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"Sensei, escrevo hoje por um motivo pouco usual. Durante o almoço, vi a luta de karatê entre um brasileiro e um lutador dominicano, e fiquei assustado. Os dois pareciam sapos, pulando e tentando afagar as mãos uns dos outros, quase que buscando apalpar o maai.
Nada de postura firme, de pés com peso igualmente equilibrado, parecia quase que uma danceteria.
Não sei se o Sensei viu. Espero que não. Fiquei muito triste de ver uma arte marcial secular transformada em pulos e tentativas desesperadas de afago. Nada de postura, de kiai, de estratégia. Tanto assim que nenhum dos dois lutadores fez pontos, apenas faltas por excesso de violência, e a luta foi definida assim, por quem fez mais faltas."
Como não estive lá, não posso dizer nada.
Mas arrisco a dizer algumas palavras:
Uma possibilidade é a de que os lutadores fossem principiantes;
ou que o karate esteja passando por uma transformação, por um processo de mudança;
ou até que, o que meu caro aluno viu, pareceu-lhe verde, mas, na realidade, era amarelo.
De qualquer maneira, definir a luta por quem faz mais faltas está mais perto de ser futebol.
- Yaa!
- Too!
- Eei!
- Too!
E os katas* fluíam normalmente. Com precisão, impacto e velocidade.
Já havia 1 hora e tudo ia bem, quando ouviu-se vozes do outro lado da porta. Não se podia ver quem era.
De repente, o jo*, o bastão mágico, que até então se movia sem nenhum deslize, escorre-lhe das mãos e :
- Plaft! - cai no chão.
- É o espirito - falei, apontando o indicador direito no meu coração.
Ele riu. Não entendeu.
- Olhe lá! - apontei para a porta.
Estava A sua ex-namorada e bem mal humorada. Acerto de contas, provavelmente. E foi aí que ele se deu conta da presença.
- Ah! Entendi - riu de si mesmo. # ( Kuden - 13 junho )
Um bom fim de semana!
Voltamos do 1o Encontro Sul Americano Niten de Kobudo, realizado na terra do tango, Buenos Aires.
E desta vez, pela primeira vez, tive la oportunidad de conhecer o povo e seus costumes.
Estação de Retiro, com sua arquitectura londrina (ou parisiense para alguns), donde após a abolição da escravidão, os ex-escravos se retiravam;
Recolleta, un bairro muy famoso por su modernidad e donde los padres se recolhiam;
Puerto Madero, el puerto que tiene una vista deslumbrante ao por do sol, onde el metro quadrado custa US$ 6000!;
El Caminito, donde se encontran las mas variedad de casas coloridas; las tintas eran sobra do que pintavam los navios e estaleiros;
La Boca, donde pudemos conocer una feira com variedad de artigos de toda la Argentina e suas culturas: desde el Chaco atá la Patagonia.
Chorizo argentino, vinho argentino. Hummm.... fue demas.
Domingo, yo, que nunca tive interese en tango, cierro con la chave de oro num dos mas lindos entardeceres de minha vida, e que no pudo contener de emoción:
Tiro o meu chapéu a la danza de la carne e de los desejos, el tango, e a Argentina,
Ahora, minha terra querida!
Buenos Aires - Treinamento de Jojutsu
Aires, em katakana
(Airessu)
"O seu desejo pode ser a isca para uma armadilha"
Que frase inspiradora para o café de hoje...
Vamos refletir?
Ao sentar-me no escritório hoje pela manhã, me deparo com a seguinte notícia:
"Estudantes de escolas públicas e particulares arrumaram uma estranha diversão: agendam brigas de rua pela internet e depois, orgulhosos colocam os vídeos na rede."
Por outro lado, acontece que nos dias atuais o sistema de ensino obriga estes mesmos estudantes a fazer, aos 17 anos, opções para as suas vidas todas.
Estes estudantes, que não sabem o que querem, e muito menos o que o mercado vai querer, ficam perdendo tempo e, é claro, o dinheiro suado dos pais.
Daqui a pouco, num piscar de olhos (isto é, se não morrerem até lá), amargarão porque não fizeram o que tinham que fazer antes dos 17.
Com licença...
Após mais de 20 dias do Torneio Brasileiro em Ibiúna ( 15 out - Memórias do Torneio ) tive o prazer de abrir o meu primeiro dentre os 31 emails do dia de hoje.
Foi enviado por uma aluna que esteve lá durante os 3 dias de convivência e saiu vencedora do melhor troféu:
"Estou no Niten há aproximadamente um ano e meio e pra mim a etiqueta japonesa e o bushido são os mais difíceis de assimilar e são praticamente a essência do Niten. Eu acreditava, por exemplo, que o ato de servir era algo simples, fácil de ser executado, mas quando passei pela experiência de servir alguém, percebi que não era nada simples. Quando se serve alguém é preciso esquecer de si mesmo, esquecer o “eu”, o mais importante no momento é o outro, é preciso estar atento a tudo, executar imediatamente o que foi pedido e com o máximo de eficiência. E isso só é possível quando há humildade. Pessoas arrogantes não sabem servir. Inicialmente, quando senti a dificuldade em servir me empenhei em combater o ego, em ser mais útil, em antecipar situações, perceber o que era necessário ser feito antes que alguém pedisse. Acho que o fato de terem me citado no relatório é um indício de que consegui trabalhar um pouquinho mais a humildade dentro de mim. Fiquei feliz, estou no caminho certo."
O que acontece é que muitos colegas estão "brincando" de ser samurais, quando na verdade continuam arrogantes e sem humildade.
Só falam o Hai alto. Só se mostram solícitos na aparência. Mas por dentro, não têm o mínimo sentimento de se dar. De servir.
Estou contente em ver que a minha aluna conseguiu o melhor troféu - o de retratar de uma forma clara e simples o que é: servir.
Estou feliz em saber que ela teve, nem que breve, um lampejo de iluminação, onde palavras nunca alcançarão
Espero que não, mas, infelizmente, muitos nunca terão a percepção de compreender...
tsukaeru = servir
É com saudosismo que lembro os primeiros dias da Unidade Rio de Janeiro.
Vou pular alguns capítulos da história e vou falar a você quando já chegamos na Unidade Ipanema. Academia de karate do meu caro colega e respeitável sensei Inoki de karate shotokan. Estivemos lá e fomos bem acolhidos também pelo professor Paulo Goes.
O local, impecável na limpeza, com espelhos e assoalho de madeira, era o ideal para a prática. Principalmente de iaijutsu.
O único empecilho era o teto, que na sua maior extensão, era baixo.
Não vacilamos.
Cortamos as espadas de bambu.
Os alunos que iniciaram os treinos lá chegaram a utilizar espadas de bambu para crianças e os mais altos até as espadas curtas.
Quem diria, hein?