Tag todos Retornar para últimas postagens
"NA FORÇA DO SOL"
"NA FOLHA QUE CAI"
"BRILHO DO SAMURAI"
- Izumida, Unidade Ana Rosa-SP
"Estava na segunda turma para lutar com o Sensei. Quando houve a mudança para a nossa turma, já estava cansado, e me dei conta que eu era um dos últimos da fila. Pensei que não ia ter forças para a luta com o Sensei. Sim cheguei sem forças, mas saí vencedor da luta."
-Oguri, Unidade São Paulo
"Treinar, treinar e treinar..., fazer aquilo e da maneira que o Sensei falou,
repetir várias vezes para não repetir o mesmo erro e, no final, revigorar as energias."
- Fernanda Muxfeldt, unidade Rio de Janeiro
Neste mundial de kendo, o Brasil perdeu por 4 a 1 para os Estados Unidos.
Na minha época, perder para os Estados Unidos, nem imaginar!
Agora, perder por 4 a 1.
Me desculpe, mas de "lavada" assim, não há motivos para festejar.
Estou decepcionado.
"Foram 3 dias de um Gashuku* que eu nunca esquecerei, os 'gokui' do Niten Ichi Ryu, o treino de bogu* no sábado com o Sensei e o birudo*"
"Em tudo isso fomos vencedores!"
- aluno Pedra, da Unidade Rio de Janeiro
Hoje às vésperas do nosso Gashuku de inverno, trago o relato da aluna Suzuki, da universidade Kokushikan do Japão publicada na revista Kendo Nippon deste mês sobre sua vinda ao Niten neste ano:
Samurais do Brasil
Satomi Suzuki, 3º. Ano de Literatura da Universidade Kokushikan – Campus Tsurukawa (originária do Colégio Azumi – Província da Fukushima).
Neste shugyo no Brasil cada um dos alunos manteve a alta motivação desde apresentação no “Dia do Samurai” como em todas as atividades realizadas em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, além de Buenos Aires, na Argentina. Acredito que foi realizado um intercâmbio no sentido mais amplo, não somente de Kendo, mas sim de comunicação com pessoas de idiomas diferentes aprimorando trocas culturais através da espada, isto dentro do enorme país chamado Brasil.
No “Dia do Samurai” realizamos apresentações de Babaha Ittoryu Kumidachi, Hiryuken, Nito Kata, Koranken mais Keikos de Kihon. Apesar de não estarmos acostumados ao local, acredito que conseguimos o melhor em demonstrar os ensinamentos do Sensei Baba. Por outro lado, consegui ver na apresentação do lado brasileiro modalidades que não estamos estudando como Jitte, Kusarigama, Jojutsu, Iaijutsu, Kenjutsu, Kumidachi, Niten Ichiryu, Kodachi, Naginata e outras e pudemos evidenciar que ali está presente o Buguei Juuhappann (18 modalidades de artes marciais) o qual o verdadeiro samurai precisa conhecer. Era emocionante ver alunos brasileiros que se comoviam a ponto de chorar ao ver as apresentações.
Nos shiais e treinos em conjunto com pessoal do Niten, conheci técnicas na qual parecia estar lutando com espada real, além de muitos golpes firmes de kenjutsu, na qual era muito difícil saber como fazer para enfrentar. Além de chudan* e jodan*, eles usavam guedan*, hasso*, wakigamae* e além de itto* e nito* havia kodachi*, naguinata* e kusarigama*, de forma desenvolvida livremente a partir de treinos de kodachi. Como só tenho experiência de chudan no treino com bogu*, quase que fui dominado pelo estilo deles, mas o treino de “Wazamae” do Babaha Ittoryu ajudou a enfrentar os brasileiros.
Comparando kendo do Brasil e Japão, os brasileiros possuem capacidade física superior aos japoneses, treinando diariamente nos dojos com chão de asfalto ou até nas praias, assim possuindo base (ashi-koshi) bastante desenvolvido. Para enfrentar oponente com maior força, tentei lutar kendo com maior suavidade. Os brasileiros respeitavam muito o Dojô, realizando com cuidado Rei de entrada e saída além da limpeza.
