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magine você num templo zen fazendo a sua meditação.
Compenetrado, posição em lótus e atento a sua respiração.
De repente, você abre os olhos e percebe que o seu colega ao lado não está.
Duas reações podem ocorrer:
1a você entrar em desespero e sair perguntando por que o seu colega se foi
2a você manter o seu foco e continuar a sua meditação
A primeira: preguiça, cansaço, falta de comida no templo, briga com os companheiros, ou com o cachorro do monge, desentendimento com o monge responsável, paixonite aguda, desequilíbrio mental, dificuldade para sentar em lótus, espionagem e muitas possibilidades inimagináveis (e até absurdas) que fazem os colegas saírem. Alguns somem para sempre, outros, impertinentes, continuam a cutucar por trás de suas costas atrapalhando a sua concentração.
Antigamente, estes "meninos de cabeça raspada" jogavam pedrinhas para atrapalhar os outros em meditação.
Não, não caia na armadilha. Mantenha o seu foco. Na sua respiração.
Da mesma forma que na meditação zen o que importa é se VOCÊ está presente, assim também é no Caminho.
Como diria a minha grande amiga, monja Coen:
- E de que importa os outros? O importante é VOCÊ estar.
Chega de falar.
Mokussoo*.....
Não deu tempo de mostrar ontem o kanji de "Lealdade" e por este motivo
aqui te mostro:
Lê-se: tyugui (chugi)
Lealdade pode se pronunicar também : tyujitsu ou tyusestsu
O ideograma "tyu", vêm de sincero, sentimento verdadeiro
E "gi" vem de bom, correto
Ou seja, o caminho a ser seguido por todo indivíduo de virtude correta
em relação ao seu senhor, sem dualismos no seu sentimento.
É a Lealdade.
Recebi este email estes dias:
"Sensei, konichiwa* yoroshiku onegai shimasu*
Queria agradecer o sensei pelos Cafés dedicados a Lealdade ( Lealdade - 07 de agosto ). Eles me foram muito úteis nestes dias", motivo pelo qual me motivei a falar um pouquinho mais no Café de hoje. Palavra que em tese se perdeu com a hipervalorização do ego, mas considerada sublime em todos os tempos e civilizações.
Então vamos lá:
"Lula NÃO é o nosso presidente. Ele ESTÁ presidente.
São nos momentos difíceis que a Lealdade é colocada a prova.
A Lealdade não é em relação ao seu sempai* ou ao seu grupo.
Mantenha o foco e não deixe que assuntos mundanos e administrativos ofusquem o Caminho.
Assim sendo:
Os sempais NÃO são coordenadores nem monitores
Eles "estão" coordenadores, ou professores como queira dizer lá fora, enquanto representarem bem o seu sensei* e ao grupo ao qual pertencem.
No Caminho, a Lealdade é com o mestre".
Simples.
*konichiwa= boa tarde
*yoroshiku onegai shimasu= com licença
*sempai= veterano; no Instituto Niten alguns estão na condição de coordenadores e monitores
*sensei= mestre
Enquanto muitos adolescentes varam a madrugada e perdem tempo escrevendo bobagens em seus diários na internet , afoitos para mostrar fotos e sentimentos, outros não perdem tempo, como este aqui que abdicou das suas férias escolares para ficar comigo no mês de julho:
"Afinal de contas despertei para algo novo, é manhã ainda, ou melhor, ritmo de shugyô*: o sol ainda nem nasceu, se me dão licença, vou limpar o jardim e ir treinar."
E você, o que vai fazer? Vai correr ou ficar perdendo tempo? Decida logo, porque antes de terminar de ler estas linhas, já será noite...
Pois é, falando ainda sobre os adolescentes que sentem a necessidade de expôr as suas vidas e amigos para todos, ficando vulneráveis a ação de seqüestradores, gente de má fé ou aliciadores, lembro-me do caso de uma menina que sofria de depressão e colocava os seus sentimentos no seu blog.
Para quê!
Gente de má fé (suas próprias colegas) escreviam para ela e incitavam a cometer o suicidio. E, pasme! Ela se suicidou!
E quem são os assassinos? Suas amigas? Assassinato via internet? Só se for no Second Life. Mas não. Foi na vida real.
Meu querido, minha querida. A vida é perigosa. Tem muita gente de má fé...
"Adolescentes filhinhos de papais são diariamente devorados por traficantes e oportunistas de má-fé." - Shin Hagakure pag 86
A vida é perigosa. Não brinque...
satsujin = assassinato
Enquanto tomava o café da manhã, assisti uma reportagem que mostrava a mudança dos tempos. Dizia que os adolescentes hoje em dia escrevem seus diários nos seus blogs, enquanto que antigamente escreviam em caderninhos. Que os diários hoje em dia têm fotos, vídeos e conseguem expôr tudo e da melhor forma as suas vidas e seus dia-a-dia para o mundo todo. Que, hoje, escrever ficou mais fácil.
