Tag todos Retornar para últimas postagens
Disse que o kuden ( # # # # - 13 de junho ) é geralmente transmitido nos momentos mais exclusivos com o mestre.
No jogo da velha # existe um conceito que tem sua aplicação no nosso Caminho da Espada:
"Se os dois jogadores jogarem sempre da melhor forma, o jogo terminará sempre em empate. A lógica do jogo é muito simples, de modo que não é difícil deduzir ou decorar todas as possibilidades para efetuar a melhor jogada. Por esse motivo, é muito comum que o jogo empate (ou dê velha)."
"A lógica do jogo é muito simples, ..."
Se mestre transmite kuden, obviamente está dando o melhor de si. É a melhor forma.
Se discípulo não recebe de maneira sincera, não está dando o melhor de si. É a pior forma.
Haverá perda.
De confiança e de tempo.
Não haverá empate.
Alguns tem me perguntado se existem diferenças entre o iaido e iaijutsu como no caso de kendo e kenjutsu ( 11 de junho - Diferença 1, Calcanhar ).
Iaijutsu é o nome designado as técnicas que os samurais executavam e treinavam para desembainhar com rapidez, contragolpear com eficácia nas mais variadas situações. Sentado, em pé, andando, correndo, pulando ou seja como for.
Durante o período Edo (1604 a 1868), a prática de iaijutsu acaba levando também o sufixo Do*. Ou seja, as técnicas do iaijutsu continuaram a ser praticadas, como Iaido pelos samurais, mesmo em períodos de paz.
O que existem, na verdade, são as várias escolas de iai que levam o sufixo Do ou Jutsu no final. Há de notar que as que surgiram até o findar do período Edo (1868) são consideradas Kobudô*.
Há também seqüências elaboradas após a 2a Guerra (12 seqüências) denominadas Seitei iai. Digo elaboradas, pois foram simplificadas a partir de alguns estilos para que os professores de kendo, na época, pudessem ter um contato com a espada de aço, a katana, em suas apesentações, principalmente. Ocorria que os mestres e professores, por treinarem exclusivamente com a espada de bambu e protetores, ao fazerem apresentações em público de kendo kata*, fracassavam no início e no final, mostrando dificuldade em desembainhar e embainhar as katanas, motivo pelo qual foi proposto o projeto.
No entanto, não vingou. Ou seja, nem professores nem alunos foram motivados a praticar. # ( Kuden - 13 junho ). É possivel constatar isto vendo-se a proporção existente entre os praticantes de kendo e os de iaido, que é infinitamente maior. (talvez 1000 para 1)
Pratiquei durante décadas o Seitei com o grande mestre dos mestres, Haga Tadatoshi e outros . Atualmente, no Niten, dou ênfase as escolas que nasceram no período feudal, retornando às origens da espada: a guerra.
São técnicas de iai (iaijutsu) focalizados no aprimoramento espiritual (iaido).
Iaijutsu na técnica e iaido no espírito.
Ou seja, não existe diferença.
O que existe é o iai.
-#. O que é isto?- me perguntaram.
O # , que eu falei no Café de segunda ( 11 de junho - Diferença 1, Calcanhar ), conhecido por todos mais pelo símbolo do jogo da velha, indica tambem no nosso Cafe, o kuden*
Na época dos samurais e ainda hoje nos Caminhos, existe o kuden. No Caminho da Espada, do Ikebana*, do Chá, da Pintura e todos os outros.
Os ensinamentos kuden eram o resultado de décadas de pesquisa que os antecessores descobriam no decorrer da prática e passavam aos seus discípulos, muitas vezes ao redor da fogueira conversando, tomando um chá ou enquanto caminhavam por um jardim japonês para apreciar as flores das cerejeiras.
O discípulo só ouve, nada pergunta e tenta compreender. Com a prática, as palavras do mestre desabam sobre sua mente e ele, de repente, compreende o segredo.
No Caminho da Espada, o kuden era praticamente a sobrevivência do feudo. O segredo não podia ser passado para qualquer um. Pois espiões camuflados (ninja) ou não, poderiam "roubar" as técnicas e levá-las para o lado inimigo.
Ainda nos dias de hoje existem espiões. Vêm a toda hora em nosso dojo*.
É por isto que ainda hoje em dia, no Japão, existem estilos tradicionais da Espada que não permitem nem aos próprios alunos assistir aos treinos dos mais graduados.
- Bem, mas o que o kuden tem a ver o # ? - você me diria.