Além dos treinos do dia a dia, foram oferecidas muitas atividades de lazer. Montar a cavalo foi o mais impressionante para mim. O dono da fazenda que é descendente do bandeirantes explicou fatos históricos como desbravamento de planaltos e lutas com índios, defesa dos portugueses contra espanhóis, a introdução de cana-de açúcar há 400 anos atrás e ciclo de café nos anos de 1800. O cavalo que montei era manso mas muito grande, queria parar toda hora e ficar comendo gramas. Só de estar sentado fiquei com dor. Fico impressionada com os samurais tinham o preparo físico para aguentar o peso da armadura e da espada e galopar simultanemente durante as batalhas. Eu mesmo tinha muito medo de descer uma ladeira bem suave, nem consigo penar em Yoshitsune descendo precipício abaixo durante a batalha.
*chudan = postura da água, com a espada apontada ao adversário
*jodan = postura do fogo, com a espada apontada para o céu
*gedan = postura da terra, coma a espada apontada para terra
*hasso = postura da árvore, com a espada ao lado do ombro
*wakigamae = postura com a espada aos flancos
*itto = técnica com uma espada maior
*nito = técnica com duas espadas
*kodachi = técnica com a espada menor
*naginata = alabarda, lança com lamina curva na ponta
*kusarigama = foice e corrente
*bogu = equipamento de proteção para os treinos
"Um workshop de detalhes e convivência
Baixada a poeira da vinda do Sempai Renault, a vida vai voltando ao normal, com sua rotina e afazeres. Mas é impossível não notar uma diferença sutil na minha forma de enxergar o dia-a-dia depois desta visita. Diferença nas pequenas coisas que quase ninguém percebe, mas que de repente passam a saltar aos olhos.
Para mim, este foi um workshop de detalhes. Desde as minúcias nos katas do Niten Ichi Ryu até as maneiras corretas de se portar de acordo com os katas do Bushido: se preocupar em estar sempre presente para ajudar sem se fazer incômodo,saber ouvir (muito importante!).
Detalhes que passam despercebidos por olhares menos atentos: um movimento mínimo do kata ou a forma certa de servir um copo. Coisas que poderiam gerar um comentário do tipo: “Mas que diferença faz, se é assim ou assado?!” A diferença é exatamente a mesma entre o certo e o errado! Às vezes, na correria da vida, nos esquecemos da relevância dos detalhes, mas isso é impensável para um samurai. Detalhes nos fazem viver ou morrer, sermos promovidos ou perdermos o emprego.
E como aprender os detalhes? Eu li no Café com o Sensei que a forma mais eficaz de aprendizado é a convivência, e para mim, especialmente, este foi um workshop de aprendizado pela convivência. Tive a honra de poder acolher o Sempai Renault em minha casa durante o fim de semana do evento, o que para mim foi um treino tão valioso quanto o workshop de Niten Ichi Ryu em si. Meu treinamento em katas do Bushido foi de 24 horas por dia, desde a sexta de tarde, quando levamos o Sempai para conhecer alguns dos pontos turísticos de Salvador, até o jantar no Sábado, e a cerveja logo depois, quando tive o privilégio de ter uma daquelas conversas de valor inestimável, de sentar e ouvir alguém que sabe muito mais do que eu.
Quanto à parte técnica do treinamento em Niten Ichi Ryu? Bem, foram 11 horas de treino repetindo exaustivamente os katas, e no final de tudo, todos ainda estavam muito empolgados! Dava para ver na cara de cada um dos meus colegas a alegria em estar ali! E no final, cada dupla fez uma breve exibição livre de dois katas, para a turma. TODOS melhoraram muito! Me arrisco a dizer que evoluímos meses em um final de semana. Eu finalmente consegui aprender os dois últimos katas de espada longa, e pegar detalhes – sim, eles novamente – que estavam faltando nos demais. Agora é treinar duro pra consolidar o conhecimento!
O que eu aprendi com o Sempai Renault nestes três dias não pode ser ensinado em livros, nem em uma palestra de uma hora e meia. É preciso conviver, aprender através do exemplo, errar e ser corrigido até fazer certo, observar quem sabe mais do que você.
Nestes dias, eu entendi que conhecimento pode ser adquirido de diversas formas, mas os detalhes só podem ser aprendidos através da convivência. E no final, são eles que vão fazer a diferença.
Domo arigato gozaimashita Sensei, por mover montanhas para nos trazer o Bushido através da convivência, nos fazendo pessoas melhores!
Domo arigato gozaimashita Sempai Renault, por três dias de imersão nos katas do Bushido, dos quais nunca me esquecerei!
Domo arigato gozaimashita Sempai Édio, por ser minha referência e convivência constante com o Caminho!
A.T."