A televisão mostrava que tudo isto era legal, moderno e da hora.
Alegrias e tristezas, sua vida pessoal, seus amigos, seus cachorros, gatos e toda a sua família expostos a céu aberto para todos.
Sim, tudo ficou mais fácil: até para os seqüestradores.
Imbecis!
Volto a Brasília depois do torneio que realizamos aqui no final de Abril, desta vez para um Evento de Kobudô*.
Na foto, o apoio do Deputado Federal William Woo que instituiu o Dia do Samurai em São Paulo.
*Kobudô= artes marciais antigas
Antes de eu ler um dos 7 Mandamentos do Instituto Niten vou te contar o que houve.
Recentemente, levei uma pancada com a espada de madeira diretamente no meu polegar.
O polegar ficou uma bola, o dobro do que é, e não é conversa de pescador, não. Quem esteve lá, viu...
E foi com força, pois foi o que eu pedi, mas houve falha por parte do aluno. Mas, tudo bem, são coisas do budô.
Possível fratura? Os exames radiográficos poderão confirmar.
Dias depois, minha aluna me enviou uma mensagem calorosa e que tem um trecho assim:
"Nosso treino terminou e ainda ficou lá treinando com a mão assim... Essa sua fortaleza chega a nos dar um "medinho" encorajador para seguir a vida adiante mesmo quando carregamos uma enorme tristeza.
Está em minhas orações e meus agradecimentos todos os dias, Sensei! "
Já retirei a prótese de imobilização e, para minha surpresa a recuperação está sendo melhor do que eu previa.
As orações foram fortes mesmo!
Aqui está o trecho do livro:
"Existirá sempre uma força maior e devemos respeitá-la" - 7° Mandamento do Instituto Cultural Niten
Shin Hagakure, pag 146 .
shitchi: sete
Acho que você até deve ter ouvido falar, mas para iniciar qualquer prática, e aqui eu não digo "Caminho", pois isto não vale só para as práticas voltadas para a formação espiritual e do caráter do indivíduo, mas todas que nos exigirão dedicação e investimento de tempo, são necessarios 3 anos para procurar o seu mestre.
Não é para ir no curso da esquina ou naquele que as aulas são mais baratas.
O meu conselho para início de conversa, é sabermos o que vamos aprender, o que vamos fazer, no que vamos nos tornar hábeis. De acordo com o que vamos querer, escolhemos então o professor para o nosso objetivo.
Depois da escolha, o resto é acreditar.
Ter FÉ ( 7 de agosto - Lealdade ).
Estava falando em um dos treinamentos de nossos katas de Kobudô*, que os mestres ficam preocupados com a transmissão de técnicas de Kobudô feitas por professores de outras modalidades. Uma delas, o aikido.
O aikido, modalidade que também tive oportunidade de praticar, enfatiza a suavidade, movimentos circulares, não gritar durante a execução dos golpes e etc.
Muito bom ver o interesse por parte de praticantes de outras modalidades em aprender as técnicas antigas do Kobudô, sejam elas kenjutsu, iaijutsu ou jojutsu. Certamente lhes será benéfico, pois ao utilizar a espada melhorará as percepções quanto ao tempo, distância e muitos outros, além de descobrir as origens das técnicas que originaram os seus golpes.
No entanto, ao executarem as técnicas com espada, percebemos que determinados padrões começam a aparecer, de acordo com a modalidade praticada pelo aluno. Vou te dar um exemplo: praticantes de karatê shotokan quando vêm aprender, tendem a dobrar os joelhos em demasia, mas aprendem e assimilam bem os katas e o combate de kenjutsu. Os de aikido tendem a deixar a base triangular (pés não paralelos), mas por outro lado não têm o problema da maioria dos iniciantes que é o de golpear com excesso de força. E por aí vai.
O que preocupa os mestres no Japão não é o fato de verem alguns praticantes de outras modalidades aprendendo, mas o fato de ver estes praticantes, na qualidade de "professores", transmitindo de forma alterada e deturpada as técnicas e os katas dos estilos de Kobudô.
No meu entender, vejo duas causas para este fato estar acontecendo. E acredito que não seja por maldade, não.
A primeira, pela inexperiência destes professores em combate com espadas, sem o qual fica difícil entender a adrenalina, o ki, a energia que está na espada e por conseguinte nos katas de Kobudô.
A segunda, por carregarem já há muito tempo a forma adquirida, "vícios", como exemplifiquei anteriormente. Infelizmente isto não muda de um dia para outro. Para eliminar um (e apenas 01!) vício são necessários 10 anos, pelo menos.
Quer aprender e conhecer para ampliar o conhecimento? Que bom. Vamos lá.
Mas, quer "ensinar"??? Por quê? Para angariar alunos?
Aí já é maldade.
É preocupante...