Quero lhe dizer que quando, nestes nossos Cafés, eu demarcar o #, falarei a você em kuden.
Quem sabe, após o treinamento, nos Momentos de Ouro ou enquanto andamos no parque com a brisa do outono...
Dia dos Namorados...
O que você vai dar hoje para o seu queridinho? Ou para a sua namorada?
Uma roupa de griffe, um perfume? Vão jantar juntos a luz de velas? Que bom.
É o Amor. E para exprimir o Amor, cito o célebre "Amor é fogo que arde sem se ver", e quero que você leia linha por linha, com atenção:
Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? |
Pois é, estamos falando de um dos maiores inimigos e empecilhos do Caminho! O Amor!!!
Por isto, escolha bem o seu parceiro, a sua namorada, que senão você morre. Tempo perdido, vidas perdidas.
E se você quer dar um bom presente, de coração mesmo, dê um presente original:
Dê "Tempo" - Para você e para ele(a).
Feliz. Mas um feliz mesmo,
Dia dos Namorados...
koi: amor, paixão
A partir de hoje colocarei aleatoriamente as diferenças existentes entre o kenjutsu e o kendo na parte técnica, tendo como objetivo clarear a definição que algumas vezes tem confundido aqueles que buscam o treinamento com a espada japonesa.
Está escrito no Livro dos Cinco Anéis de Miyamoto Musashi ( Livro dos Cinco Anéis - 19 de abril ), no pergaminho da Água, pág 62:
"Concentre o peso nos calcanhares e deixe leve as pontas dos pés......"
Ou seja, não fazer o inverso: apoiar-se sobre a ponta dos pés e levantar o calcanhar. Quando iniciei a prática do kendo, fazia o inverso: levantava o calcanhar para ganhar impulsão e pular para acertar o adversário. E como pulava!
Ao estudar os vários estilos antigos, vi que em todos os katas o calcanhar se mantinha firme, no chão, em toda a sua execução #.
Na época de Musashi sensei, ganhar impulsão para pular em cima do adversário com uma katana* não fazia muito sentido...
Na realidade, praticando como Musashi sensei cita acima, estamos mais próximos de compreender o manuseio da katana, a espada verdadeira.
Falei em Despertar ( Despertei - 31 de maio ).
Em japonês se fala mesameru.
"Me ga sameru."*
Apesar da foto sugerir o despertar como uma iluminação do Caminho, ou seja o satori*, quis dizer que não foi só uma descoberta, mas acordar de uma ilusão.
Espero que você também tenha a mesma sorte.
Antes tarde do que nunca.
*Mega sameru: me= olhos; ga=os, sameru=despertar
*satori= iluminação espiritual
sameru
Estive dando uma arrumada no porão da antiga casa onde morava e encontrei inúmeros troféis, medalhas e diplomas.
Só as medalhas enchiam uma caixa de maca.
Todas elas remetiam a uma guerra vivida no passado.
Mas nenhuma delas se compara a estas do meu aluno do Rio de Janeiro:
".......Embora não tenha ido ao Torneio ( Torneio Brasileiro em Brasília - 02 de maio ) atrás de medalhas, posso afirmar que somente em ter colocado os pés noDojo* ganhei 3 medalhas de ouro. Não! Não foram nas competições em que participei. Foram em vitórias pessoais, que para mim tiveram muito mais representação do que qualquer medalha que eu viesse a ganhar. A primeira foi ter ido participar do Torneio, estar fazendo algo que há muito eu não fazia, algo que era exclusivamente para mim, não sendo para trabalho ou para um outro motivo. Pode parecer egoísmo, mas você precisa fazer alguma coisa só, e só para você. Isto para poder fazer melhor o que tiver que fazer para sua família e para os outros. A segunda foi, nos menos de 4 meses que entrei no Niten, ter perdido 14 kg. E ao perder este peso, recuperei boa parte da minha auto-estima e auto-confiança. Sei que posso perder mais alguns quilos, e melhorar meu condicionamento físico, podendo fazer bem melhor minhas outras atividades. A terceira foi ter podido conhecer tantos companheiros de espada e ter podido treinar com tantos e principalmente com o Sensei. Finalizando, só me resta agradecer fortemente aos companheiros de treinos e aos Sempais que nunca me deixa esmorecer e a cada treino me dão forças para continuar, mesmo no final de minhas capacidades. Domo Arigato Gozaimashita!" |
Vou continuar formando campeões!
Hoje a temperatura aqui em SP amanheceu em 7 graus.