Contato com o espírito de Bushido* no Brasil
Mushashugyo* dos membros do Campus Tsurukawa da Universidade Kokushikan
Membros do campus Tsurukawa de Universidade Kokushikan viajaram para o Brasil durante os dias 20 de abril a 6 de maio numa programação de 17 dias e 16 noites. O Diretor do Departamento de kendo do Campus, Sr. Kinji Baba recebeu o convite por parte do Sr.Jorge Kishikawa do Brasil, pela amizade de muitos anos.
O Sr. Kishikawa é fundador do Instituto Cultural Niten. Os estudantes sentiram no Brasil o espírito de Bushido* dos praticantes de kenjutsu do Brasil.
O Sr.Kinji Baba é um dos professores que mais vem se esforçando em transmitir a Virtude (Toku) no dia-a-dia da educação escolar. Preza muito os passos e procedimentos tradicionais e no treino está introduzindo Katas de Koryu* e Kumidachi* utilizando Bokuto*. Vem tentando reviver espírito de samurais antigos, tomando como tema “conciliando a tradição com a modernização” e assim visando a formação de indivíduos que possam viver melhor nos tempos atuais.
*Bushido = código de ética, filosofia dos samurais
*mushashugyo = os samurais faziam peregrinação em busca de treinamentos a fim de buscar a excelência e a iluminação espiritual na técnica da espada
*koryu = estilos antigos
*kumidachi = treino de sequências pré-estabelecidas
*bokuto = espada de madeira utilizada nos treinos de kenjutsu, na época dos samurais
Mestre Baba tem tecido elogios aos alunos aqui do Niten (KendoNippon e mestre Baba 1) e eu, em minha humildade, nunca tinha aceitado nem percebido a veracidade do Niten ser referência no Bushido. Referência de valores. Em nenhum momento me convenci plenamente disso. Sempre pensando comigo mesmo:
- Esses ocidentais... não entendem nada do Bushido. Ainda precisamos melhorar muito...
Mas, hoje, mudei de idéia.
E é com sinceridade que vou lhe abrir o que sinto em relação a isto.
Ocorreu aqui um problema. Um mal entendido. Ocidentais que se emburreceram com a atitude (ou as palavras) do mestre.
Não cabe aqui contar os pormenores (deixemos para o Gashuku* ou num birudo*), mas o fato é que em todos os momentos, desde o incidente até o final do desenrolar dos fatos, faltou-lhes o Bushido básico que os nossos alunos tem.
É nos momentos de crise, e de insatisfação do ego do praticante, que vem a tona a verdadeira intenção do praticante em seu Caminho. A maioria "chuta o balde". Perdem a compostura.
Foi neste momento que me caiu a ficha:
- De que adianta ser campeão disso ou aquilo ou que treina há vinte ou trinta anos ou se é graduado ou multigraduado, se não sabe nem modo de se portar no Caminho? Como faz falta alguém orientar estes pobres ignorantes!
No fim, a pedido de meu mestre, tive que orientá-los.
Acredito que você esteja curioso para saber, mas este tipo de conversa é inconveniente aqui e deixarei para quando sentarmos com mais calma. Talvez nos Momentos de Ouro.*
Por final, sinto que mestre Baba tinha razão.
Nossos alunos podem não ser referencia no Bushido, mas estão muito mais a frente do que a grande maioria.
Esses meus ocidentais me deram um ippon*...
Maita*.
*Gashuku = treinamento intensivo
*Birudo = termo que os alunos aqui do Niten carinhosamente apelidaram os momentos de beber cerveja comigo
*Momentos de Ouro = parte filosofica da aula
*ippon = um golpe certeiro.
*Maita = fui vencido
Fui convidado a assistir um torneio regional de iaido que ocorreu no domingo passado. Estava sendo aguardada a presença de mestres de renome e de grandes feras.
Aceitei o convite visto que, de certa maneira, estava impossibilitado de dar curso a outros afazeres.
No entanto, dois dias antes, ou seja, na sexta, meu mestre alterou o programado e me perguntou se eu teria intenção de treinar no domingo.
Apesar de já ter me programado para ir ao torneio (tinha comprado até passagens de trem!) e que não há duvidas de que teria sido um grande espetáculo assistir ao torneio, não titubeei.
- Hai! - respondi no raio de um segundo.
Neste dia, aprendi muuuito, o que não teria sido possível se eu tivesse optado por ir ao torneio.
Espetáculos não nos fazem campeões.
Neste dia, EU fui o campeão.
Estar ao lado do mestre: a certeza de ser o campeão. desenho: Bruno D'Angelo