ao contrário, utilizando o cabo da arma como uma lança e reiniciou o combate, foi completamente inesperado para mim, era uma arma nova, a qual nunca vira ninguém treinando, muito menos lutando contra. A lança era curta, parecia ter um alcance bem menor que o da naginata. Continuei com o mesmo kamae (gyaku nitou) e parti para o ataque, parecia simples desviar da ameaça da lança e entrar com os golpes da espada.
Engano meu, era uma arma diferente, não tinha nenhum conhecimento para enfrentá-la, os ataques que pensei em fazer acabaram mostrando-se ineficazes.
O Sensei, com destreza na arma, e minha falta de conhecimento sobre ela acabaram mostrando a lança como um problema maior que o da naginata, em uma série de tsukis (estocadas) que recebi.
Apanhei, apanhei,apanhei."