Lembrei-me do Shinto Mekyaku.
E foi sobre isto que falei neste fim de semana no Rio de Janeiro, que por sinal também estava com os seus 18 graus, situação atípica para a maior parte das vezes que vou lá. Tanto no iai, jo ou kenjutsu o objetivo é vencer o inimigo em comum: a si mesmo.
Mas o que quero lhe falar é que neste fim de semana, em particular, fiquei muito contente em ver todos do Rio com o zekken*, o que me possibilitou conhecer os meus alunos. Um por um.
Estou extremamente contente em ver que os coordenadores do Rio fazem o melhor pelos seus alunos.
Agora, deixe-me tomar o meu ciocolatta neste frio...
*zekken= tarja de identificacao do nome
OBS: a escrita em katakaná ao lado destaca-se da convencionalmente adotada com o uso do katakaná ( ri, com leitura fonética = /ri/ ). Adotamos o kataná ( hi, com leitura fonética = /Ri/ ) por guardar maior proximidade na pronúncia.
JAPONÊS: Rio de Janeiro (em katakana, da direita para a esquerda e de cima para baixo)
Desde que parte da minha vida fora influenciada no meio militar, não poderia de mencionar a você que, hoje, dia 01 de junho, comemoramos o dia de Luís Alves de Lima e Silva.
Para quem não se lembra, falo do Patrono do Exército Brasileiro - Duque de Caxias.
O nosso café não me possibilita estender em toda a sua biografia, mas os documentos comprovam que ele, de fato, participou de muitas guerras, vencendo-as com bravura e estratégia.
O que mais me admira entre os seus inúmeros feitos ou passagens é esta: a atitude em relação a como deveria ser conduzido o seu féretro*:
" sem pompa, dispensa de honras militares; conduzido por seis soldados da guarnição da Corte, dos mais antigos e de bom comportamento, aos quais deveria ser dada a quantia de trinta cruzeiros (cujos nomes foram imortalizados em pedestal de seu busto em passadiço do Conjunto Principal antigo da Academia Militar das Agulhas Negras); o enterro custeado pela Irmandade da Cruz dos Militares; seu corpo não embalsamado."
e que vejo semelhança com o que escrevi no Shin Hagakure (pag 113):
"Não deixar objetos de valor na mão de quem não é bushido
No Niten, deixo os meus pertences com um samurai"
Ser conduzido por seis soldados rasos, antigos e de bom comportamento...
Antes que Patrono, antes que Duque, comemorarei o Guerreiro de Caxias.
Muitos me perguntam por que "abandonei" o kendo* e comecei o kenjutsu*.
Não "abandonei" o kendo. Bem como pratico e ensino também a todos os alunos do Niten. Todos passam pelo aprendizado de kendo e depois se aprofundam em técnicas de kenjutsu.
É por isto que vou te contar um episódio interessante:
Devia ter seus 60 anos, média estatura e de porte magro. Parecia um daqueles do filme Os 7 Samurais. O mais magrinho e que falava pouco no filme, não me lembro do nome...
Bem, já fui disparando o meu golpe, indefensável naquela época, o men* veloz como um desses saques de tênis que o adversário não consegue rebater. Também os tsuki* como uma flecha. E nada. Não acertei. Tentei mais uma, duas, parti para outras técnicas e nada. E eu não conseguia "pegar" ele. De jeito nenhum .Nem com uma, nem com duas espadas. O estilo dele era bem diferente em comparação ao que eu já havia conhecido até então. Ele andava. Não ficava só com o pé direito a frente.
A ponta de sua espada não estava voltada para o meu rosto. Estava desviada para o meu lado esquerdo, com a lâmina à vista.
Não levantava os braços frontalmente para se golpear o men, diferente do que se prega no kendo.
Sua atenção não estava focada na estética, na boa postura. Mas no combate.
Enfim, em inúmeros aspectos, era diferente.
Golpeava-me a toda hora em todos os pontos. Se defendia aqui, me acertava ali. Quando eu achava que iria acertar, me devolvia com um contragolpe que eu nunca tinha visto. Foi demais!
Realmente, foi um dos dias que me dei por vencido.
Fiquei sabendo mais tarde, que os jurados não favoreciam a sua aprovação no exame de graduação ao 8° dan de kendo, pela sua forma "diferente" de lutar.
É, e refletindo bem, entendi que ele não treinava para ser aprovado em exames e nem colecionar títulos.
Estou falando nada menos de um sokê* de Kobudô*.
Ele treinava para vencer.
Despertei.